💞 capítulo 04 💞

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Estou no ponto esperando o ônibus para voltar para casa

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Estou no ponto esperando o ônibus para voltar para casa. Ainda meio inebriada, olho para a minha mão — a mão que, poucos minutos atrás, Matheus tocou. Não entendo direito o que foi aquilo que senti; aquele choque que começou nas pontas dos dedos e se espalhou por cada nervo do meu corpo, me fazendo paralisar e fitá-lo como uma adolescente boba que cora com o mais ínfimo olhar — e toque — de um homem bonito. Mas, Senhor, como ele é lindo! Um dos homens mais bonitos que já vi na vida.

Mas a sua voz, baixa e controlada, e seus olhos verdes, tão profundos e inacessíveis, estavam tão cheios de uma tristeza cálida e dolorosa... Era quase irresistível a vontade de consolá-lo.

Será que Matheus também sentiu a mesma coisa com nosso toque? Sei que parece loucura pensar assim, mas senti algo por ele assim que o vi. Não sei explicar. Talvez eu só me sinta atraída por homens... quebrados. Eu balanço a cabeça para afastar essa ideia e lembro-me da aliança em seu dedo. Não. Não vou cobiçar um homem casado. Ele tem a sua esposa para juntar seus cacos e abrandar sua melancolia. Não precisa de mim.

Eu suspiro, tentando me livrar do peso que de repente se assentou sobre os meus ombros.

Ele me tratou com mais gentileza do que estou habituada, me respeitou, apesar do indisfarçado desdém nos primeiros minutos de nossa conversa, e me deu uma chance. Sem quaisquer segundas intenções em suas ações... Eu poderia contar nos dedos o número de pessoas de quem recebi tratamento semelhante. Estou tão acostumada a ser criticada, inferiorizada e subestimada que, quando o contrário acontece... não sei como reagir. Baixar a guarda ou continuar com minha máscara como escudo? Confiar ou permanecer presa àquela centelha de desconfiança?

Talvez eu nem precise pensar tanto nisso. Ele é meu patrão. E é casado.

Vejo meu ônibus se aproximar e faço sinal para que pare. Entro, me sento e encosto a cabeça no banco. E para me impedir de devanear, pego meus fones e coloco uma música, focando apenas na voz do cantor e na letra da canção. Mas não tenho muito êxito. Logo minha mente viaja para Diego, meu último “namorado”, e como sofri com o fim do nosso relacionamento. Eu o conheci no último ano da faculdade de Gastronomia.

Como sempre fui muito carente — um traço meu que luto para extinguir —, assim que se aproximou de mim, com seu jeito meigo e sedutor, não demorou para começarmos a ficar. Ele era lindo; com fartos cabelos loiros e uma beleza clássica, como a dos príncipes de contos de fadas — era a perfeita personificação do príncipe encantado. E eu realmente acreditei que estávamos juntos para o que der e vier. Mas quando pedi para conhecer sua família, ele começou a inventar uma desculpa atrás da outra, até que ouvi uma conversa entre Diego e Igor, seu melhor amigo, em que ele dizia que eu não era o tipo de garota que apresentaria à família, por eu ser pobre e “simplória”; seus pais nunca me aceitariam. A partir dali, não deu mais. Eu mesma fiz questão de terminar, antes que as coisas saíssem do controle. E ele nem mesmo pareceu abalado com o fim. Diante dele, eu fingi a mesma indiferença, mas quando cheguei em meu apartamento, chorei como há muito tempo não chorava.

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