Capítulo 1 - O Assassinato

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Há muitos anos, sete indivíduos, unidos contra sua vontade, foram ligados por um destino que os manteve juntos por um longo período. Liberados dessas amarras e sem nenhum outro elo que os unisse, parecia que o mesmo destino havia se esquecido deles. No entanto, após um assassinato enigmático, os sete, outrora conhecidos como os Paladinos Celestiais, são forçados a se reunir novamente...     

🗡️      

          O imenso salão estava repleto de pessoas naquele momento. Os enormes candelabros iluminavam o ambiente daquele local, durante aquela noite gélida. Mulheres, com seus vestidos elegantes das grifes mais caras, desfilavam graciosamente, utilizando os acessórios mais luxuosos possíveis; enquanto os homens as cortejavam. Embora trajados em ternos que poderiam soar como modestos, uma única etiqueta na parte de trás das suas vestimentas carregava em si a assinatura de marcas que transformavam essas peças em símbolos de status, mais valiosos que um guarda-roupa inteiro de alguém que não dá tanta ênfase ao luxo quanto essas pessoas.

          Caminhando em meio ao salão, um certo rapaz se destacava. Diferente dos demais, ele não se importou em ir sem o blazer, estando apenas com uma camisa social branca desalinhada, em que metade dela estava dentro da sua calça, e a outra metade para fora, como um manifesto silencioso contra a pompa que o cercava ou simplesmente puro desleixo.

          Mesmo que não estivesse segurando nenhuma taça de bebida naquele instante, qualquer um ali acharia que ele estivesse bêbado. Não é para menos, de toda forma. A barba por fazer, o cabelo desgrenhado, o seu caminhar dessincronizado, tudo nele sugeria um descompromisso com as convenções. Mas bêbado ele não estava, isso posso lhes assegurar. Afinal, como poderia? Uma vez que ele possuía uma condição rara, que não importava quanta bebida alcoólica ele ingerisse, jamais ficava de fato embriagado por ter o metabolismo superacelerado.

          Com toda certeza era um homem que marcava sua presença em detrimento dos demais, todavia de forma negativa. O que aqueles olhares desdenhosos e disfarçados não sabiam é que esse homem, tão fora do lugar naquela reunião de abutres, era mais perigoso e capaz do que qualquer um ali. E talvez fosse exatamente essa certeza que o fazia não dar a mínima para o julgamento alheio.

          Perto do centro do salão, um pequeno palco se elevava apenas quatro degraus acima do chão, destacando-se o suficiente para atrair a atenção dos convidados. Um homem sentava-se ao piano, pronto para tocar. Diante dele, um jovem de aparência rechonchuda aguardava sua vez, vestido com uma camisa social branca e suspensórios que pareciam ter sido tirados de um filme de época. Seu rosto jovem, coberto por uma barba que mal disfarçava sua juventude e um óculos de grau, mostrava um nervosismo controlado. Ele não parecia ter mais de vinte anos.

          "O que um garoto desses está fazendo aqui, entre esses predadores?" pensou o homem desleixado, parando a poucos metros do palco, curioso.

          Assim que as primeiras notas do piano ecoaram pelo salão, o silêncio tomou conta do ambiente em uma solene cordialidade, e o jovem em frente ao microfone começou a cantar. A ópera italiana "Con te Partirò" preencheu o ar, com uma voz tão impecável que até os pelos do mais indiferente dos espectadores se arrepiaram. Até mesmo o homem próximo ao palco que detestava ópera sentiu um sorriso involuntário curvar seus lábios.

Quando sono solo (Quando estou só)  🎵
Sogno all'orizzonte (Sonho no horizonte)  🎵
E mancan le parole (E faltam as palavras) 🎵

Os Sete Suspeitos [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora