DEZESSEIS

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  ◇◇  ◇◇  ◇◇ Rafael ◇◇  ◇◇  ◇◇

— Você o quê? — Lily pergunta com uma exagerada expressão de surpresa. 

— Eu quero que me recomende outro livro. Gostei pra caralho daquele e quero outro. Você é a escritora aqui — digo.

— Nossa! Isso é melhor do que eu esperava — ela murmura.

Ela abre uma gaveta da sua escrivaninha e retira de lá uma folha. Ao ver o conteúdo da folha, vejo que são vários nomes de histórias, seus autores e autoras, e se são livros únicos, sagas, trilogias, duologias; enfim, tudo.

— Esses são os livros que eu já li até agora. Fique à vontade para se inspirar.

— Você dividiu eles em gêneros — sorrio pela sua organização.

— Melhor ainda para você.

— De fato. Como está indo tudo na faculdade? — bebo um pouco do meu chá e me sento numa poltrona ao lado da sua escrivaninha.

— Bem, mas estão bem corridas também. As minhas provas finais estão chegando e preciso revisar várias coisas.

— Quando terá o lançamento do seu livro? — eu achava que lançar um livro era mais fácil, mas tem toda uma burocracia e um processo meio demorado até que os livros estejam prontos para a venda.

— Semana que vem. Estou ansiosa — ela morde os lábios.

— Você vai me entregar seu livro primeiro, né? Não aceito nada menos do que isso.

— Claro que sim. Você será o primeiro — garante.

— Ótimo. Eu preciso ir. Estamos próximos dos Jogos Pan-Americanos e precisamos treinar — digo ansioso.

— Tudo bem. Tenho certeza de que você vai se sair perfeitamente bem, baby — ela me beija, concretizando suas palavras.

— Nos falamos depois, tudo bem? Não sei muito a hora que tudo vai se encerrar. Te amo.

— Também te amo — dessa vez eu a beijo e saio da sua casa.

Faz oito anos que estou jogando profissionalmente. Participei dos Jogos Pan-Americanos três vezes. Esse ano nós estamos classificados novamente e, dependendo do nosso desempenho, seremos classificados para as Olimpíadas; já que o Pan vale como uma classificação direta para algumas modalidades nos Jogos Olímpicos. Acho que sempre vou me sentir nervoso antes de entrar na quadra, sentir aquela ansiedade boa e ouvir os gritos da torcida. É uma das melhores sensações do mundo.

Ao chegar no local do treino, vejo que quase todos os jogadores estão lá. Todos se preparam para começar e parecem estar na mesma situação ansiosa que eu. Ben, o nosso capitão, repassa algumas jogadas e explica algumas coisas para nós, enquanto estamos no vestiário. Logo o treinador entra e nos manda para a quadra. O treino prático vai das uma às três, e o teórico das três às cinco. Analisamos estratégias de jogo, as estratégias de outros times e também os jogadores. Todo o processo é feito com calma e nós prestamos atenção em tudo.

Ao chegar em casa quase seis da noite, me sinto cansado. Acho que nunca vou me acostumar de verdade com treinos preparatórios para grandes competições como essa. Acho que acabo dormindo assim que me jogo na cama. Estamos nos preparando há semanas, uma rotina de treino intensa foi estabelecida e todos os jogadores estão seguindo essa rotina à risca. Mas eu já estou me sentindo esgotado.

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— O treinador está maltratando você? — Lily pergunta sorrindo.

A Garota da Fita Vermelha Onde histórias criam vida. Descubra agora