Universo: que compreende todas as coisas e se estende à tudo; toda a matéria, tempo, espaço e energia em todas as realidades; o mundo.
Quando finalmente completei meus dezoito anos, entendi que mesmo que o Universo estivesse ao meu redor, ele estava totalmente fora do meu alcance. E talvez sempre fosse estar.
A partir do momento em que o poder é concebido sobre alguém, há apenas duas escolhas: usar este poder em função de suas próprias vontades ou em função das vontades daqueles mais poderosos que você. Eu pensei que quando deixasse de ser o príncipe e me tornasse o rei da Inglaterra, possuiria finalmente a liberdade de escolher a primeira opção. Mas continuo sendo obrigado à segunda.
Uma das virtudes que eu mais admiro é a coragem. Talvez eu a idolatre tanto pelo simples fato de não possuí-la. E se eu a possuísse, não hesitaria nem um pouco em usufruí-la. Não hesitaria nem um pouco em olhar nos olhos de meus pais e dizer "não". Que não quero e não vou me casar com uma completa desconhecida apenas para favorecer um contrato ridículo de paz.
Digo, qual a função de estabelecer um contrato para a paz? Deveria ser apenas paz, por ordem natural, não uma obrigação materializada em ganho capital e uma série de regras e assinaturas. Infelizmente descobri que em meu Universo, as coisas funcionam assim. No entanto, simplesmente acho estúpida esta contradição ter o nome de "tratado de paz" quando na verdade, não tem nada a ver com isso.
Ter nascido com tais privilégios não foi uma escolha minha. Claro que eu não tenho o direito de reclamar de minha afortunada posição, pois apesar de privada, minha vida é estimada por muitos ao meu redor. Foi uma grande sorte em meio ao infinito Universo, eu, Harry Edward Styles, nascer justamente como herdeiro do trono da Inglaterra. Então, por qual razão não consigo me sentir satisfeito? Talvez eu estivesse sendo egoísta, ou talvez seja mesmo impossível ser completamente satisfeito.
Ou talvez, satisfeito não seja exatamente a palavra que eu procuro. Sempre tive tudo o que quis e precisei, e dou razão aos meus pais por terem me privado de alguns caprichos desnecessários as vezes, para aprender que o material não justifica tudo o que importa na vida. Mas agora, eles parecem contradizer seus próprios ensinamentos.
Entendo que meus pais não possuem todo o poder neste tipo de situação, no entanto, uma grande influência, sim. Se minha lição durante todos estes anos foi preservar uma linhagem com dignidade e justiça, creio que a acatei. Porém, nada disso parece importar quando se está em uma posição de obrigação, onde toda a atenção está voltada para o inúmero valor material que a França insiste em chamar de "paz". Nada disso parece importar em um matrimônio arranjado.
Este é o tipo de coragem que não admiro. A coragem de interromper a espontaneidade da vida e o prazer de todas as suas descobertas, enquanto corrompe a felicidade e determina o futuro de seus próprios filhos. Eu não possuo o mínimo conhecimento sobre qualquer informação a respeito da tal princesa, mas poderia apostar a própria coroa inglesa que a dama em questão se encontra no mesmo dilema que eu.
Eu me sentia parcialmente mais confortável em discutir esse assunto com minha mãe do que com o rei, mas não confortável o suficiente, sabendo que Anne e eu não compartilhamos da mesma opinião. Minha mãe idealiza ao extremo a chance de que o tempo me fará apaixonar por minha futura esposa. O tempo, na verdade, não faz nada além de passar e sentimentos são algo que devem brotar de nossa própria vontade. Contudo, apesar de romances sobre casamentos arranjados que se iniciam em ódio e se convertem em paixão causem uma significativa curiosidade em mim, eu recuso totalmente a possibilidade de acontecer comigo, especialmente nas circunstâncias que me encontro. Não se trata de antipatia em relação à moça com quem eu estou prometido, aliás, nem mesmo a conheço. Se trata apenas... de um conflito interno, um pouco mais delicado, e que meus pais nem ao menos desconfiam.
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Utopia⏐LS
FanfictionNo final do século XVIII, a Inglaterra e a França se encontravam prestes a anunciar seu tratado de paz, onde seus respectivos descendentes em prol dessa união estavam prometidos em matrimônio, como uma forma de estabelecer a permanência deste acordo...