Capítulo III

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O som de uma leve risada ecoou os infinitos corredores — Yoru teve a certeza que aquela melodia era a mais bela que ele já havia ouvido. Inevitavelmente seu coração deu um pulo de alegria, o sentimento da paixão se fez presente mais uma vez demostrando o apreço que tinha sobre o russo, o amor que envolvia ambos fluía ao vento de maneira invisível e delicada. Tão vivos e atentos, mas ainda sim imersos naqueles sentimentos companheiros, uma sintonia que se entrelaçava perfeitamente

Certamente, Yoru nunca se esqueceria do dia em que o fogo se acendeu quando bateu o olho nas íris cativantes de seu amado russo, e quando menos esperava foi mais uma criatura atordoada pela maldição da paixão — Fazia tempo que não se sentia tão sentimental, isso era de certa forma vergonhoso para ser admitido

— Tudo bem? — Sova perguntou com suavidade sem perder seu sorriso sutil

— Ah? Porque — Franziu o cenho levemente

— Você ficou em silêncio por um tempo, e...sorrindo — Naquele momento o azulado sentiu o rosto ficar vermelho, tão descuidado

— S-Seu sorriso — Gaguejou com certa dificuldade em pronunciar tais palavras — É l-lindo

Sova foi pego de supresa, o loiro realmente não imaginava ouvir aquilo, e era óbvio que foi algo muito bem-vindo ao ser processado com calma. Mais uma vez, seu coração ousou bater mais rápido, internamente foi uma comemoração, por fora a única coisa que conseguiu escapar foi um sorriso sutil que não conseguiu ser contido

— Agradeço — O russo sussurrou alcançado a mão do japonês

Os dedos automaticamente se entrelaçaram mais uma vez, se aproximaram um do o outro e a sensação era de fogos de artifícios explodindo não só em seus peitos, mas como no corpo inteiro. Por um curto período ouve o silêncio, agradável e acolhedor, seguiam o caminho sem pressa e talvez até mais lento que o normal, qualquer desculpa para ficarem juntos era aceitada de bom grado. O tempo felizmente passou lentamente e pode ser apreciado com ternura, Sova mais uma vez se perguntou como pode se apaixonar tão perdidamente, e o porque dessa sensação ser tão boa — Um pouco mais — Soltou um grunhido quase inaudível, e reunindo parte da coragem, prendeu a respiração se arriscando em um movimento mais próximo, deitou a cabeça no ombro de Yoru se aconchegando ali mantendo o ritmo da caminhada, em resposta o japonês quase teve um ataque cardíaco ( sem exagero ), o rosto além do vermelhidão de vergonha, era derivado igualmente ao fato do pouco ar que conseguia inalar

Pode ter chegado a ser uma tortura, mesmo sendo a melhor que ele já enfrentou, também era a mais mortal em sua humilde opinião. E quando o japonês se certificou de estarem afastados o suficiente dos demais agentes, enfim tomou uma atitute e parou bruscamente em um corredor afastado e pouco andado, de cara, Sova estranhou e acabou por se afastar de Yoru, um preço triste, mas pelo menos agora o azulado conseguia pensar mais calmamente

— Se não se importar, eu gostaria de dizer algo — Ele não sabia de onde havia tirado a cortesia, de qualquer forma foi uma boa escolha

— E eu adoraria ouvir — Deu um meio sorriso arrumando a postura diante do atual amigo

Yoru sorriu, mais uma vez, seu coração ainda instável enquanto as mãos tremiam levemente. Parecia tão fácil falar as três palavrinhas, entretanto a verdade foi contraditória, e agora, pronunciar uma mera palavra afetiva se torno um desafio. Recorreu por fim o caminho mais longo, no qual o encorajava aos poucos

— Faz poucas semanas que eu me juntei ao protocolo e bem, não vou mentir, antes eu pouco me importava em estar aqui ou coisa assim, pode parecer egoísta, mas eu tinha meus próprios propósitos além de tudo — A cada palavra ele voltava os olhos para o rosto de Sova anotando com cuidado suas expressões, ainda sim foi indiferença — Entretanto as coisas foram imprevisíveis, não sei quando, mas de repente a ideia que ficar aqui pareceu mais que uma sugestão, os motivos são claros, e dentre vários outros estava essa montanha russa que vem me consumindo aos poucos

Ele parou sua fala para respirar um pouco, como se ar tivesse ficado rarefeito passou a ofegar minimamente enquanto a saliva parecia sumir aos poucos, a vontade de parar de falar estava o perturbando, entretanto Yoru estava perto demais para desistir naquele momento. Sendo assim ele suspirou profundamente e voltou a olhar para Sova, dessa vez não desviou os olhos e se fixou no rosto do russo

— Como eu te disse a alguns dias, estou amaldiçoado e enfim posso confessar o nome — Os dedos se entrelaçaram nos do russo como se procurasse uma fonte de conforto — Sova, e-eu...

Abria a boca diversas vezes mas sem conseguir dizer oque realmente queria. Por um momento o loiro se preocupou caso fosse algo ruim — Não vai sair — O pensamento atingiu Yoru e ele choramingou, mas como dito antes, não iria desistir agora, e se esforçando ao máximo ele segurou o ar e quase gritou sua última saída

— Sova, aishiteru!

Eu te amo — Ao ouvir aquelas palavras o russo ficou congelado por segundos, era óbvio que ele sabia oque significava, não queria parecer bobo, mas ficou muito tempo estudando as pronúncias de palavras românticas no japonês — Certamente soo bobo sim, mas ele não estava proibido de fantasiar um pouquinho certo? — De qualquer modo, ainda bem que ele o fez, do contrário jamais iria entender oque seu querido japonês estava tentando dizer

Com cautela e um sorriso sutil, se aproximou de Yoru o suficiente para a ponta do nariz roçar levemente no do azulado — Ele percebeu que o japonês não respirava, não evitou soltar uma risadinha, e antes que o outro pudesse se afastar, Sova se afundou para um beijo que a muito tempo foi desejado, os lábios cálidos foram apreciados com urgência, as mãos mudam rapidamente sendo levadas até o rosto do azulado o impedindo que ele se afastasse, e mesmo que Yoru pudesse, ele com toda a certeza não o faria. Nem em seus melhores delírios poderia chegar naquele paraíso, ter a prova tão real de que seus sentimentos muito provavelmente estavam sendo retribuídos lhe causou não apenas uma explosão interna, mas como uma combustão inteira. Os braços rodearam Sova o mantendo tão perto quanto podia — Deuses sejam piedosos a futuros constrangimentos pois eles estavam aos amassos no meio do corredor — Yoru repudiava o pensamento da interrupção e certamente se fosse sua escolha colocaria todos o agentes pra fora naquele momento

Ainda sim o problema do ar foi se tornando crítico, e pelo fato do nariz do russo estar pressionado contra a bochecha de Yoru ele claramente não teria como segurar mais o contato, do contrário iria desmaiar e ele não gostaria de passar essa vergonha agora ( mesmo sendo uma ideia muito atrativa beijar o japonês até lhe faltar fôlego ). Sendo assim se afastou quando não foi mais suportável, a respiração alta e desregulada estava sendo partilhada com ambos, do mesmo modo se mantiveram próximo um do outro o suficiente para sentirem o aroma exalado

— Ya tozhe — Sova declarou com um sorriso inebriado e um leve rubor nas bochechas

A reação arrancada não poderia ter sido melhor, afinal, Yoru ficou bem confuso e sua expressão estava em um claro ponto de interrogação — Adorável — Ao ponto de vista do russo, quem sabe poderia ensinar um pouco sobre seu idioma ao japonês, uma famosa tarde de estudos no dormitório que certamente todo mundo sabia oque queria dizer realmente

— Eu também — Ele repetiu suavemente se inclinando mais uma vez

Tão rápido quando na primeira seus lábios se conectaram em um beijo faminto, o lugar não era nada apropriado, mas eles pouco ligaram naquele momento. Como previsto ao longe, na curva daquele corredor esquecido se encontrava dois do trio problema como a maioria gostava de chamar: Phoenix e Skye — Jett entretanto não estava, como o esperado a grisalha passava o tempo com Sage aproveitado os momentos românticos

— Porra — Skye resmungou olhando de relance aquela cena — Quero ir no banheiro!

Gritou silenciosamente e seu amigo britânico a acompanhou com uma risada abafada. De um lugar tão grande os banheiros não eram muito bem atrativos, sendo eles os principais extremamente usados ou os afastados e limpos, quem iria prever que no caminho iriam se deparar com aquilo? Não dava tempo de voltar atrás dado que estavam tão perto do destino agora

— A gente...interrompe? — Phoenix perguntou baixinho com vergonha de ver aquilo

— Não — A australiana resmungou com amargura — Não seremos estraga prazeres

— ... — Phoenix se calou por um momento apenas constrangido

— Mas eu quero ir no banheiro! — Skye novamente choramingou

Como o esperado a situação vergonhosa chegou antes do esperado, os deuses não poupam esforços no quesito de dificultar a vida das pessoas, certamente, nunca mudaria 

Maldição da Paixão | ValorantOnde histórias criam vida. Descubra agora