Capítulo VI

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A Mari chegou ás 13h lá em casa e eu nem perto de estar pronta. Quando ela me viu de pijama e cabelo amarrado começou a me dar o maior sermão falando que almoçou correndo para me encontrar "crua". Pedi desculpas e disse que não tinha escolhido a roupa que ia usar ainda.

- Beatriz, entra agora no banho, eu escolho alguma roupa pra você. – Disse a Mari, totalmente sem paciência e me empurrando em direção ao banheiro.

E lá fui eu para o banho. Depois de alguns minutos voltei para o meu quarto enrolada em uma toalha e me surpreendi com o bom gosto da Mari.

- Quanto você vai cobrar por ser minha estilista? – Brinquei.

- Um açaí tá ótimo. – A Mari disse.

Apenas dei risada, falando que ela poderia tirar o cavalo da chuva, então peguei as roupas e fui para o banheiro, fiz uma make basiquinha e sequei o cabelo.

Saímos de casa umas 14h e 15, ainda era um bom horário, fomos a pé com a Snow até o Shopping Estação, que ficava perto de casa.

Entramos no Shopping, demos algumas voltas, deixamos a Snow no Pet Shop e fomos comprar o açaí, eu peguei um com morango e brigadeiro e a Mari com M&M e leite em pó.

Estávamos dando voltas e mais voltas pelo Shopping, quando eu disse para irmos ver a programação do cinema, quem sabe não passaria algo interessante naquela tarde. Porém, a Mari cortou meu embalo...

- Não esquece que daqui uma hora a gente tem que pegar a Snow no Pet Shop.

- Nossa, eu tinha me esquecido... – Falei.

A Mari riu e disse:

- Nós vamos atrasar muito para pegar a Snow se formos assistir um filme agora, mas vamos ver a programação desse mês.

Concordei com ela, então fomos em direção ao cinema. No meio do caminho a Mari parou na frente da vitrine de uma loja porque, segundo ela, o tênis que estava lá era "perfeito".

- Bia, você está conseguindo ver o preço? – A Mari disse toda estressada porque a etiqueta estava meio virada.

- Não estou conseguindo ver também. – Eu disse para ela, com a cara quase colada no vidro.

A Mari respirou fundo e disse:

- Espera aí, vou entrar na loja rapidinho para perguntar o valor e já volto.

Eu nem tive tempo de falar um "ok", que a Mari já estava lá dentro. Então fiquei no meio do corredor encarando a vitrine da loja. Comecei a olhar o movimento ao redor, quando os meus olhos pararam em um rosto conhecido, mas que eu preferiria não ter visto naquele momento, lá estava ele, Felipe, de mãos dadas com uma menina que eu nunca tinha visto.

- Quatrocentos reais, Bia, quatrocentos reais, quase engasguei depois de ouvir esse preço absurdo... – A Mari voltou dizendo, ela provavelmente ia continuar a reclamar do valor por um longo tempo, mas parou quando viu meu olhar petrificado e o porquê dele.

- Bia... Vamos... Vamos sair daqui. – Ela disse, me puxando para a direção oposta a que eles estavam.

- Você sabia que ele ia estar aqui? E com quem ia estar? – Eu perguntei para a Mari, com os olhos marejados.

- Claro que não, Bia. Eu teria contado pra você... – Ela disse, me tirando daquele lugar.

Eu estava fazendo o máximo de esforço possível para não derramar uma lágrima, mas esse esforço foi em vão, logo que sentamos numa mesa no canto da Praça de Alimentação, eu as senti escorrendo pelo meu rosto. A Mariana me abraçou e nós duas ficamos caladas por alguns minutos, quando a Mari disse:

- Bia, não fica assim, ainda mais pelo meu irmão, quer que eu jogue a escova de dentes dele na privada?

Mesmo com uma tristeza no peito, não pude deixar de rir do que a Mari tinha dito.

- Não precisa fazer isso... – Eu respondi, secando o meu rosto com um guardanapo que a Mari tinha pegado para mim.

Respirei fundo. Sabia que o Felipe não ia prestar atenção em mim, ele era 5 anos mais velho que eu. Então decidi seguir em frente.

- Acho que nem gosto mais do Felipe. – Disse para a Mari, que riu.

- Bia, você acabou de chorar dois litros aqui nesta praça de alimentação e está com o nariz da mesma cor que um tomate. Você sabe que não é bem assim, não se para de gostar de alguém de um dia para o outro.

Respirei fundo, sabia que ela tinha dito a verdade.

- Vou evitar o seu irmão. – Eu disse.

- Espera, espera! Você não vai me evitar também, não é?

Ri e baguncei o cabelo dela. – Claro que não, Mariana!

- Hum, então tudo bem... Mas sobre a escova de dentes, tem certeza que nã...

- Tenho, Mariana. - Respondi rindo, sem nem deixar ela terminar a frase. 

Então a Mari levantou e me puxou pela mão: - Vem, vamos buscar a Snow.

Memórias do meu Ensino MédioOnde histórias criam vida. Descubra agora