Capítulo 7: SÃO DEMAIS OS PERIGOS DESSA VIDA...

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Os três cavaleiros, desciam cuidadosamente as trilhas na serra. Era noite de lua cheia, mas a vegetação ocultava armadilhas. Utilizavam-se de lanternas e lampiões. Jennie estava vestida com seu grande capote pantaneiro que lhe protegia totalmente o corpo do sereno noturno e do frio que a neblina trazia consigo. Na cabeça, seu companheiro, o velho chapéu de couro de abas largas. Jonas aceitara que ela os acompanhasse muito à contragosto. 

- Isto aqui não é o pantanal, senhorita Jennie! Isto aqui é serra e serra tem lá suas peculiaridades. De um lado parede, do outro abismo...
- Vim preparada! Trouxe bússola e um mapa, além de uma mochila de sobrevivência...
- Tudo bem! Mas hoje mesmo tive que soltar dona JiSoo de uma armadilha de caçador. Parecia um coelho raivoso! Imagine que um caçador armou a tal armadilha bem na trilha da Pedra Lascada? Que imprudência e irresponsabilidade...
- É?
- Agora veja só! Dona JiSoo some na mata em noite de assombração...
- Assombração?
- Sim! Noite de Lobisomem...
- Ah!

Jennie que crescera ouvindo estórias dos peões no pantanal, não se surpreendeu da cisma de Jonas. Aliás, não acreditava nestas criaturas da noite e se acreditasse, naquele momento pouco lhe importava. JiSoo estava naquelas matas e ela tinha que encontrá-la.

Em certo momento, a trilha se bifurcou.

- Vou por aqui! Conheço bem estas bandas... Vocês vão por lá. Temos que nos separar. – Sugeriu Tonhão.
- Tudo bem! – assentiu Jonas.

A trilha que Jennie e Jonas tomaram começou a se enveredar serra abaixo. Em certos lugares, tiveram que apear e continuar a pé, puxando as montarias. Novamente outra bifurcação. Jonas coçou a cabeça, preocupado. Jen adiantou-se:
- Vou por esta! Você segue aquela.
- Não posso permitir isso!
- É a saúde de sua patroa que está em jogo! Ela saiu transtornada da Quinta! Não deve estar com equipamento algum e muito menos agasalhada...
- Mas...
- Olha aqui! Seria muita burrice descermos os dois juntos por uma trilha. E se ela tiver seguido a outra? Tenho aqui comigo agasalhos e provisões para três dias... Se me perder, espero amanhecer e sigo a bússola...sou experiente nisso...
- Tudo bem moça! Só espero não me arrepender por isso...
- Não se arrependerá!

Jennie desceu sua trilha, com o coração opresso. Temia pela vida de JiSoo. Se tivesse que dormir por ali, teria que fazer uma fogueira para espantar os animais selvagens...

Certo momento, porém, ela ouve o vento lhe trazendo vozes sussurradas.

- Estou perto de algo!

Aproximou-se mais e do ponto elevado onde estava, pôde vislumbrar luzes de lampiões no vale abaixo. Pessoas caminhavam para um ponto qualquer oculto pelo arvoredo. Ela só podia ver as luzes e vultos como de minúsculas formigas.

Desceu o mais rápido e cautelosamente quanto pode e aproximou-se, ocultando-se.

Amarrou o cavalo por perto e observou o grupo. Eram pessoas vestidas com enormes capas escarlates ou negras. Na mente de Jen, sobreveio tudo que Chaeyoung lhe dissera de certas orgias secretas. Pensou em sair dali e ir ajudar Jonas na outra trilha, mas seu instinto lhe dizia para averiguar melhor. Como seu longo capote negro lhe emprestava aspecto semelhante aos convivas, aproveitou para se aproximar mais e mais.

Deparou-se com uma clareira toda calçada de pedras e com pilares circundando-a.

- O Templo de Afrodite! – exclamou baixo.

Uma pessoa passou por ela na escuridão e deu-lhe uma máscara.

- Use! Garoto! É a regra. Ninguém entra no Templo sem a máscara.

- Ele me confundiu com um garoto! – pensou Jen, encaixando no rosto uma vistosa e colorida máscara. Retirou o chapéu e entrou cautelosamente. O que viu a fez estacar. Por todos os lados, uma profusão de corpos desnudos debaixo das capas, se amando de todas as formas possíveis na natureza. Tudo era permitido e corpos masculinos e femininos se encaixavam por todos os lados. Jen sentiu a excitação borbulhar em sua garganta, qual champanhe espumante. Não conseguia tirar os olhos daquela cena totalmente nova e carnal. Porém, a um canto, em um banco de pedra, uma criatura vestida de escarlate jazia como se adormecida. Jen sabia que eram mulheres as que se vestiam de escarlate e percebeu a aproximação de um mascarado de elevadíssima estatura, com sua capa negra. Este sentou-se ao lado da mulher de escarlate e começou de forma suave a lhe abrir as vestes. Jen aproximou-se e viu quando o mascarado lhe desnudou os seios e passou a tocá-los de forma lasciva. As auréolas eram rosa-chá e Jennie reconheceu o corpo de JiSoo. Isso a enlouqueceu.
- O que JiSoo pretendia? Queria se entregar ao mascarado desconhecido? - pensou - Não toque nela! - gritou.

O enorme mascarado levantou-se e empurrou Jen.

- O que é fedelho? Você a quer? Poderá tê-la, depois que eu me satisfazer...

JiSoo pareceu despertar de seu torpor e fechou seu roupão e a capa. O mascarado voltou-se para ela e falou:

- Vamos minha Dama! Não deixe que este moleque imbecil nos atrapalhe...

Dizendo isso, aproximou-se para retirar totalmente a roupa de JiSoo. Esta levantou-se e tentou sair dali, ao que foi impedida pelo marmanjo que a apanhou pelo pulso.

- Quem veio na chuva é pra se molhar e eu não vou te largar até ter o que quero...

O sangue subiu na cabeça de Jennie e ela pulou no pescoço do mascarado. O tamanho dos dois era tão desproporcional que quem presenciasse o embate, acharia que um cãozinho Chiuaua atacava um Dog Alemão.

O grandão, girou o corpo várias vezes e Jen não lhe largou. Estava iniciada a balbúrdia pois, logo, focos e focos de brigas foram se formando e ninguém mais sabia quem batia em quem. As mulheres separaram-se a um canto e os homens se socavam e distribuíam pancadas por todos os lados. Jen, que fora confundida com um rapaz, fora jogada ao chão e quanto mais tentava se levantar, mais recebia golpes. A certo momento, ela, já com os dois olhos inchados, percebeu que o grandalhão havia apanhado JiSoo e ela se debatia, tentando se livrar.

Jen apanhou um pedaço de lenha que encontrou perto e baixou na costa do bruto, que furioso, lançou JiSoo como uma boneca para um lado e voltou-se contra sua agressora. Iria massacrá-la.

Repentinamente, dois tiros ecoaram no vale e o povo começou a correr e a fugir. Jen estava tentando manter-se em pé. Tinha o corpo todo moído. Procurava por JiSoo e o local, iluminado apenas por lampiões, dificultava sua busca. Não se importava mais, se seria flagrada ali ou quem atirara.

Tateava o chão em desespero, até que encontrou uma mão macia e acetinada. Puxou o corpo morno contra si e viu que sua amada estava desmaiada. Seus cabelos claros, agora eram de um vermelho vivo.

- Sangue!

Um vulto enorme aproximou-se.

- Temos que levá-la urgente daqui!

Jen reconheceu aliviada a voz de Jonas.

- Acho que bateu a cabeça em uma pedra! – gaguejou, Jennie.

Sentia-se desfalecer da dor física e da angústia, mas tinha que resistir.

Jonas levantou o corpo de sua patroa, como se apanhasse uma criança ao colo.

- Ainda bem que atirei para cima! Mais um pouco e dariam cabo de você. Animais no cio são perigosos! - Temos que tira-la urgente do vale. Ela ainda respira. Talvez haja tempo de socorrê-la... 

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E aí amores, preparadxs para a reta final?

Sim, esse é o último capítulo, mas será dividido em mais duas partes (se não me engano)

Se pá sai tudo hj

Um grande beijo e obrigada por acompanharem a adaptação de um dos meus contos favoritos, devo tudo a Lara Lunna ( a autora original) fez uma imensa diferença na minha vida ❤️

Beijos amores e mais uma vez obrigada

Pour ElleOnde histórias criam vida. Descubra agora