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30/12/18 (dois dias antes do ano novo)

Me sentei na cama e pensei seriamente em ligar para Luna, eu preciso conversar com alguém, sei que o Pedro está aqui, mas não é a mesma coisa, a Luna é minha amiga há anos.

— Liga para ela, eu vou sair, vou comprar alguma coisa para a gente comer, mas antes vou passar lá na casa que eles alugaram, qualquer coisa eu trago a Luna —Me deu um selinho e se levantou

— Obrigada

— Volta que horas?

— Antes do almoço, porém provavelmente a tarde Augusto vai aparecer, esteja preparada

— Sempre —Sorri beijando ele

Pedro saiu do quarto e eu sorri fraco. Liguei para Luna, dessa vez sem pensar muito.

— Sua desgraça, eu realmente comecei a ficar preocupada

— Oi Luninha

— Já até sentei, conta tudo

— 'Tá sozinha?

— Não, quer dizer 'tô, mas não 'tô

— Fala como gente Luna, pelo amor dos deuses

— Só tem eu e o cachorro na casa por que eu disse que não iria ir na praia por dor de cabeça

— Você 'tá bem?

— Óbvio, você sabe né, eu não aguento mais o Sol. Mas para de tentar me enrolar conta logo o que aconteceu, por que você sumiu? Conta

— Meu Deus Luna, calma eu vou te contar —Me deitei na cama novamente— Briguei com o meu pai, sai com o Pedro, voltei para casa e eu me senti culpada e sai de casa, fui para a casa de Pedro, transei com ele e agora estamos bem casal

— Ok, isso foi muito rápido, muita informação —Dei risada e ela ficou alguns segundos em silêncio— Vamos uma coisa de cada vez, por que você brigou com o seu pai? E por que não veio falar comigo?

— A briga com o meu pai foi por que ele 'tava curioso para saber onde eu estava indo toda tarde, e eu disse que conheci um garoto, ele surtou e começou a falar de respeito a cada vez que eu me defendia ou dava um argumento bom, depois o amigo que é o Pedro apareceu na porta e ele e meu pai meio que tiveram uma discussão e meu pai foi racista com o Pedro, você conhece meu pai

— Sim, ele acha que apenas pessoas brancas podem ter um trabalho digno

— Exatamente isso

— Continua contando amor

— Depois da briga meu pai me deu um tapa e Pedro veio com tudo me defender e depois a gente foi andar na praia, quando voltei estava todos me culpando por que iríamos embora por que eu estava namorando um traficante, eu surtei, peguei as minhas coisas e como o Pedro já imaginava o que ia acontecer estava me esperando na porta, eu fui para a casa dele, aí eu achei melhor não te falar nada, desculpa

— E como foi que você deu para ele? Você é só um neném

— 'Tava lá né, aí tropecei a cai na rola

— E eu tenho sete filhos né Júlia. Foi bom pelo menos?

— Ele é perfeito, ele foi delicado

— Não quero saber mais, cancela, mas pera aí, o Pedro tem uma casa?

— Tem mais coisa, Pedro vai aí, volta com ele

— Calma aí, eu vou ter que pensar por cinco horas, no mínimo, vou desligar, muita informação

O Garoto da praiaOnde histórias criam vida. Descubra agora