Confie na discrição

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Mikoto arrumava com delicadeza os cabelos de Itachi. Penteou os fios e depois os amarrou, como era habitual. Enquanto o irmão era mimado pela mãe, Sasuke terminava de preparar o chá sobre uma bandeja. Ele havia acordado cedo a pedido da mãe, para que a ajudasse em casa, já que a cerimônia no Distrito Uchiha ocuparia o dia de todos.

Sasuke não sabia dizer não para a mãe, fazendo tudo o que estava ao seu alcance.

Ele estendeu os braços, com o copo de cerâmica nas mãos, servindo o irmão. Itachi agradeceu e bebeu o chá. Em outra bandeja estava a refeição favorita de Itachi, mas ele recusou. Mikoto orientou-o comer antes de iniciar a cerimônia, confidenciando para os filhos que Fugaku passou mal em sua cerimônia, tendo que fazer uma pausa. Itachi sorriu, enquanto Sasuke os observava em silêncio.

Itachi decidiu comer, e assim que terminou, Shisui entrou no quarto, carregando uma pequena caixa nas mãos.

— Vamos deixá-los a vontade. Venha, querido. — Mikoto pediu para Sasuke acompanha-la até a cozinha. Ele se levantou, cumprimentando o primo e saiu. Na cozinha, seu pai estava conversando com Madara e Izuna.

— Aqui está ele. — O tio-avô mais velho falou, chamando Sasuke. — Eu gostaria de acompanhar vocês em um treino.

Madara possuía uma presença dominadora, estava sempre sério e não havia outro assunto senão a família, os deveres e o futuro do Clã. Sasuke reconhecia que o tio-avô era um homem forte e foi responsável pela organização do mundo que ele conhecia atualmente (junto com Senju Hashirama, mas Sasuke não era idiota em tocar naquele nome quando o tio-avô parecia de bom-humor).

— Izuna-sama faz muito mistério. — Fugaku falou, e Sasuke notou um tom mais relaxado na voz do pai, embora ele estivesse com os braços cruzados e olhos semicerrados. Olhou-o direto nos olhos quando comentou que Itachi costumava visitá-los na floresta.

Izuna pegou o copo de saquê, tinha um sorriso discreto delineando os lábios.

— Eu não os incomodava quando treinavam. — Ele disse, encarando o irmão mais velho.

— Eu não o treinei quando éramos crianças? — Madara rosnou, erguendo o queixo, devolvendo o olhar malcriado para o irmão.

— Sasuke-kun. — Fugaku o chamou, ignorando a discussão desenrolar na sua frente. — Diga para Itachi que está na hora.

Sasuke concordou e saiu da cozinha, os pés calçados em meias brancas deslizaram pelo corredor como ele fazia quando era uma criança. Sasuke passou a mão no traje que vestia, havia deixado cair matcha no tecido azul marinho do quimono.

— Você não pode estar falando sério. — Itachi falava, mesmo em baixo tom Sasuke ouviu.

— Só diga que aceita.

Sasuke não entrou no quarto, paralisou no corredor assim que ouviu a voz do pai perguntando por que estavam demorando tanto. Ele não poderia deixar o pai entrar no quarto naquele momento, decidiu encobrir o irmão. Retornou o caminho, combinando com o pai que poderiam treinar juntos naquela semana.

Fugaku aceitou a proposta, ansioso em ver a evolução do filho, comentando sobre o torneio onde todos veriam as habilidades do futuro do Clã. Foi uma conversa rápida, mas totalmente focada em Sasuke e essa atenção agradou-o afinal.

Shisui saiu do quarto com Itachi e olharam calados para os dois no corredor. Eles seguiram para o templo do distrito sem dizer muitas palavras.

Sentado sobre as próprias pernas, Naruto cochichou ao pé do ouvido de Sasuke que o cheiro de incenso estava forte. Sakura pediu para ele se calar, e ouvir com os convidados ouviam a cerimônia. Itachi fez seu juramento e quando terminou, os três se levantaram.

— Ainda bem que eu aprendi a me concentrar com os sapos, ou não conseguiria passar tanto tempo sentado. — Naruto alongou os braços.

— Não exagera. — Sakura balançou a cabeça. — Vamos cumprimentá-lo ou esperamos sua família parar de babar em cima do Itachi?

Os dois riram.

O casal Hyuuga cumprimentava o líder do Clã Uchiha. Neji e Hinata não ficaram muito tempo, nem mesmo o trio. Eles deixaram o Distrito e caminharam até o bairro em que Naruto cresceu.

— Ela parece uma princesa. — Uma menina apontou para Sakura que vestia um quimono cor de rosa com bordados dourados.

— Ela é mesmo uma princesa. — Naruto afirmou, passando a mão na cabeça da menina. — Olha, eles vão construir alguma coisa no prédio em que eu morava.

— Fiquei sabendo que seria um tipo de galeria com várias lojas dentro. — Sakura comentou.

Eles passaram pelo prédio e entraram no bar. O homem atrás do balcão esfregou os olhos, reconhecendo-os. Pegou logo uma grande garrafa de saquê e serviu. Sentados nos bancos, começaram a beber.

Sasuke observava Naruto e Sakura apostarem para ver quem bebia mais, desistindo de acompanhá-los naquela competição. Deixaram o bar altas horas da noite. Chegaram primeiro na casa de Sakura, ela comemorou, provando que bebia mais do que os dois.

— Não precisavam me trazer. — Sakura soluçou ao segurar-se nos braços de Sasuke.

— Acho melhor entrar. — Disse, abrindo o portão. — Vou chamar sua mãe.

Sakura esticou o dedo e levou até a boca dele.

— Shiu! Fale baixo. Mamãe não vai gostar de me ver assim.

— Sakura, você que está falando alto. — Naruto a segurou antes que ela caísse. A mãe de Sakura via tudo da janela. Os dois ajudaram a kunoichi a subir e deitar na cama. — Você está pesada.

— Que grosseria. — Sakura fez um bico e puxou o loiro pelo braço. — Agora leve o Sasuke para casa. Aproveita e coloca ele na cama também. — A kunoichi começou a rir, enquanto Sasuke desviava o assunto.

— Vou preparar um chá de gengibre. — Ele saiu do quarto e não pode ouvir a conversa que os dois tiveram. Ao retornar, Sakura estava sentada chorando. — O que você fez?

— Nada! — Naruto defendeu-se. — Tome o chá, você vai ficar melhor.

— Nenhum chá vai me fazer ser menos estúpida.

Sasuke olhou para Naruto, querendo saber do que ela falava. O loiro apenas balançou a cabeça.

— Você não é estúpida. — Ele a consolou com um abraço, enquanto Sasuke pegava a xícara das mãos dela. — Agora vai dormir.

Eles deixaram a casa assim que Sakura dormiu.

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