Com a dor, minando-lhe o ânimo, Jen percebeu que estava viva. Lembrava-se que caíra de uma árvore, lembrava-se que passara a tarde junto ao Vulcano, ruminando seu desejo de vingança, mas nada mais, além disso.
Abriu os olhos e viu Lisa sentada próxima, com a testa enrugada de preocupação e com os olhos contornados por olheiras azuladas. Sorriu para ela, ao que a moça levantou-se rapidamente e saiu para buscar o médico.
Este, um senhor muito velho de expressão aquilina, examinou os olhos de Jennie, perguntou quantos dedos estava lhe mostrando e por fim, tocou-lhe a base do crânio, massageou-o e encerrou seu exame.
- Felizmente, nenhum trauma que possa deixar seqüelas! – diagnosticou. - Ainda assim, gostaria que ficasse em observação para evitar que lesões internas que não pude perceber nos surpreendam.
O velho senhor já ia saindo, quando parou e perguntou para Lisa.
- De onde ela despencou mesmo?
- Do velho Jequitibá Rosa, ao lado da ala Noroeste...
- Inacreditável como não tenha morrido! Certamente as árvores menores lhe apanharam a queda, como podemos perceber pelos vergalhões que tem em todo corpo. Bem, preciso ir embora. Ainda tenho que fazer um parto.
Lisa aproximou-se do leito e olhou Jennie com uma expressão tão intensa de amor e aflição que a comoveu.
- O que fazia no Jequitibá, Jennie?
- Eu, eu não me lembro! – confessou a moça, sinceramente.
- Quase a perdemos! - lastimou-se Lisa.
- Mas o Doutor Ernesto assegurou que melhorará! - Mestra Tae, rompeu a tranqüilidade do quarto com sua voz cortante. - é preciso que se explique, senhorita! Esta instituição é tradicional e respeitada e não podemos jogar seu nome aos ares pelas peripécias de uma aventureira sem juízo.
- Tae! – exclamou Lisa indignada, enquanto Jen sentia suas faces arderem em brasa.
Por sobre os ombros de Tae, Jen percebeu quando JiSoo entrou no quarto silenciosamente. Em seu rosto, comumente cínico e zombeteiro, uma expressão nova, desconhecida. Era como estivesse presente somente seu corpo, vazio de alma. A face estava pálida e seus enormes olhos castanhos, se ocultavam parcialmente sob a espessa linha de seus cílios.
- Sei o que você pretendia mocinha! - continuou, TaeYeon. - Queria alcançar o quarto de Lisa. Outras antes de ti, já tentaram seduzir um Kim Manoban, mas eu não permiti!
- Chega! Tae! Eu não admito que a ofenda. Naquele outro dia, eu a levei para conhecer a ala residencial por motivos puramente artísticos. Não acredito que tenha se aventurado por lá para me assediar...
A expressão de Lisa agora, denunciava bem que pela sua vontade, gostaria de acreditar piamente na possibilidade de que Jennie a procurava em seu quarto.
- Bom! Ainda quero descobrir o que a Kim fazia, bisbilhotando a ala? Responda menina. Só assim vou saber que providências tomar...
- Eu não me lembro! Só me lembro que passei a tarde junto ao Vulcano, esperando anoitecer e que... Estava com fome!!!
A franqueza e sinceridade da resposta singela de Jen eram irrefutáveis. Todos que ali estavam puderam perceber. Inclusive JiSoo.
- Ora! Então está explicado! – Lisa concluiu com alívio e desejando botar um ponto final no assunto. - Estamos matando nossa Sul-mato-grossense de fome! Já li sobre a dieta pantaneira, regada por muita carne, arroz carreteiro e variedade de peixes...
JiSoo virou as costas e saiu do quarto tão silenciosamente quanto entrara.
Mestra TaeYeon, abriu a boca várias vezes e não conseguiu dizer palavra, nem contra argumentar. Por fim, achou até plausível a conclusão de Lisa, pois exatamente no 3o andar da ala, havia uma grande e suntuosa cozinha, com suas despensas carregadas de iguarias, com muita e variada comida. Deu de ombros.
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Pour Elle
Hayran Kurgu(ADAPTAÇÃO) O sonho de Jennie sempre foi ser uma grande pianista, mas para isso ela primeiro terá que entrar para uma das mais famosas escolas de artes, porém nada para ela será fácil, ainda mais depois de conhecer a filha da dona da escola de artes...