WILLIAM

🎩01. - As Juras de William🍂

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Quando ela leu-me pela primeira vez, senti-me emocionado de maneira que jamais havia experimentado. Onde descreviam-me para jurar amor eterno à Julieta, que me aguardava ansiosamente em uma página cujo a qual já nem me recordo do número, eu secretamente amava a bela dama que estava a ler o desenrolar de toda a trama.

Surpreendentemente, deparei-me comigo mesmo por diversas vezes admirando àquela que havia limpado atenciosamente a capa de um livro empoeirado, com páginas amareladas castigadas pelo tempo. Ademais, também flagrei-me repentinamente reparando em seu modo de leitura, como na maneira em que seus lábios se moviam com destreza na pronúncia de cada trecho, ou em suas expressões a cada página lida e acontecimentos narrados, além de suas inúmeras súplicas para que um dia pudesse encontrar um amor como aquele que lera nesse e em outros romances.

Por fim, me vi traindo o meu autor. Aquele que me dera vida por meio das páginas de um livro velho que há muito já havia sido esquecido na vasta estante de uma biblioteca qualquer, mas que por sorte fora encontrado pela dama que me roubara toda a atenção. Traí as belas palavras de meu escritor, que foram escritas em forma de juras de amor à uma personagem pela qual já não mais me despertava tal sentimento. Todo carinho descrito naquelas páginas de minha parte para com Julieta, agora eram direcionados para aquela que lia-me minha história com tanto afinco.

Meu amor já não mais pertencia à Julieta, mas sim àquela que havia parado para ler minha história. E sem que nem ao menos percebesse, virei um personagem apaixonado. Não traí apenas meu autor, traí Julieta, que de mim já não arrancava juras verdadeiras.