Aviso: As partes em itálico são flahsbacks
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— Ele era meu único filho — A mãe da vítima contava entre lágrimas — Saía de madrugada para correr antes de ir até a loja. Eu disse a ele para não fazer isso com o assassino à solta, mas ele não me ouviu... — Ela chorou ainda mais, sem conseguir dar continuidade ao relato.
A dona da loja havia abraçado a outra mulher por muito tempo, desculpando-se por ter chegado tarde demais. Não houve julgamento, entretanto, e o único que a mãe culpava era o assassino.
— Peguem-no — a mulher pediu, quando conseguiu parar de chorar — Não deixe que façam isso com mais ninguém. Não esqueçam isso como esqueceram o caso dos incendiados — o rosto se contorceu mais um vez — Por favor...
O responsável pelo interrogatório garantiu que estavam trabalhando duro para isso e, em outra sala, Jooheon e Hyunwoo permaneciam imóveis e pensativos.
— O que é o caso dos incendiados? — Jooheon perguntou quando retornaram à sala pessoal do mais velho.
Diversos documentos estavam espalhados sobre a mesa, mas o Lee não conseguia se concentrar. Hyunwoo largou o papel que tinha em mãos e observou o menor, curioso, esperando sua resposta.
— É um caso antigo — Explicou — Aconteceu muito antes de eu me tornar policial na cidade. Houve um incêndio em um casarão afastado do centro. Próximo ao riacho e à entrada das minas inativas da cidade.
— E o que aconteceu?
— Parece que era uma família grande — devaneou com as coisas que lembrava do caso fechado — Seis filhos, eu acho. Mais o pai e a mãe. Um incêndio aconteceu e só se salvaram os pais e um dos filhos... Os outros...
Ele fez uma pausa, e Jooheon entendeu que ele esperava que completasse seus pensamentos por conta própria.
— Morreram?
— Sumiram — encarou o mais novo — Os corpos nunca foram encontrados. As investigações permaneceram por um tempo, mas a família decidiu partir e pouco tempo depois, todas as vítimas foram dadas como mortas e o caso foi encerrado.
Jooheon concordou com a cabeça, mas o vinco em suas sobrancelhas mostrava que ele não estava satisfeito com isso.
— Isso é injusto, não é? — questionou sem olhar para ele — Com os que ficaram. E se tivessem sobrevivido?
Hyunwoo olhou para baixo porque aquela era uma pergunta comum e ele não tinha uma resposta certa para consolá-lo.
— Nos resta fazer melhor dessa vez — Foi tudo que disse e Jooheon o olhou, concordando.
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Havia sangue por todo o banheiro e a mulher chorava copiosamente enquanto agarrava o terço nas mãos. Não conseguia olhar para o sanitário porque ali estava a prova de que havia falhado e tinha muito medo do que aquilo resultaria.
— Abra a porta — A voz masculina gritou do lado de fora e ela tremeu dos pés à cabeça.
Às lágrimas grossas ainda correndo pelo rosto e a dor fazendo difícil a tarefa de se colocar de pé. Ainda assim, sabia que seria pior se adiasse aquilo um minuto a mais e escorregou sobre o próprio rastro vermelho para destravar a porta e deixar o esposo entrar.
— O que aconteceu? — ele perguntou; a voz preocupada e irritada na mesma medida.
— Eu não sei — a mulher soluçou — Ele apenas saiu de mim. Está morto.
Ela sentiu vontade vomitar, mas segurou-se com bravura enquanto o esposo se aproximava do sanitário e via o resultado do aborto espontâneo da mulher.
Caiu sentado sobre o chão sujo e chorou também. Tanto que a mulher achou que eles apenas dividiram aquela tristeza juntos, sem pensar em mais nada.
Mas o olhar vermelho voltou-se para ela, vidrado e sem brilho algum. E ela sabia que tudo dentro dele havia morrido também.
— Estamos em pecado, meu bem — ele disse em voz baixa — Já que não obedecemos... Precisamos sacrificar.
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Haviam investigado muitas pessoas durante o decorrer daquela semana.
Além da dona da floricultura e a mãe do segundo jovem assassinado, abordaram também a família de ambas, buscando algum sinal de inimizade ou qualquer motivo que fizesse alguém ter cometido dois crimes seguidos — ou ao menos um deles, sendo a inspiração ou tendo inspirado o outro.
No entanto, nenhum dos dois rapazes tinham muitos amigos e os únicos que passaram perto de uma suspeita possuíam álibis comprovados.
Aquele caso estava mais difícil de se resolver do que nunca.
Tentavam procurar também algum significado nas cruzes entalhadas deixadas sobre os corpos das vítimas, mas as conclusões e achismos eram sempre voltadas a uma mesma linha que não facilitava nada.
— Vocês acham que existe alguma seita secreta na cidade? — Hansol, um dos policiais da delegacia, comentou — Não parece ser algo do tipo?
— E qual seria o objetivo da seita? — Hyunwoo perguntou, sem dar muita atenção.
— Eu não sei, mas não é estranho? Mataram dois homens, da mesma faixa etária, do mesmo jeito. Fizeram isso de forma inteligente e... Religiosa.
Jooheon permaneceu calado durante a conversa, embora aquilo não fosse típico dele. Hansol o encarou, como se esperasse que ele comprasse sua teoria e então teriam que sair por aí em busca de uma seita secreta naquela cidade minúscula.
— Vocês são religiosos? — o Lee perguntou, ao invés de dar continuidade à conversa anterior.
Hansol negou, mas Hyunwoo respondeu de forma generalizada.
— A cidade inteira é — deu de ombros — Acho que faz parte de tudo aqui.
Jooheon concordou lentamente com a cabeça e então Hyunwoo esperou que ele dissesse algo mais. Haviam diversas coisas sobre Jooheon que ele ainda não entendia, mas ainda não havia tido coragem de questionar nenhuma delas.
— Talvez devêssemos ir rezar, então.
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Não esquece o votinho <3
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Burned | ShowHeon
FanfictionUma onda de assassinatos leva o investigador Lee Jooheon a Mulbang-ul, na intenção de ajudar a polícia local a desvendar quem está por trás dos crimes. Ele só não esperava se envolver em um emaranhado de pistas que trazem à tona uma tragédia que mar...