Mil e um encontros que deram errados

Dr. Rodrigo

Qual homem que não é tóxico nem nunca foi? 

Se você, caro amigo com pinto, pensar "Ain nem todos são", esse encontro com certeza não é para você. Todos os homens são, foram ou serão tóxicos um dia. E este é o encontro ruim em que eu também fui o encontro ruim.

Era verão de 2018, pleno janeiro, eu estava saindo com a Márcia já algum tempo. Diferente de todas as outras, Márcia era advogada, vinte anos mais velha que eu, extremamente inteligente e bem sucedida. Ela tinha carro, apartamento no grajaú (zona sul de São Paulo) e eu? Bem, eu sabia fazer memes. E é oque sei até hoje.

Você deve estar se perguntando como eu conseguia mulheres tão "poderosas" como a Márcia e a Cleo, a resposta é simples.

Eu mentia.

No caso da Márcia, eu dizia que era estudante do segundo ano de medicina e portanto, não tinha muito tempo para sairmos mas sempre que saiamos, eu ganhava mimos e chá a noite toda. Entendam como quiser.

 Para ser um estudante de medicina não é muito difícil, algumas pesquisas no instagram e você encontra diversos stories de estudantes prontos para serem apropriados e transformados na sua vida acadêmica.

Em nosso último date, fui até o apartamento de Marcinha no Grajaú. Era uma sexta-feira a noite, estava quente mesmo sendo quase dez horas da noite. Portanto eu estava apenas de bermuda e regata com um pingente dourado fino sobre o pescoço, tentando parecer o hetero piranha que nunca fui já que a Márcia gosta mesmo era dos muleques de favela (logo eu, que cresci no bom retiro).

Márcia me recebeu como sempre, de lingerie branca, com rendas, deixando transparecer tudo aquilo que eu já estava cansado de ver e tocar.

Entre a segunda e a terceira garrafa de vinho, já nos preparando para o quarto round, era umas duas da manhã (ou três sei lá), quando avanço na Márcia. O problema na nossa noite começou quando o telefone tocou, para a alegria da advogada que tinha fetiche em falar com as pessoas no telefone enquanto pulava no meu pau. Pedíamos pizza, atendíamos a portaria, mandava áudios para os clientes tudo com a desculpa de que estava correndo quando na verdade, eu estava lá, macetando a advogada.

Não foi difícil atender o telefone mesmo de quatro mas eu consegui ver sobre os ombros dela que quem ligava era sua mãe, Márcia atende o telefone ofegante e pergunta oque aconteceu para ela ligar aquela hora da madrugada.

- Mãe, fica tranquila - Marcinha engole o ar enquanto soco mais uma vez bem forte - Chama a ambulância.

Eu paro na mesma hora e desengato como uma peça que se desencaixa suavemente e permaneço de joelhos na cama enquanto Márcia se senta com o telefone em seus ouvidos, olhando para mim de um jeito preocupada.

- Eu to indo ai, meu amigo ta comigo. Ele é médico.

Fodeu. 

Foi tudo que eu pensei naquele momento.

Márcia desliga o telefone e olha para mim com uma cara assustada e pálida. Meu pau já experiente das aventuras entende oque estava por vir e cai tão rápido quanto time na série B.