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— É isso. — Sr. Carter sai da sala deixando alguns exercícios para resolvermos enquanto pegaria uma apostila na sala dos professores. — Um de cada resolverão a questão. Sejam rápidos.

Bufo passando os dedos por meus cabelos desgrenhados. Não havia espelho por ali, mas sentia que meu cabelo castanho se assemelhava à uma juba.

Já se passara uma semana desde que as aulas de reposição começaram. Ainda não tive nenhum progresso, nem com John, o professor, nem com seu filho Aiden, o único aluno ali, que ao contrário de mim, estava apenas recuperando as aulas perdidas enquanto competia como nadador representando a escola. E muito menos com a própria física que fazia questão de não entrar em minha cabeça durante todas as aulas.

— Cadê você...cadê você? — murmuro em alguns choramingos batendo o lápis ansiosamente contra o caderno. É a terceira vez que lia a mesma questão.

— O que está fazendo, Brown? — ergo meu olhar para Aiden que me encarava com indiferença pronto para zoar da minha falta de inteligência como faz sempre que tem oportunidade. — O que está procurando?

— O "x". — respondo pronta para desistir do meu diploma. Reviro os olhos enquanto ele ria encostado confortávelmente no encosto da cadeira e seus pés, sobre outra cadeira ao meu lado. Eu fazia o mesmo com a cadeira ao seu lado.

Felizmente, temos mais conforto que o normal comparado ao que temos normalmente nas aulas gerais. Desde que começamos as aulas, Sr. Carter tem feito todas as atividades em salas em duplas e isso vem nos aproximando um pouco mais, apesar dos nossos frequentes xingamentos e apelidos maldosos que damos um ao outro.

— Como pretende passar em física desse jeito? — me questiona erguendo o caderno quando tento espiar seus rascunhos.

— Simples. — dou de ombros com malícia. — Dormindo o seu pai. — digo, simplesmente.

Eu já havia o provocado com isso muitas vezes, e sinto, que apesar de se surpreender desde o começo, ele não acreditava em minhas palavras. Mal sabe ele que seu pai não é mais minha vítima. Enquanto isso, estou tentando ao menos me aproximar dele por meio desse cálculos complicados.

— Como tem tanta certeza que meu pai vai dormir com você? — pergunta desviando mais uma vez o caderno das minhas espiadas.

— O professor de Educação física me passou com apenas um beijo. — retruco na tentativa falha de lhe causar algum incômodo.

— É sério que você reprova até em educação física se não seduzir um professor? — zombou me fazendo semicerrar os olhos na sua direção.

Já havia se passado uma semana. Eu estou perdendo tempo, e eu não sou conhecida por ser paciente com caras difíceis. Por isso, terei que lidar com isso ao modo Maddison Brown.

— Engraçado. — mudo de assunto evitando constrangimento da minha parte — Ainda não acredito que nunca o vi antes pela escola, apesar de você só viver viajando e treinando na piscina olímpica. — digo descontraidamente observando a porta da sala. O professor não voltaria agora, ele sempre dava mais um tempinho na sala dos professores para resolvermos todas as questões.

— Estava ocupada demais sendo uma vadia. — diz sem se importar atento aos cálculos que fazia no caderno. Umideço os lábios largando meu lápis em cima da mesa.

— Foi mal. — estalo a língua. — Eu trabalho integralmente sendo vadia, não tenho tempo para nadadores mau humorados. — dou de ombros me levantando de minha cadeira. Ele ainda se mantia de cabeça baixa esparramado em sua cadeira resolvendo a última questão do exercício. — Mas estou trabalhando nisso agora. — me jogo em seu colo não lhe dando tempo para pensar em muita coisa quando avanço beijando seus lábios intensamente.

Correto demais (Contos de Riverside)Onde histórias criam vida. Descubra agora