11. Vou esperar por você!

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Abro os olhos e vejo os raios de sol atravessando a cortina do quarto. Me sento na cama para me espreguiçar. O dia está lindo e parece me convidar a sair de casa. Olho por cima do ombro e encontro o outro lugar da cama vazio. Desde ontem, estou sozinha em casa.

Killian foi à Portland para participar de uma convenção do Partido Republicano. Ele me convidou para ir com ele, mas lhe expliquei que precisava terminar o quadro que a Sra. Lucas, a dona do simpático diner da cidade, me encomendou. Menti. Ontem mesmo terminei o quadro. Só não queria realmente ir a um evento no qual passaria boa parte do tempo sozinha, porque, muito provavelmente, Killian estaria tão envolvido em seus próprios assuntos que minha presença ao lado dele seria meramente decorativa. Se é para ficar sozinha que, pelo menos, seja por minha própria escolha.

Suspiro profundamente e saio da cama. Ando até o banheiro, pensando que preciso encontrar alguma coisa para ocupar meu dia livre.

Depois de aproveitar bastante a manhã ensolarada na praia, volto para casa e almoço. Então vou até o Granny's e entrego a Ruby Lucas o quadro de um grande lobo com pelagem escura uivando à lua, que a avó dela havia encomendado.

— Ficou lindo, Emma! — Ruby diz, olhando com admiração a pintura. — Minha avó vai amar! — Mostra um sorriso que a deixa ainda mais bonita. — Vou pegar seu pagamento. — Anda até o caixa.

Enquanto ela se afasta, olho as pessoas ao meu redor. Nessa hora, o diner está cheio. Clientes ocupam quase todas as mesas e as banquetas em volta do balcão.

O sininho sobre a porta toca e quando olho na direção, sinto meu coração bater mais apressado: Regina Mills em suas calças negras de montaria, botas e uma camisa com os primeiros botões abertos passa pela porta e atravessa o restaurante, parando praticamente ao meu lado em frente ao balcão.

Ela não me diz nada, apenas me lança um rápido olhar.

— Srta. Lucas? — Chama Ruby que já se aproxima. — Uma salada de frango, por favor! — Faz o pedido e sai de perto de mim, indo sentar em uma mesa no canto.

Não nos víamos desde o jantar na casa dos Nolan, quando Danielle voltou. Naquela noite não consegui pedir desculpas a Regina, e parece que minha resposta agressiva a magoou mais do que eu imaginava.

Nos últimos dias ouvi alguns comentários, inclusive do próprio Killian, que ela, ao que tudo indica, já perdoou Danielle, pois minha gêmea tem sido vista com frequência na mansão Mills. Aparentemente a suspeita que sempre tive, sobre o interesse de Regina em mim ser justificado pela minha semelhança com Danielle, estava certa.

Experimento um gosto amargo na boca ao imaginar que talvez o jeito indiferente de Regina agora seja por causa do retorno da mulher que ama, e não porque fui ríspida com ela no outro dia.

Pego as notas de dinheiro que Ruby me estende já há alguns segundos, agradeço meio envergonhada ao perceber o olhar curioso dela, e saio o mais depressa possível do Granny's.

Já na rua, levanto a cabeça e fecho com força os olhos, impedindo que as primeiras lágrimas desçam. Não quero e não vou chorar por uma fantasia que alimentei em minha cabeça. Uma fantasia que, sempre soube, jamais poderia ser real.

Tentando esvaziar a mente, saio andando sem destino e, depois de algum tempo, já estou dentro da densa floresta que cerca uma parte da cidade. Deve ser umas cinco horas da tarde, calculo isso ao ver o ponto que o sol alcançou no céu. Então, resolvo me aventurar pelo meio do bosque, sentindo o cheiro de mato penetrar minhas narinas.

Chego a uma parte onde a vegetação fica menos densa e vejo uma construção no topo de uma árvore. Franzo o cenho e, olhando ao redor, conto, no mínimo, três trilhas que dão acesso a essa parte da floresta. Observo a construção mais uma vez: é uma cabana de madeira. Curiosa, decido explorá-la.

Almas Gêmeas [SwanQueen]Onde histórias criam vida. Descubra agora