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Naquela noite eles não conseguiram dormir.
Os céus se rasgaram em uma chuva densa, raios e trovões que causavam medo soavam e cortavam os céus da bela Itália.
Peter estava na janela, as gotas de chuva se chocavam contra o vidro.
Algumas pessoas corriam para se esconder nos portais das lojas e das casas.
Eduardo se aproximou de Peter e colocou um cobertor em seus ombros.

__ Tá frio hoje, devia se agasalhar...

Peter ficou em silêncio, desde o incidente naquele dia ele estava quieto, as vezes chorava em silêncio, mas um dos amigos sempre via e lhe abraçava em silêncio.

__ O jantar chegou! - a voz de Henrry soou pelo quarto.

__ Já estamos indo - Eduardo disse e chamou Peter, mas o mesmo não quis ir, estava sem apetite.

Eles terminaram de jantar e foram ver um filme qualquer, eles não pretendiam deixar Peter sozinho.

Do nada Eduardo se levantou e foi para a janela.

__ Ih alá - ele apontou para fora - um fusca rosa com luz neon embaixo!?!

Os amigos logo saíram correndo para ver o tal fusca cor de rosa, até Peter se esqueceu por um instante do ocorrido e foi para janela ver o fusca.

__ Deu ruim para o cara, o fusca morreu! - Henrry falou rindo - pelo menos ninguém vai passar por cima, impossível não ver ele. Com certeza a mulher que dirige ele vai penar para sair daí - ele disse rindo e nesse instante um homem alto e todo tatuado saiu do carro deixando todos de boca aberta.

__ Bela mulher Henrry - Peter zuou o amigo.

__ Olha lá, tá tendo uma festa naquele hotel do lado, olha como ele tá brilhando! - Eduardo disse animado.

__ Não é uma festa, é um show para caridade! - Khalil disse calmamente atrás de Eduardo que deu um pulo de susto.

__ Saiu de onde assombração?? - ele pôs a mão no coração.

__ Eu tava aqui o tempo todo.

__ Tava nada - ele se afastou um pouco e perguntou - como sabe que é show e não festa?

__ Eu vi um cartaz pregado na frente do hotel quando a gente tava saindo hoje.

__ Hmmm... show e festa é a mesma coisa - Eduardo murmurou.

__ Não é não, uma festa pode ter ou não uma banda,  mas o show só é show se alguém se apresentar - Khalil deu de ombros.

__ Ouvido de cachorro - Eduardo resmungou.

__ Eu ouvi isso...

__ Tô nem aí... - Eduardo cantarolou

__ Tá, vamos jogar? - Henrry sugeriu enquanto Peter olhava atentamente o dono do fusca empurrá-lo sozinho para o canto da rua.

__ Jogar o quê? - Khalil perguntou curioso.

__ Cada um fala algo engraçado que aconteceu com ele ano passado, mas os outros não sabiam.

__ Tá - todos concordaram.

__ Eu começo - Peter disse animado e olhou para os outros - ano passado eu conheci uma celebridade, que eu não vou falar quem é,  no aeroporto quando eu tava indo para uma reunião em Seattle. E eu tava de roupa comum e tênis. Quando ela ia passar pelo detector de metal eu parei para esperar porque tava atrás dela, aí um pirralho dos infernos amarrou os cadarços do meu tênis um no outro e quando fui dar um passo para frente caí em cima da moça, foi um desastre total, não passei vergonha maior naquele mês. - todos riram muito de Peter até ele falar - mas no fim das contas, depois de desamarrar meus cadarços e correr atrás do muleke para dar uns cascudos nele, eu saí com uma celebridade.

__ O cara é ninja - Eduardo riu - beteu no filho do zoto dentro do aeroporto. A mãe dele não falo nada não?

__ Não, foi ela que disse " bate nele, pode bater, porque se eu for bater eu vou matar ele ".

__ Minha vez - Henrry disse - ano passado eu tava andando na rua e parei em um sinal vermelho, aí um senhorzinho parou atrás de mim e eu não virei para olhar porque tava esperando o sinal abrir para atravessar a rua, aí o senhor falou: "hoje tem tanto carro, como vou atravessar a rua?" Aí eu todo inocente falei: "atravessa correndo igual eu faço"  aí o carinha riu e respondeu: "meu filho, em que planeta você viu um paralítico correr?" E foi só nesse momento que olhei para trás todo sem graça e comecei a pedir desculpas.

__ Nossa que má nota - Eduardo colocou as mãos na cabeça.

__ pois é,  mas o moço não ficou com raiva, eu ainda atravessei a rua correndo com ele.

__ Eu vou agora - Khalil disse - ano passado eu tava em um pequeno evento na casa da minha tia, meus primos estavam todos lá, as mesas foram separadas para os homens e as mulheres. Vocês sabem que eu tenho 3 primos que são adolecentes, então, eu tava fazendo ora com eles o tempo todo na casa, então eles fizeram um complô contra mim e na hora do jantar, quando eu ia me sentar, um deles puxou a minha cadeira, no susto eu puxei o pano da mesa e acabei no chão e sujo de suco, água e vinho, eu pensei que tive sorte ainda, já pensou se fosse comida? Foi constrangedor, mas nada me impediu de sair correndo atrás deles pelo salão e enfiar a mão na fuça deles.

__ Tá, é meio difícil imaginar você passando vergonha, geralmente é o Peter que não pode ver uma vergonha que já quer passar ela - Henrry disse.

__ Acho que agora só sobrou eu neh?

__ Exatamente - Henrry disse.

__ Ano passado eu tava namorando uma garota muito fofa, um amor de pessoa, e um dia a gente saiu para ir ao cinema, mas ela tava com bronquite e no meio do filme ela ficou ruim, e eu tive que sair correndo para levar ela no hospital porque ela não tava conseguindo respirar direito, quando cheguei lá ela foi para a sala do médico e eu fui para cantina do hospital, e não vi a placa de "chão molhado", eu acabei caindo, mas não sozinho, tinha um doutor do meu lado, eu fui segurar nele mas ele escorregou também e puxou uma enfermera que tava com uma xícara de chá gelado na mão, a xícara dela caiu na minha calça e eu fui embora todo sem graça e parecendo que tinha mijado na roupa e para meu azar a calça ela branca.

__ Viu, ninguém sabia disso, ou melhor, de nada que foi dito aqui, e foi engraçado - Khalil disse.

__ Verdade, e falando nisso, por incrível que pareça eu tô com saudade de casa. - Henrry murmurou.

__ Eu também... - Eduardo falou.

__ Eu queria tá com meus pais agora, e não aqui - Peter disse calmo, seu rosto como o de uma criança com medo dos trovões.

__ Eu não tô não, vou ter que me casar se voltar... - Khalil murmurou frustrado.

Todos riram, no fim eles acabram dormindo na sala com vários cobertores.

Casamento às cegas Onde histórias criam vida. Descubra agora