My Safe Haven

strawberry pie - vmin special!

"Existe uma lenda oriental que diz que as pessoas destinadas a se conhecer estão conectadas por um fio vermelho invisível. Este fio nunca desaparece e permanece constantemente preso aos seus dedos, independentemente do tempo e da distância.

Não importa que duas pessoas que estão predestinadas demorem a se conhecer, nem importa que hoje elas vivam cada uma em um canto do mundo, o fio se estirará e se encolherá o quanto for necessário. Mas nunca, nunca, vai quebrar.

De acordo com essa crença, o nosso fio vermelho tem estado conosco desde o nosso nascimento e sempre nos acompanha, apesar do fato de que, com o passar dos anos, ele se enrole e desenrole de forma pontual."

.

Taehyung e Jimin se conheciam desde antes que pudessem se lembrar. Suas mães, mesmo em cidades diferentes permaneciam grandes amigas, fazendo com que em todo verão, se encontrassem.

Pra Taehyung, mesmo tão pequeno, Jimin e a casa dos Park sempre foi a definição de lar. A base que uma criança precisa pra se estabelecer. A base que Taehyung precisava na sua vida confusa desde tão novo.

A rotina e monotonia que o Kim se apegava com todas as forças. Era a única coisa certa desde que se lembra.

Não importava se tudo a sua volta fosse uma confusão barulhenta, estaria na calmaria da casa de Jimin no verão.

Viveria no verão como uma criança tinha que ser, mesmo que não entendesse qual era o problema em casa. Sabia que algo estava errado.

Jimin era seu primeiro amigo, e por um tempo o único. Tinha problemas na escola, desde cedo, problemas refletidos pelos pais, que estavam tão presos na sua própria confusão que não podiam reparar. Então, como uma válvula de escape, Park era tudo que Taehyung queria, normalidade.

Queria muito, com todas as forças se lembrar de como tinha o conhecido, mas era tão pequeno que não conseguia.

Claro, se lembrava de desenhar na calçada com giz de cera. E voltar todo sujo pra casa, Jimin com o rosto cheio de azul e laranja. Mas riam, um do outro, inventando apelidos e criando personagens com a "maquiagem" de Jimin.

Aquilo, por mais bobo que fosse, Taehyung se lembrava. Se lembrava de apelidar seu amigo de Barbosa, quando ambos apareceram com um bigodinho de nescau.

Se lembrava de correr pela casa da tia Park, fingindo ser um Power Ranger. Não se lembrava da sua cor, mas lembrava de deixar Jimin escolher primeiro.

Se lembrava de chorar — não pela primeira vez, sabia que não, mas pela vez importante o suficiente pra que guardasse na memória — no colo de Jimin murmurando o quanto sentia falta dos pais iguais aos dos desenhos, porque achava que seu pai era bravo de mais.

Lembrava de Jimin lhe explicando o dever das cores, mesmo que estivessem de férias. Também de pintarem as bochechas rosa, quando invadiram o quarto dos Park.

Se lembrava de tudo isso, as mais simples memórias que guardava carinhosamente e que o deixavam com o coração quentinho. 

Podiam parecer coisas bobas, Taehyung não ligava, considerava suas lembranças especiais, como aquelas cinco de Divertidamente que formavam a base da personagem. Aquelas lembranças com Jimin eram a base da sua infância, e provavelmente da parte preciosa da sua vida. 

E então, como um flash, Tae sentiu a sensação de quando um momento vem a mente, rápido e preciso, exatamente como um flash de luz, só que suficiente pra que se lembre de todos os detalhes.

Apesar de não ser o momento que conheceu Jimin — até porque não tinha como se lembrar disso — era o que julgava ser sua mais antiga e preciosa lembrança, que sentia a nostalgia de todos os verões passados de uma vez só, numa única sensação.