Como Escrever um Livro?

9 - Sinopse

Esse tema foi uma sugestão do Escritor545

A sinopse é o início de tudo, né? É algo que chama o leitor, o que nos leva ao nosso primeiro pré-conceito sobre toda a obra. Uma segunda primeira apresentação, porque a primeira, normalmente é a capa, mesmo que você não julgue um livro por ela, mas é o que vê primeiro, então...

Confesso que pra mim é um grande desafio, porque eu sempre falo e escrevo demais, a mulher tagarela que habita em mim sofre tanto pra montar uma sinopse que misericórdia.

Bom, primeiro temos que ter em mente uma coisa: a gente gosta de ler uma sinopse que não diz nada com nada? Aquelas que mesmo depois de ler o livro nos deixa com uma pulga atrás da orelha, tipo, sim, mas o que aquela sinopse tinha a ver com esse livro mesmo, ein?

Se a sua resposta for NÃO, então é exatamente disso que você tem que fugir. Não é necessário contar TODO o enredo, mas também não tem motivo pra fazer um negócio meio sem nexo pra não revelar nada, sabe?

Se a sua resposta for SIM, me manda mensagem explicando sua lógica, sem ironia, fico curiosa.

Vamos imaginar que o Wattpad é uma grande livraria, que nossos livros são físicos e que um leitor está entrando extremamente apressado, porque quer um livro pra ler durante uma viagem.

Esse leitor vai ter uma viagem meio longa e se conhece bem, sabe que não consegue dormir, então quer algo que o distraia, mas tem pouco tempo antes de ir para o aeroporto. Você acha que ele vai buscar um livro com uma sinopse gigantesca?

Você acha que ele vai correr o risco de se atrasar, analisando uma sinopse enorme, ou que ele vai pegar um livro que tenha uma menor, pra que possa pelo menos ter uma ideia do que vai encontrar ali?

Então.

Olha, sem surto, tô falando isso pra ter mais praticidade, se você quiser algo melhor, dá tudo certo também, o livro tem que agradar primeiramente o autor.

Li em algum lugar que é bom que as sinopses estejam em terceira pessoa, não vou dizer que DEVEM, porque o livro é seu e eu sei que algumas pessoas gostam de colocar alguma parte do livro lá, mas depois eu falo disso, ok?

É bom estar em terceira pessoa, porque o leitor vai ter acesso a obra de uma maneira geral, ao universo dela, ao que acontece ali por meio de OUTRA pessoa. É como uma fofoca. Alguém contando algo que está acontecendo ali.

Uma coisa importante pra quem escreve e fala muito como eu: cuidado para não revelar demais. As vezes a gente se empolga e já deixa o final do livro ali na cara, de mão beijada.

As vezes os livros são óbvios, tem VÁRIOS clichês que nós amamos simplesmente pelo fato de sabermos o fim de tudo, o desfecho, mas mesmo que a gente saiba, é chato saber o final de cara, a gente quer descobrir, quer ter aquela emoção, sabe? Mesmo sabendo que tudo vai dar certo, a gente quer ter medo de dar errado e vice e versa.

Tente ser objetivo, por exemplo, vou escrever um livro onde uma garota tem um segredo que mexe com ela, um GATILHO e tô no processo de criação da sinopse, vou mostrar duas opções e você vê qual fica melhor, ok?

1:
Ana sofreu muito na sua infância e adolescência, após passar por humilhações, abusos e uma quase morte, ela tenta esconder de todos o seu maior gatilho. Apesar de querer se dar uma nova chance, Ana sabe o quanto será julgada se, por obra do destino, Eduardo descobrir sobre o seu passado e julgá-la por algo que até ela ainda se culpa, mesmo sem ter tido opções. Será que uma gravidez indesejada e um aborto forçado podem acabar com as chances de um casal que precisa mais do que nunca de apoio um do outro?

2:
Traumas, gatilhos, pessoas indesejadas, atitudes impensadas, medos e receios. Tudo isso está sempre ao nosso lado, por menor que seja, e com Ana, não é diferente.
No início de um recomeço, ela se vê num dilema entre ser sincera com seu namorado e correr riscos, ou esconder e guardar tudo para si, adoecendo a sua alma a cada vez que ter que fingir não estar afetada quando um de seus gatilhos é citado perto dela.
Mentira e omissão ondulam a sua cabeça e o seu relacionamento. Será que juntos eles conseguirão superar todos os seus demônios?

Qual mais chamou a sua atenção? Você é dos leitores que gostam de saber de tudo ou de descobrir?

A sinopse é sobre o seu livro e exatamente por isso é sobre o que VOCÊ quer passar, porque se você não estiver satisfeito com aquilo, possivelmente vai acabar desanimando em algum momento e, acredite, é péssimo escrever somente pelos outros.

É bom você ter uma boa ideia do que vai acontecer, mesmo não tendo certeza sobre tudo, só pra garantir que não vai ter que mudar a sinopse com o decorrer da trama, porque pode ficar confuso.

Anote os pontos principais, o que está acontecendo no início, o que isso pode desencadear, deixe um questionamento ou afirme algo que irá acontecer, por exemplo, "uma história sobre aceitação e superação" pra dar aquele tchan no final, sabe?

Um ar de certeza sobre aquilo ou um de mistério, até tudo junto, eu, particularmente, acho ótimo.

Cuidado também pra não falar de menos, porque as vezes, na tentativa da praticidade, nós deixamos a desejar, tipo, "Essa é a história de uma mulher com muitos traumas, embarque nessa jornada comigo e descubra o que acontece", sabe?

Quem é essa mulher? Traumas pesados? Leves? Quem estará com ela? Onde isso acontece?

Tenha uma base da sua obra antes de escrever a sinopse, ou crie uma sinopse para, a partir dela, criar a obra, mas lembre-se que as duas coisas - o livro e a sinopse - precisam estar em sintonia. Precisam fazer sentido, se complementar.

Imagine só, você escrever determinada cena e alguém comentar algo como "isso estava implícito na sinopse, era o que eu vinha tentando descobrir!". A satisfação deve ser enorme, né? Um exemplo de quando a descrição do livro deixa uma pulga atrás da orelha e não é somente ignorada, como a de muitos livros que só é vista no início e tchau.

Acho que por hoje é só.

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