O Lobisomem e a Fada

Capítulo 4 - Segredos

Nico então se levantou

­­­— Ok, me espere aqui — Pediu o Lobisomem

— Onde você vai? — Perguntou Mary

— Preciso passar em casa e pegar um mapa. Eu não sei de cor o caminho para chegar na capital

— Mas você pode fazer isso? Achei que precisasse descansar

— Não posso descansar o dia inteiro. Só fique aqui, eu volto logo

Então ele vestiu seu sobretudo, pegou seu chapéu e saiu.

...

Nico precisava olhar bem por onde andava. Ninguém podia vê-lo voltando da entrada da caverna e explicar a roupa que estava usando também não seria nada fácil.

Com muito cuidado, e levando um bom tempo, o jovem Lobisomem conseguiu voltar para casa. Ele entrou, pegou seu atlas e esperava sair em menos de três minutos, mas foi apanhado na saída.

— Moleque, eu te procurei o dia inteiro — Disse uma voz aparentemente zangada atrás dele

— O-Oi pai — Gaguejou Nico se virando

— Onde você foi? E melhor, onde você vai de novo?

— B-Bom pai... olha... eu... eu não vou mentir. Eu estava com uma garota e estou indo encontrar ela novamente

— Garota? Garota mesmo?

— Sim pai

— FINALMENTE!

— Er... então eu posso ir?

— Pode, claro! Que horas você volta

— E-Eu não sei se volto hoje

— Não vai voltar hoje? Esse é o meu garoto. Se acordar cansado amanhã também não precisa se preocupar com a escola

— O-Obrigado pai. Eu já vou então

— Vai lá. Meu filho, meu orgulho

Nico saiu com a respiração pesada e suando frio. Ele não tinha mentido, mas ficaria difícil passar essa história a limpo depois.

Mas não era hora de se preocupar com aquilo. Ainda mais cuidadosamente do que antes ele saiu da caverna e voltou para onde Mary estava.

— Voltei e trouxe o mapa — Disse Nico

Ele abriu o livro na grama e começou a formular a rota.

— Vamos precisar contornar a floresta, passar pelo desfiladeiro e pelo rio bravo para chegar na capital — Disse ele mostrando o caminho para a Mary

— É muita coisa — Disse ela olhando o atlas — Por que não vamos por esse outro caminho? Não tem nada dessas coisas

— Esse caminho passa por duas aldeias de humanos e pelo posto de vigilância dos Unicórnios

— E daí?

— Os humanos vão no mínimo me linchar e os Unicórnios vão, com certeza, me matar

— Bobagem, você estará comigo

— Unicórnios costumam perguntar depois de atacar, principalmente se me virem com você. Esqueceu que todos pensam que os Lobisomens são feras irracionais?

— Tudo bem, eu vou acreditar em você

— Ótimo. Vamos indo, ainda podemos percorrer uma boa parte do caminho hoje

Nico se pôs de pé, mas caiu sentado na grama logo depois.

— O que aconteceu? — Perguntou Mary preocupada

— N-Nada — Gaguejou Nico — S-Só tive uma fraqueza

— Deixa eu ver uma coisa

A Fada colocou sua mão na testa do Lobisomem.

— Você está ardendo em febre — Disse Mary ainda mais preocupada

— É só uma insolação — Murmurou Nico — Eu acho que não descansei o suficiente para me recuperar de todo o sol que tomei. Se eu ficar aqui alguns minutos tudo vai ficar bem

— Você tem certeza?

— Sim, claro. Não se preocupe

O Lobisomem encostou as costas em uma árvore para ficar mais confortável. O problema é que por conta disso ele acabou adormecendo logo depois.

Mary ficou sem saber o que fazer. Nico disse que precisava descansar, então ela preferiu não o acordar. Ao invés disso ela se sentou ao seu lado.

E também acabou adormecendo...

...

Nico acordou assustado. Ele não sabia o quanto tinha dormido, mas sabia que não era cedo. A floresta era banhada por um tom alaranjado indicando o fim do dia.

— Mary, Mary — Chamou Nico acordando a Fada

— Hum? — Perguntou Mary acordando

— Mary, você não podia ter me deixado dormir tanto

— Você disse que precisava descansar, então eu não quis te acordar

— Você não entende, os outros Lobisomens vão começar a sair da caverna daqui a pouco

— Qual o problema? Eles não são bons que nem você?

— São, mas eu não quero ter que explicar para ninguém, muito menos para o meu pai, o que estou fazendo no meio da floresta com a princesa das Fadas. Vamos, a gente precisa se afastar o máximo possível antes do anoitecer