the one i want

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Vê-lo dormir era um dos meus passatempos favoritos quando a insônia atacava. Você parecia tão angelical, a boca levemente aberta e a expressão pacífica. Me pegava imaginando seus possíveis sonhos. Em quantos deles eu estava? Tê-lo sobre meu peito também era maravilhoso. Eu passava vários minutos ali encarando-o e lhe fazendo cafuné. Era até um pouco cômico o modo como começamos.

Ainda me lembrava da primeira vez que nos vimos, em uma festa. June e Pez se conheciam e acabamos nos esbarramos, eles já estavam bêbados e você não pareceu gostar de mim, mas algo fez com que eu me interessasse em você. Mais tarde entrei no perfil de June, procurando por você, não foi difícil achá-lo, ela possuía bastante foto de vocês dois. Passei algum tempo no seu feed, as fotos com os amigos, em festas, estudando. O seu vício em café foi a primeira coisa que eu aprendi, a xícara cheia do líquido estava em vários momentos.

Nos encontramos poucos dias depois numa cafeteria. Eu havia visitado a minha irmã, que morava ali perto, e você saía do trabalho. O paletó pendia no braço, junto com a sua pasta, a gravata estava frouxa e os dois primeiros botões da camisa abertos. A imagem era com certeza de tirar o fôlego. Você fez algum comentário sarcástico e eu apenas dei de ombros, tentando parecer indiferente. Aquele foi só o primeiro esbarrão de vários. Pez e June passaram a nos arrastar para mais saídas juntos, então me aproximar de você e te conhecer melhor foi inevitável. Mas você ainda parecia ter algo contra mim, algo que eu não entendia.

As coisas começaram a mudar em uma pequena reunião de amigos que June fizera no começo do inverno. Já era tarde, estávamos todos bêbados e algo entre nós implorava por competição e você teve a brilhante ideia de pular na piscina. O álcool provavelmente fez um grande efeito no seu corpo, pois você não pareceu se importar com o fato da água estar gelada. Eu virei mais um shot e te segui, jurando que era apenas para te provar alguma estupidez que discutíamos antes. Porém no fundo eu sabia que era simplesmente pelo fato de que provavelmente não havia nada que você fizesse que eu não apoiaria e faria juntos, de alguma forma você já tinha controle sobre mim. Uma faísca diferente passou pelo seu olhar, algo mudou em você naquele momento, mas não pude pensar muito nisso, Pez, June e algumas outras pessoas já seguiam nossa deixa e pulavam na piscina. Nora e Bea estava gritando com nós dois pela idiotice e nos mandava sair da água.

Quando nos esbarramos de novo, alguns dias após aquela festa, na mesma cafeteira perto do apartamento de Bea, algo em você realmente estava diferente. Seu comentário sobre meu cabelo foi sarcástico, mas isso já era algo seu e eu não esperava diferente, porém você sugeriu tomarmos um café juntos. Não neguei, no entanto, e aquelas poucas horas que passamos juntos foram agradáveis e você acabou me convidando para a sua festa de aniversário.

22 anos. Você parecia extremamente animado com aquilo. Abraçou-me quando cheguei no seu apartamento, notei que você já estava um pouco bêbado e entendi o contato repentino. Não demorou para eu ficar numa situação parecida também. O resto daquela noite era quase um borrão e no dia seguinte acordei na sua cama. Você ainda dormia, coberto apenas pela sua cueca e o cobertor. Fiquei ali te encarando e pensando como isso tinha acontecido. Você não demorou a acordar, também estranhando eu estar ali. Decidimos levantar e tomar um café, enquanto conversávamos sobre a noite passada e como seria entre nós dois dali em diante. Prometemos não deixar aquela noite interferir na nossa relação, havia sido um pequeno acidente.

Apesar de ambos concordarmos com isso, na vez seguinte que nos encontramos, acabamos transando de novo, dessa vez no meu apartamento. Tivemos uma pequena discussão. Você queria deixar isso de lado, enquanto eu queria ver onde isso poderia dar. Você saiu de lá bravo, mas quando seus pais tiveram uma discussão, você ligou para mim, no meio da noite. E então na semana seguinte você me chamou para irmos a um bar. Você parecia cansado do trabalho. Quando te deixei em casa você me chamou para subir e dormimos juntos. Você me abraçou a noite toda e eu fiquei ali, sabia como era precisar de um porto seguro. De repente, estávamos constantemente fazendo algo juntos, nos beijando sempre que estávamos sozinhos e, pelo menos uma vez por semana, acordávamos juntos.

Foi você quem me pediu em namoro, quase dois meses depois. O que foi a maior surpresa que você poderia ter feito para mim, mas também me fez o homem mais feliz do mundo. Agora nós dividíamos um apartamento em Nova Iorque e eu acordo todos os dias ao seu lado, sinto você me abraçar no meio da noite quando vai dormir tarde, ou tenta ficar acordado comigo, mesmo estando muito cansado, nas minhas noites de insônia. Tenho seus beijos quando chego tarde do trabalho, ou quando você faz algo que sabe que vai gerar uma discordância entre nós e quer apaziguar as coisas. Você vem direto para o meu colo quando tem um dia estressante no trabalho e precisa tirar toda a frustração de dentro de si.

Não sei exatamente em que ser simplesmente seu namorado deixou de ser suficiente para mim mais. Eu estava com Pez, apenas andando pelas ruas da cidade, quando passamos por uma joalheria e eu vi algumas alianças expostas na vitrine. Parei para olhá-las e foi ali que eu decidi, eu iria te pedir em casamento. Okonjo foi o primeiro a saber e me ajudou na escolha do anel. Não parei um minuto para repensar a ideia e meu amigo também não me impediu de fazer aquilo. 

Eu ainda pensava como faria o pedido. Mas quando você acordou naquela manhã com um sorriso sereno eu não consegui segurar a pergunta que rodava há dias em minha mente.

— Casa comigo.

Sua primeira expressão foi de surpresa, mas ela logo mudou para confusão.

— Desculpa? Acho que ainda tô meio dormindo ou você realmente acabou de me pedir em casamento?

—  Se a sua resposta for não, você ainda está dormindo.

Seu sorriso foi a coisa mais linda que eu poderia ter recebido. Gentilmente você segurou meu rosto com uma mão e selou nossos lábios.

— A resposta é sim, Henry, eu me caso com você.

Meu coração parou por um segundo, até você voltar a me beijar. Você não parava de sorrir e não consegui impedir meus lábios de fazerem o mesmo. 

— Droga — eu disse separando o beijo e você me olhou confuso. — Não era pra ter sido assim, eu estava preparando algo mais elaborado — completei me virando para o pequeno gaveteiro do lado cama onde eu havia escondido as alianças. — Até comprei isso.

Te mostrei os dois aros de prata e sua única reação foi me puxar para mais um beijo.

— Isso foi estupidez, eu casaria com você nesse momento numa capela qualquer em Vegas com o Han Solo celebrando a cerimônia. 

Ri da ideia enquanto você colocava um dos anéis no meu dedo anelar. Logo você começou a falar de possíveis datas e como seria a cerimônia e fiquei te escutando, não conseguindo tirar o sorriso apaixonado do rosto e a felicidade por perceber que você queria aquilo tanto quanto eu.

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