chaos + hs

(2) heather

06.00pm

chaos.

era o sentimento que harry deixava habitar dentro de mim, sempre deixou e mesmo que não fosse a causa disso agora - porque claramente eu ainda não o ter ultrapassado era a causa deste caos - ele ia ser sempre o motivo pelo qual uma vez o senti.

não estava à espera de o ver hoje - ou nos próximos dias ou meses ou anos - e não estava à espera de uma resposta tão inexistente do lado dele, pensava seriamente que ele ia ter mais reação ou qualquer outra reação sem ser ignorar que me viu.

se alguma vez pensei em como as coisas iam correr quando nos voltássemos a ver? não, não pensei mas também nunca mais queria pensar nele ou em nós ou em mim ou como eu era.

estava à espera dele ser agressivo - como era - de gritar - como gritava e de me fazer sentir pequena, mas ele estava só a olhar para mim e eu para ele - ambos tínhamos mudado estava a ver isso e ele também já o tinha percebido.

ele estava à espera de mim para dizer algo mas eu também estava à espera que ele dissesse alguma coisa, mas ninguém falou.

talvez um pedido de desculpas devia ter sido o que devia ter saído das nossas bocas e depois manter a distancia, assumir que estávamos ambos errados e que a vida tinha sido um colapso total à alguns meses atrás, que o momento em que as nossas vidas se cruzaram não era o suposto mesmo que fossemos o mais certo um para outro.

mas ele foi tão rápido.

e lá estávamos nós novamente.

os nossos perfumes juntos, as mãos dele em volta do meu corpo, o corpo dele sobreposto ao meu - num abraço tão frio que parecia que podíamos partir.

as minhas mãos caídas ao longo do meu corpo moveram-se para agarrar a t-shirt dele e ele ajustou os braços para agarrar a minha cabeça por trás e enterrar a minha cara no seu pescoço - a pele dele era tão suave - a mão que não estava firme na minha cabeça corria pelas minhas costas - e ficamos ali durante algum tempo.

a sua mão subiu para agarrar a mola que prendia o meu cabelo tirando-a fazendo o meu cabelo cair nas minhas costas e afastei-me - a mão firme dele atrás do meu pescoço não me deixava recuar mas também não queria.

os olhos deles vidrados num verde tão claro que pareciam falsos - o que estava ele a pensar? ele também estava a sentir o passado - o bom passado ou estava ele a pensar nos nossos últimos momentos?

a minha boca abre-se para falar não consigo pensar em nada para lhe dizer - o olhar dele cai nos meus lábios e solto a sua t-shirt - não podíamos era muito perigoso, nós juntos não ia funcionar, era mais perigoso para a minha mente ele ia levar-me novamente para o caos, que eu arduamente tentava evitar - ele ia ser conhecido e ia habitar a minha mente como se fosse dele e eu não ia conseguir tirar-me de lá e conseguir viver - sem ele.

a minha mente era um lugar caótico, que ambos já tínhamos experienciado - a dele conseguia ser pior e isso assustava-me mais do que não conseguir aguentar, sem me perder nele ou do toque dele ou da memória dele.

a mão dele em volta do meu pescoço, as mãos dele nas minhas coxas, a mão dele no meu cabelo -  podia perder-me tanto nele afundar-me em tanta coisa que por momentos gostava de ter corrido para bem longe dele quando consegui.

"harry..." as palavras saem de mim como um pedido - para ele se afastar de mim, para não me tocar para não fazer disto o que isto não é.

"diz" a voz dele soa baixo entre nós - levanto a minha mão para puxar o braço dele e sinto os dedos dele a sairem da minha pele, incapaz de lhe tocar nas mãos puxo a minha mola da mão dele e meto-a no bolso do meu casaco.

quando olho para ele, ele já está a olhar para mim e antes que possa dizer alguma coisa as os dedos frios dele tocam-me no queixo, os meus movimentos são rápidos levanto a cabeça para me afastar e recuo e ele avança.

"desculpa" consigo deixar sair dos meus lábios, não me deixo pensar um segundo antes de me desviar dele e começar a andar novamente.

"desculpa?" consigo ouvi-lo a questionar as minhas palavras, mas não quero pensar nele, nem na voz dele ou do toque ou no perfume - ele deixa-me presa dentro da uma versão de mim que eu não quero encontrar.

queria começar a correr, queria que as minhas pernas fossem mais rápidas ou mais altas queria desaparecer da cidade e não estar mais ali - impossível eu sabia disso mas naquele momento não queria nada mais que isso.

as minhas mãos voltam a prender o meu cabelo com a minha mola e componho a minha mala por cima do meu ombro, a minha respiração começa a acelerar a minha cabeça está a sem conseguir processar as coisas tão rapidamente como quero - paro -  consigo sentir a água nos meus olhos que travam a minha visão.

viro-me e olho para ele - o que ao meu corpo pareceu quilómetros foram apenas alguns metros e não estávamos assim tão longe - ele ainda estava no meio da estrada de t-shirt - a pele dele deve de estar fria, ele não gosta de frio.

olho para ele com atenção pela primeira vez hoje, o cabelo está curto - pergunto-me porquê silenciosamente e dou alguns passos na direção dele - com o sol quente das seis da tarde ele observa-me e os meus pensamentos voltam para o cabelo dele.

a sensação que conheço é a dos cabelos compridos dele espalhados pelas costas, pela almofada, presos no meu elástico, a voar à medida que ele avança - não que não lhe ficasse bem porque ficava mas eu não gostava - agora estava curto de lado ainda com algum comprimento no topo, mas curto.

o corpo dele parece mais musculado e largo, a t-shirt branca fica apertada por cima do seu peito consigo ver as tatuagens dele - existem mais espalhadas pelo braço e a borboleta no estomago dele faz-me lembrar na minha posicionada no mesmo sitio e a minha mão pousa por cima do meu estomago e consigo senti-lo mesmo estanto longe de mim,

ele dá alguns passos para se aproximar - queria desaparecer outra vez, harry era como um ponto fixo que eu preciso de voltar para me sentir bem para me sentir a mim como realmente sou. 

lembro-me perfeitamente do sentimento que correu dentro de mim quando me comecei a apaixonar por ele, era medo de que quando ele se fosse embora eu também me fosse com ele.

era eu saber que ia doer quando ele me deixasse. 

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