Capítulo 05

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Aviso: As partes em itálico são flahsbacks

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Jooheon parecia distraído depois de saírem da paróquia.

O modo perturbado como estava agindo, mesmo depois de voltarem à delegacia, fez Hyunwoo questionar se estava tudo bem e se tinha percebido qualquer coisa suspeita.

— Nada, infelizmente — o Lee respondeu, suspirando — É só que... Esse lugar está me trazendo uma sensação estranha.

— Em que sentido?

— Parece que... tem alguma coisa escondida.

Hyunwoo o encarou por alguns segundos e então sorriu.

— Ainda bem que você é um investigador, então.

Jooheon sorriu de volta, relaxando os ombros e perguntando se o mais velho não queria comer alguma coisa. A resposta foi, obviamente, positiva e os dois seguiram para fora da delegacia, indo até a mesma pensão de sempre.

Embora o mais novo parecesse menos tenso do que antes, ainda tinha o olhar um tanto perdido e, por isso, Hyunwoo achou que uma dose de soju não faria mal. Afinal, a pressão de concluir aquele caso era grande uma vez que não parecia ser um caso isolado.

Uma nova vítima poderia surgir a qualquer momento.

— Você não gosta de religião? — o mais velho perguntou em dado momento.

— Não vejo nenhum problema em manter a fé — respondeu — Por que?

— Fiquei em dúvida... — remexeu a bebida no copo — Parecia respeitoso na paróquia, mas... Está tenso desde que saímos de lá.

— Está me investigando agora? — Jooheon indagou divertido e escorou-se na cadeira em seguida — Meus pais adotivos eram pessoas que mantinham a fé, então eu aprendi. Mas moramos distante da cidade por um longo tempo, então era difícil irmos à igreja.

Hyunwoo assentiu, absorvendo a informação.

— Então você foi adotado? — perguntou, bebendo um pouco mais.

— Sim... Quando criança — pensativo, Jooheon mordeu os lábios e olhou para o lado de fora — Eu não sei...

— Não sabe... — Hyunwoo quis saber a conclusão.

No entanto, Jooheon apenas crispou os lábios e negou com a cabeça.

— Nada... Não sei de nada.

Percebendo que a conversa estava indo para um lugar onde Jooheon não queria chegar, Hyunwoo retrocedeu. A conversa voltou às piadas ruins que o soju permitia que eles achassem engraçado e, desse modo, terminaram seu jantar.

— Você precisa de carona pra casa? — Hyunwoo perguntou quando estavam prestes a sair da pensão e o mais novo deu de ombros, assentindo.

— Acho que sim — respondeu, emendando em seguida — Você está bem pra dirigir?

— Estou porque as estradas estão vazias a essa hora. — Sorriu; estava apenas um pouco alterado, mas era difícil haver tráfego naquele horário.

— Vou confiar em você dessa vez, hyung.

Os dois entraram na viatura e, ao invés de irem em direção a delegacia, Hyunwoo perguntou onde Jooheon estava ficando desde que havia chegado à cidade. Passado o endereço do motel modesto, os dois seguiram o trajeto em silêncio até chagarem diante da construção bege.

— Descanse — Hyunwoo pediu, sabendo que aquele havia sido um dia cheio — Nós vamos conseguir algo mais amanhã.

Jooheon sorriu, soltando o cinto e lambeu os lábios enquanto se virava para o mais velho. Gostava do modo como ele parecia sério, mas também fazia questão de manter os ânimos calmos e se preocupava em cuidar dos que trabalhavam com ele.

Já havia reparado em sua liderança natural e tranquila durante aqueles dias e o olhar de Hyunwoo sobre si agora não tinha o peso do ego ferido que já havia visto tantas vezes. Sua juventude no cargo que tomava não o intimidava e ele, ainda assim, o tratava com cuidado e respeito.

— Obrigado, hyung — pediu, tocando a perna do outro homem de modo instintivo e natural e o mais velho não teve nenhuma reação a não ser morder os lábios e assentir, com um meio sorriso.

O Lee saiu do carro em seguida, acenando pela janela quando fechou a porta do veículo e observou Hyunwoo partir, ainda em frente ao prédio. Não saiu de sua posição até que o Son sumisse de vista da estrada.

— 🔥 —

A família estava reunida para o jantar.

O clima nunca foi ameno quando todos se juntavam daquela maneira, mas era necessário em todas as refeições porque aquele era um momento sagrado.

Naquele dia, no entanto, o ambiente estava ainda mais pesado. O olhar da mãe era baixo, vermelho e carregava olheiras profundas. Ainda estava fraca, tanto física quanto psicologicamente, e não ergueu a cabeça até que o esposo chamasse sua atenção e pedisse que ela fizesse uma oração pela refeição.

A voz era baixa e ela agradeceu com as mãos trêmulas juntas diante do peito. O marido, o único que parecia confortável diante daquele cenário, apenas olhou para os filhos e para a esposa, com grande orgulho.

— Não se entristeçam — pediu com a voz suave — O Senhor dá e ele também tem o poder de tirar.

As crianças à mesa poderiam suspirar aliviadas, mas a postura da mãe denunciava que seu discurso ainda não tinha acabado.

— Diante de tanto pecado, devemos nos lavar e oferecer a Deus um sacrifício com cheiro suave. O que temos de melhor.

Os olhos do pai voltaram-se ao filho mais novo e o garoto estremeceu. Um sorriso surgiu no rosto do patriarca e os ombros do menino se encolheram enquanto ele sentia o coração parar de bater. Em breve, aquela seria uma sensação real, ele sabia.

— Não tenha medo — disse, ainda sorrindo — Porque Deus ama aquele que dá com alegria.

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Pela manhã, o padre caminhou pelo jardim como fazia todos os dias. A paróquia ainda estava vazia e os primeiros fiéis chegariam apenas dali alguns minutos. Ele conhecia cada um, afinal, assim como sua rotina espiritual.

Um cheiro forte chamou sua atenção e o homem levou seus passos em direção ao mausoléu. Parou, alguns metros adiante do local e notou a mancha escarlate escapando do mármore dos degraus da frente. Enquanto caminhava de forma lenta até lá, desviando do líquido que escorria para fora da construção, ele rezava.

Porque o pecado havia invadido até mesmo o lugar de pura santidade.

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Burned | ShowHeonOnde histórias criam vida. Descubra agora