Confie nas conjunturas

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Eles correram velozmente pela vila, a Floricultura Yamanaka ficava no lado sul de Konoha, não era longe, mas qualquer movimentação estranha no meio da noite, os guardas vigias os parariam. Eles desceram do telhado das casas e terminaram o percurso caminhando apressados na rua.

Ino na frente, com os cabelos loiros balançando conforme ela pisava forte no chão. Assim que chegaram, a floricultura já estava fechada, era tarde, afinal. Os pais de Ino não estavam em casa, haviam viajado para a Vila Otori naquela manhã e retornariam no outro dia. Ino abriu a porta e tirou os sapatos, calçando as sandálias. Ofereceu um par para Sasuke e outro para Naruto usarem ao entrar.

— Eu fiz uma sopa, ele comeu um pouco. Vou preparar um chá e trazer um analgésico para que não sinta muita dor de cabeça amanhã. — Ino apontou na direção do quarto que Itachi estava e Sasuke agradeceu.

Quando ele abriu a porta do quarto, viu o irmão sentado com as pernas dobradas em cima da cama de casal. As almofadas cor de rosa e o enorme coelho de pelúcia davam um ar divertido na cena. O quarto de Ino possuía um papel de parede com flores, e havia um pufe peludo ao lado da cama, onde Sasuke se sentou.

— Como se sente, irmão?

— Envergonhado. — Itachi o encarou com um olhar abatido, os olhos inchados, denunciando o choro.

— Que isso, Itachi, todo mundo surta uma vez na vida. — Naruto falou, sentando-se na cama.

Itachi suspirou, enquanto Sasuke repreendia Naruto com um olhar severo.

— Você se lembra onde estava? — Sasuke perguntou, pousando as mãos sobre as pernas, endireitando as costas, não havia conforto em sentar-se naquele pufe.

— Deixei o Distrito e vim direto para cá, não falei com mais ninguém no caminho. — Ele respondeu, mas depois soltou outro suspiro. — Sarada viu quando me despedi de Shisui.

— O que exatamente ela viu? — Sasuke buscou o olhar de Itachi que desviava dele a cada momento. — Nii-san?

— Não sei, talvez a gente se beijando pela última vez. — Itachi esfregou as mãos no rosto. Ino entrou no quarto carregando uma bandeja, deixando-a em cima da mesa.

— Não adocei porque é melhor tomar puro. — Ela disse, entregando a xícara. — Beba com esse comprimido, vai te fazer bem. — Ele concordou e tomou o primeiro gole, não reclamou do gosto, mas parecia muito ruim pela expressão de Itachi. — É amargo mesmo, como a minha vida amorosa.

Ela cruzou os braços, enquanto Naruto tampava a boca com a mão para não rir alto.

— Sinto muito por fazê-la passar por isso, Ino-san. — Itachi disse sincero, e ela acabou desfazendo a cara emburrada.

— Não precisa dessa formalidade, não quando você está sentado em cima do Tobei-chan. — Ino puxou o coelho, e Itachi se mexeu na cama para não amassar mais nada. — Olha, eu sinto muito pelo meu mal humor, vamos combinar que não está sendo fácil para mim. Até hoje a tarde eu achava que tinha esperanças, mas agora está claro que não dá para competir com Uchiha Shisui. — Ino se sentou na cama, entre Itachi e Naruto. — Eu não o culpo por isso, ele é de fato incrível.

— É verdade. — Naruto concordou. — Quero dizer, toda a família está de parabéns. — Naruto completou, piscando para Sasuke. — Então, Ino, pode me mostrar onde é o banheiro?

Naruto moveu a cabeça, sugerindo para que eles saíssem do quarto. Sasuke o agradeceu mentalmente, já que precisava conversar a sós com Itachi e compreender o que havia acontecido. Assim que os dois deixaram o quarto e a porta foi fechada, Sasuke se levantou do pufe desconfortável e se sentou na cama com o irmão.

— Se quiser desabafar, eu estou aqui. — Ele disse e esperou que Itachi começasse a falar. Não demorou muito para isso acontecer, e Sasuke ficou feliz pela confiança.

— Nosso pai tem se esforçado muito para me fazer aceitar o casamento. — Itachi tinha um olhar melancólico, era diferente do normal, parecia mais triste. — Eu achei que Shisui estava aceitando bem a nossa condição, que poderíamos passar por isso juntos. Mas ele me disse que não queria mais ser um impedimento para meu futuro como chefe da família e que não poderia me dar o que eu precisava no momento.

As palavras saíam duras demais da boca dele. Sasuke ergueu a mão e acariciou os cabelos negros do irmão mais velho, enquanto esse tinha o olhar perdido entre os pôsteres de cantores famosos preso na parede.

— Ele pode ter dito apenas para pensar.

— Não, não foi Sasuke. — Itachi voltou a olhá-lo. — Shisui não é do tipo que faz drama a toa, ele disse sério. Eu me senti culpado a princípio, aceitei ele ir embora e quis que fosse de forma pacífica, mas depois comecei a beber e quando nossos pais chegaram, eu já estava em um estado lamentável, foi quando deixei o distrito e vim para cá. Pensei que poderia reconquistar ele, talvez se eu dissesse a todos os meus sentimentos. Mas não é tão simples como aparento quando estou alcoolizado.

— Eu gostaria de ter visto isso. — Sasuke sorriu. — Irmão, talvez o que eu vá falar seja clichê, mas... o que tem a perder vale mais do que ele? Será que não há nesse mundo uma chance de dar certo esse relacionamento? Ninguém nunca tentou?

Itachi juntou as mãos e apoiou o queixo sobre elas. Ele pareceu rir sem nenhum humor.

— Madara e Izuna não estão solteiros até hoje à toa, irmão. — Itachi massageou as têmporas, o remédio ainda não fazia efeito. — Às vezes as tradições podem ser cruéis.

— Fodam-se as tradições, você é líder dessa família, deveria fazer o que quiser.

Itachi sorriu, dessa vez com humor.

— Você faz parecer fácil, mas ainda está se encontrando as escondidas com Naruto-kun.

— É diferente. — Sasuke revirou os olhos.

— Tem certeza? É isso que pensa? — Itachi o desafiou com as palavras.

Sasuke repetiu que estavam indo devagar, e esperariam o torneio acabar. Mas a verdade era que não precisava daquilo, não é? Estava com medo de se machucar novamente. Não bastava confiar no amor.


Notas da autora: Esse é um dos capítulos que mais gosto, todo mundo no quarto florido e fofo da Ino HUAUHAUHAHUAH

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