Capítulo 3 - Lembrança

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Flashback

Fazia meses que Alice não se sentia tão animada. Ela havia passado tanto tempo focada na faculdade e em seus projetos pessoais que acabava se esquecendo que precisava também de um pouco de diversão.

Natasha Romanoff entrara em sua vida de maneira sorrateira; típico dela, afinal, a ruiva era uma grande agente da S.H.I.E.L.D. e estava acostumada com operações sigilosas. Tudo começou na primeira reunião dos Vingadores que aconteceu na casa de Tony. Apesar de sempre ser instruída a ficar em seu quarto e não chamar atenção, a filha de Stark simplesmente não conseguia cumprir tal promessa; ela era impulsiva, igual ao pai, movida por seus instintos e raciocínios lógicos.

Neste dia, Alice decidiu sair sutilmente de seu quarto para ir até a cozinha, e, logicamente, não poderia deixar de confundir a entrada do cômodo com a entrada da sala de reunião. A expressão de Tony era cômica; ele não sabia se chorava ou desmaiava de tanta vergonha. Mas bastou isso, um pequeno "engano" para que Alice olhasse para Natasha, e ruiva retribuísse. A olhos nus não teria sido nada demais, porém, a energia presente entre as duas era surreal.

Com a frequência das reuniões, as duas passaram a trocar algumas palavras, como "bom dia", "boa noite" e até mesmo um "tudo bem?". Alice conquistou espaço entre o convívio dos Vingadores, e ela e Natasha se tornaram amigas. As duas tinham muito em comum, e conversavam sobre os mais diversos assuntos. Tony gostava da situação. Volta e meia ele tinha notícias sobre a filha através de Natasha; nada muito comprometedor, mas era o suficiente para ele apoiar a amizade das duas.

O problema veio quando Alice começou a falar com o pai sobre a possibilidade de ela se tornar uma agente também. A garota podia não ter super poderes, mas nem todos tinham. Ela era inteligente, astuta, corajosa e desejava salvar o mundo da mesma forma que seu pai fazia; mas ela não contaria isso para ele de forma alguma. Tony não apoiou a ideia, e começou a culpar a Romanoff pela ambição de sua filha, portanto, para amenizar a situação, Alice parou de discutir o assunto com ele.

Foi após algum tempo que uma mensagem atípica surgiu. Nat convidou Alice para ir ao cinema, assistir um filme qualquer. Não era um passeio comum para as duas, que normalmente confraternizavam somente na mansão Stark. Entretanto, Alice aceitou, afinal seria a primeira vez que as duas teriam um pouco de paz em um ambiente diferente.

A sala de cinema estava vazia para uma sessão de sábado, mas talvez o filme justificasse; era um dos piores romances clichês que Alice já tinha visto. Nat parecia se divertir. A ruiva achava graça de cada cena e nem ao menos se importava com as pessoas que olhavam na direção das duas a cada risada histérica que ela lançava.

- É sério que você tinha que escolher logo isso? - perguntou Alice, encolhendo-se na cadeira. - Sei lá, até um filme de desenho seria menos doloroso.

- Por acaso você não gosta de um romance? - questionou Nat, com aquela linda voz rouca.

- Não. E nem você. - respondeu Alice, de forma intimidadora. - Sabe tão bem quanto eu que nada disso é real. Não passa de uma invenção covarde pra fazer com que as pessoas acreditem que podem achar o amor de suas vidas na próxima esquina.

Nat virou para Alice e entrelaçou seu braço no dela, aconchegando-se.

- A graça é justamente essa. Assistir um filme assim me coloca no chão. Faz com que eu queira alguém real do meu lado.

Alice sorriu, instintivamente.

- Eu achava que você não era fã de relacionamentos... - disse Alice, deitando a cabeça no ombro da amiga, enquanto sorria levemente.

Natasha virou seu rosto para Alice, atraindo seu olhar.

- Eu não sou. - sussurrou Natasha. - Eles são perigosos pra caralho.

A Sina dos StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora