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__ Khalil? - Mônica chamou, mas não ouviu resposta - Khalil?... - chamou novamente e continuou sem resposta, então ela entrou e olhou o quarto, apenas Khathy estava na cama, ela caminhou até a beirada da cama e viu Khalil estirado no chão - Khalil... - ela balançou o filho e ele se virou sem dar atenção para a mãe.

__ Só mais cinco minutos - ele bateu as mãos no chão procurando o cobertor e então abriu os olhos - droga...

__ Khalil, o que houve?

__ Essa égua selvagem que me deu um coice e me tacou no chão - ele se levantou zangado e olhou para ela, ela estava deitada de bruços e destampada, seu belo corpo à mostra, ele se virou e foi para o banheiro - já volto, vou tomar banho.

__ Não demora, o avião de vocês não demora para partir.

__ Eu não quero ir...

__ Eu sei, mas seu pai já planejou tudo, vai ter um pessoal esperando por vocês no aeroporto.

__ Tá... - ele ligou o chuveiro - afinal, eu não tenho escolha.

__ filho, eu amo você, e não queria que nada disso tivesse acontecido, mas tive que concordar com o seu pai, você precisava de um freio - ela disse escorada na porta - e convenhamos, Khathy é linda.

__ O que ela tem de bonita, ela tem de chatice, grosseria, falta de educação, irônia, deboche, entre várias outras coisas... ah, e de porca, você tinha que ver o estrago que ela fez no meu banheiro ontem! - ele disse desligando o chuveiro e Mônica riu - você ri neh? Suas maquiagens estão aqui.

__ Por isso não achei nenhuma hoje.

__ Exato, mas foi bom, você continua linda apesar da idade, não sei para quê tanta maquiagem - ele pegou um terno no guarda roupa.

__ Tá me chamando de velha descaradamente? - Mônica estreitou os olhos.

__ Claro que não, longe de mim dizer algo assim, eu só disse que você não é mais uma jovenzinha para ficar enchendo a cara de maquiagem, mesmo que fique encantadora, eu nem me lembrava mais como você era linda.

__ Idiota - Mônica riu e ajeitou a gravata dele - nunca mais diga que estou velha - ela puxou a gravata.

__ Ok, ok - ele afrouxou a mesma - eu não falo mais.

__ Perfeito - ela disse docemente - não demora aqui em cima, Margoth fez o café da manhã para vocês.

__ Eu já tô descendo.

__ Está bem, chama a Khathy para tomarem café juntos - ela disse saindo do quarto - tenho algo para fazer na empresa, volto antes de vocês saírem.

__ Está bem - Khalil se despediu da mãe e terminou de se arrumar - eu não vou acordar ninguém - ele olhou para Khathy e então a cobriu.

Na cozinha, Khalil cumprimentou Margoth e se sentou para tomar café.

__ Cadê sua esposa? - Margoth ergueu uma sobrancelha curiosa.

__ Está dormindo - ele se espreguiçou e limpou as mãos guardanapo.

__ Por que não chamou ela para tomar café? O vôo de vocês não vai demorar para sair.

__ Eu sei, mas deixa ela dormir, ela estava exausta.

__ Está bem, eu vou colocar roupas limpas no quarto, para quando ela acordar.

__ Tá - ele deu de ombros e continuou a tomar o café - toma cuidado se ela tiver acordada, ela é delicada igual coice de mula e sultil como um elefante.

__ Não se preocupe - ela saiu de perto dele.

Margoth pegou uma calça jeans e uma regata e colocou na cabeceira da cama, para que quando Khathy acordasse ela tivesse o que vestir.

__ Obrgada - Khathy disse de olhos fechados e Margoth se assustou.

__ Khathy... você está acordada à quanto tempo?

__ Tempo o suficiente - ela se sentou na cama e riu - vou tomar o meu banho, não diga a ele que acordei.

__ Tá - Margoth deu de ombros e olhou para Khathy, sim, ela era linda.

__ Eu não demoro - ela correu para o banheiro e ligou o chuveiro. Tomou um banho rápido, mudou de roupa e desceu com Margoth para tomar café. Khalil estava de costas, o terno perfeitamente arrumado, o cabelo um pouco bagunçado e o cheiro do perfume no ar, ela se aproximou e lhe deu um beijo no pescoço, Khalil se levantou rapidamente e colocou a mão no pescoço, todos os pêlos de seu corpo arrepiados.

__ Tá doida??

__ Não, foi só um beijo de bom... - ela olhou o relógio - de boa tarde - e então sorriu se sentando à mesa - junte-se à nós Margoth.

__ Adoraria, mas tenho que ir embora, meu taxi não vai demorar à chegar, e eu preciso descer as malas.

__ Eu ajudo você - Khalil se apressou em dizer.

__ Não precisa, eu consigo sozinha, aproveitem o café - ela saiu, o vestido rosa delicado lhe caia bem, Khathy pensou.

__ Então, não ia me acordar não é?

__ Você disse que estava cansada - ele tomou mais um gole de café - além do mais, eu não sou obrigado.

__ Está bem... - ela tomou o resto do café em silêncio e saiu da cozinha.

Mônica chegou um pouco antes do taxi que os levariam ao aeroporto.

__ Filho, seu pai não vai poder acompanhar você, surgiu uma reunião de último minuto - Mônica disse a Khalil.

__ Não se preocupe, eu não me importo mais - Khalil colocou as mãos no bolso. Mônica sabia que ele estava triste. Então abraçou o filho.

__ O taxi chegou - a empregada gritou da porta.

__ Já estamos indo - Mônica soltou o filho.

Eles foram para o aeroporto tranquilamente, Mônica no carro logo atrás deles. Eles se despediram mais uma vez e entraram no avião, que não demorou à sair.
Foi um vôo longo e cansativo, Khathy acabou dormindo, ela estava com uma máscara para dormir o que deixava apenas a boca bem desenhada a vista de Khalil. O avião balançou e o corpo de Khathy tombou para o lado se encostando em um homem bonito, de cabelos louros e olhos verdes brilhantes, que sorriu com o presente do acaso e Khalil puxou Khathy para si e à abraçou.

__ Desculpe, minha esposa está exautada depois da noite de ontem, nós não dormimos a noite - Khalil sorriu para o rapaz que lhe retribuiu com um sorriso sem graça.

__ Entendo.

E assim Khalil acabou pegando no sono também.

Casamento às cegas Onde histórias criam vida. Descubra agora