Capítulo 9 - Cercado de Inimigos

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— Comandante, eu vou explicar — Disse Mary rapidamente — Esse é...

— ATENÇÃO! — Cortou o comandante

Os Unicórnios bateram seus cascos.

— PREPARAR! — Exclamou ele novamente

Os chifres dos Unicórnios começaram a brilhar intensamente.

— APONTAR! — Exclamou ele mais uma vez

Os Unicórnios apontaram seus chifres para Nico e Mary.

E o comandante teria dado a última ordem, se não fosse por uma Fada acordada que abriu sua janela para ver que confusão era aquela.

— É a princesa?! — Exclamou a Fada

— A princesa? — Perguntou um vizinho abrindo sua janela

— Os Unicórnios resgataram a princesa — Disse um terceiro

Rapidamente mais e mais Fadas se juntavam àquela plateia indesejada.

— ALTO! — Exclamou o comandante fazendo os Unicórnios recuarem — Levem a princesa para o castelo

— O que fazemos com a fera, senhor? — Perguntou um dos Unicórnios

— Deixem ele comigo

O comandante apontou seu chifre para Nico e o laçou com um raio de energia.

— Esperem, não machuquem ele — Pediu Mary

Mas ela foi ignorada.

...

O rei estava em lágrimas quando reencontrou sua filha. Qualquer tentativa de Mary dizer alguma coisa foi abafada pelo abraço apertado de seu pai.

— Pai, eu preciso muito dizer uma coisa — Disse Mary

— Depois querida, agora eu tenho que lidar com uma coisa — Disse o rei — Tragam o prisioneiro!

Dédalus entrou na sala do trono trazendo Nico suspenso por sua corda mágica. O Lobisomem estava desacordado e com algumas escoriações pelo corpo, indicando que o comandante não tinha feito qualquer esforço para baixá-lo onde o corredor fosse mais baixo.

— Qual o relatório? — Perguntou o rei

— O prisioneiro é um Lobisomem — Disse o comandante — Por alguma razão essa fera estava mantendo a princesa cativa nas cavernas sob o palácio

— Pelo crime de sequestro eu condeno a fera à morte ao amanhecer. Ele deverá ser mantido no calabouço até lá

— O quê?! Não! — Exclamou Mary — Pai, ele não é uma fera e nem me manteve como refém. O Nico é meu amigo

— Quem é Nico?

— Ele é o Nico!

— O Lobisomem? Você deu um nome para isso?

— Ele já tinha um nome. Foi ele quem me disse

— A criança está confusa, majestade — Disse o comandante — Como uma fera poderia ter um nome?

— Eu já disse, ele não é uma fera! Ele me ajudou e nós conversamos bastante, ele é tão inteligente quanto qualquer um

— Um Lobisomem inteligente? — Perguntou o rei — Isso é extraordinário

— Não pai, toda a espécie é assim. Tudo o que a gente sabia sobre os Lobisomens estava errado

— Creio que a princesa esteja falando a verdade, majestade — Disse o comandante — Isso o torna ainda mais perigoso

— O quê?! Como assim?

— Explique-se comandante — Pediu o rei

— Com todo o respeito majestade, não é óbvio? — Perguntou o comandante — Ele sequestrou a princesa e a manteve como refém. Certamente esse é um plano muito bem elaborado para atingi-lo através de sua filha. Os Lobisomens podem estar tramando tomar o reino nesse momento, então nós devemos marchar sobre eles para exterminá-los antes que possam fazer isso conosco

— Você está louco! — Exclamou Mary — Como ele poderia ter me sequestrado com tantos Unicórnios patrulhando pela minha torre?

— Obviamente ele escalou até seu quarto

— Odeio escalar — Murmurou Nico ainda desacordado

— Ele odeia escalar — Disse Mary — Como poderia ter feito isso?

— Desde quando as palavras de um vilão podem ser consideradas? — Perguntou o comandante

— Não, você está distorcendo tudo

— Majestade, não acho que seja apropriado para uma princesa tão jovem acompanhar uma conversa de adultos

— Tem razão — Disse o rei — Mande um dos seus homens acompanhar minha filha até o quarto

— Mas pai... — Murmurou Mary

— Amanhã conversaremos, querida

— Sim, senhor! — Exclamou o comandante — Tom, leve a princesa

— Sim, comandante! — Exclamou Tom

Sem alternativas, Mary seguiu cabisbaixa até seu quarto com Tom em seu encalço.

Mas ela não parou de pensar pelo caminho.

...

— Boa noite princesa — Disse Tom ao deixar Mary no quarto — Amanhã esse pesadelo vai ter acabado

— Foram vocês, não foram? — Perguntou Mary

— Princesa?

— Vocês Unicórnios tramaram tudo isso. Por que?

— Princesa, pelo seu bem, fique no seu quarto

E então Tom fechou a porta.

Mary suspirou e olhou seu quarto. Estava como ela se lembrava, o que quer que tivesse acontecido ali tinha sido revertido, exceto por um detalhe: grandes grades de ferro preenchendo sua janela.

A Fada estava convencida do que precisava fazer para salvar Nico.

Ela pegou sua varinha sobre a escrivaninha e a balançou sobre o ombro, curando a asa machucada. Em seguida ela tocou uma das grades com a varinha, fazendo a estrutura toda desaparecer.

E então, sem pensar duas vezes, ela pulou pela janela.

O Lobisomem e a FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora