•005•

66 7 0
                                    

28/12/18 (quatro dias antes do ano novo)

Me sentei na mesa para tomar café da manhã, meu pai é o único que já acordou.

— Onde você anda indo? Todas as tardes você some

— Conheci um garoto

— Não

— Não o que?

— Não, não pode

— Em nenhum momento eu pedi permissão para nada

— Olha o respeito —Gritou— Você ainda é muito nova para namorar, nem terminou os estudos

— Mas eu não disse que estava namorando ninguém, eu só disse que conheci um garoto

— Para de tentar me contradizer Júlia —Gritou

— Para com isso pai, eu só disse que conheci um garoto, ele é amigo da Luna, eu nunca nem beijei ele, eu estou ajudando ele a fazer algumas coisas

— Então você virou prostituta?

— Qual a parte que eu nunca nem beijei ele você entendeu?

— Olha o respeito —Gritou com o dedo na minha cara— Na minha época não era fácil assim, eu tinha que trabalhar para conseguir as coisas, e eu não tinha ninguém para atrapalhar

— Você está atrapalhando eu conseguir as coisas

— Olha a porra do respeito Júlia —Segurei para não revirar os olhos— Você só vai aprender quando apanhar, isso é por que nunca apanhou de verdade

— Para de criar tempestade no copo d'água, em nenhum momento eu faltei com respeito ou falei que estava namorando, apenas falei que conheci um garoto e estou ajudando dele em algo, você que criou uma paranóia

— Que falta de respeito, se fosse a minha filha —Tia Lurdes saiu de Nárnia

— Você levaria para igreja, tentando afastar tudo de mal, sendo que o problema é você —Bufei

— Júlia, essa não foi a educação que eu te dei

— Que educação? Eu nem lembro de você na minha infância, se fosse a minha mãe falando isso tudo bem, mas você? Eu tenho uma lembrança ou outra de você na minha infância, você só aparecia quando a gente fazia algo que você não gostava tentando dar lição de moral

— O que aconteceu com você? Eu sabia que deixar você andar com aquela sua amiguinha não ia te fazer bem —Apontou o dedo no meu rosto novamente

— Leva ela para a igreja

— E vai resolver o que? Eu não estou me desviando de Deus por falar o óbvio —A campainha tocou— Já vai —Gritei indo até a porta

Assim que abri e vi quem está ali, neguei, não é o momento certo.

— Agora não Pedro

— Ah, então você é o garoto que minha filha falou hoje? —Por que senhor? Por que tanta humilhação em um dia só

— Então você anda falando de mim Julinha?

— Julinha, sério?

— Vou levar ela senhor —Pegou no meu braço

— Olha aqui, o ensino médio dela ainda nem é concluído, e eu não deixo ela namorar, ainda mais alguém como você —Falou com um certo nojo

— Em nenhum momento eu te ofendi e muito menos perguntei se o ensino médio dela é concluído ou se posso namorar com ela

O Garoto da praiaOnde histórias criam vida. Descubra agora