Uma vela na escuridão

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             ✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶ 

     Essa era uma daquelas manhãs, onde todos pareciam estar absurdamente atônitos. Fosse pelas implicações entre Amren e Cassian, o bom humor de mor ou o contínuo flerte entre rhys e feyre.

- Desgraçado- disse Amren se dirigindo a Cassian- Você suga até a minha última gota de paciência!

- Convenhamos Amren, não é como se vc transbordasse paciência. Não é mesmo?

     Naquele momento eu achei realmente que haveria uma luta corpo corpo. E com certeza apostaria em Amren. Apesar de tudo, me divertia com o ambiente. Rhys então tomou a palavra, e a sala ficou silenciosa.

-Antes de partirem, Miryan e Drakon me pediram um favor.

     Houve uma pequena pausa, mas ele continuou- eles nos pediram, junto com os Serafins, que nós libertássemos alguém, praticamente nos rogaram isso. No entanto não puderam esperar que realizássemos a tarefa antes de partir- Todos sabiam o por que. Eles levaram o caldeirão para suas terras, lugar mais seguro impossível.

-Quem nós libertaremos? Pelos céus rhys, queremos os detalhes- Mor olhava para ele séria, esperava que ele terminasse de contar a história.

-Aparentemente na última guerra, um Serafin foi aprisionado. Eles tentaram por muito tempo liberta-lo. Mesmo assim não funcionou.

-E como exatamente ele foi aprisionado?- Feyre olhava seria para o parceiro.

-Aparentemente, há uns 500 anos atrás, Amarantha o aprisionou. Não é uma prisão física se é isso que estão pensando. Amarantha o amarrou e o selou com uma adaga enfeitiçada na mesa de pedra.

     Eu, Amren, Cassian e mor encarávamos rhys com uma expressão séria. Há muito tempo escutamos boatos sobre aquilo, mas como todos, pensamos que era apenas história.

-Então ela foi selada com uma adaga? Como pode estar ainda viva?- Nestha sibilou.

-Um feitiço parecido com o que ela usou em Jurian, aposto- Amren encarou rhys.

- De fato. Eles depositaram em nós suas esperanças. Mais especificamente- desviou o olhas para Feyre- em você.

- E como eu faria isso?- Percebi que ficou levemente nervosa.

-Feyre querida, quebradora de maldição. Acho que consegue dar um jeito- e sorriu encarando-a. Ela apenas sorriu de volta.

     Depois de debatermos um pouco durante algumas horas, e claro, estudar também. Estudar sobre onde ele estaria, como Feyre o salvaria e como Amren avaliaria o tipo de maldição. Partiríamos na manhã seguinte. Nos dirigiríamos para Sob a montanha. Tudo indicava que o serafim estava lá. Ao nascer do sol todos estávamos prontos, inclusive Elain decidiu ir.

          ✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

-Então só precisamos arrombar essa porta- Cassian já estava impaciente- Vamos, se apressem!

-Grandioso idiota- Amren mais uma vez se inquietando com Cassian.

     Nossa entrada havia sido fácil, mas sabíamos que naquela porta deveria haver muitos feitiços. Nós não sabíamos por que amarantha selou um serafim, pior, por que o deixara ali por 500 anos.

-Você consegue acabar com o feitiço?- me dirigi à Nestha.

-Vou tentar- ela foi em direção a porta empurrando de leve Cassian com os ombros- Acho que vai ser complicado, posso conseguir com a Amren, mas vai demorar um tempo.

- Vamos acampar aqui essa noite, ou até elas duas conseguirem abrir- disse Rhys, encarando todos nós. Não havia muito o que discutir, apenas acenamos e nos disperçamos.

     O feitiço deveria ser muito trabalhoso, na manhã seguinte Amren e Nestha estavam acabadas. Apenas nos informaram que com um pouco de força bruta conseguiríamos abrir a porta agora.C Cassiane eu nos oferecemos para empurrar a porta, quando ela estava prestes a abrir Elain segurou minha mão.

-Você está sentindo alguma coisa- ela perguntou para mim. Minha expressão de surpresa foi drástica.

-Por que? Você viu alguma coisa?

-Nao, eu só... Acho que devo ter me enganado

     Ela não nos disse o que viu, e tampouco falou mais sobre o assunto. Cassian e eu por fim abrimos as portas de pedra, eram absurdamente pesadas.

-Mas... O que?- eu disse sem pensar- Cassian soltou um assobio que diminuiu o volume gradativamente.

     Todos nos empurraram, estavam curiosos por nosso espanto. Ali, dormente sobre a mesa de pedra, com uma adaga cravada ao peito. Não era um Serafim apenas. Era uma fêmea, e a mais bonita que eu já havia visto.

-Ela é simplesmente...-os olhos fixos na bela dormente- belíssima- Feyre estampava no rosto que aquele poderia ser um novo quadro, como não poderia?

     A pele era levemente bronzeada, mesmo 500 anos sob o solo de alguma forma não interviram na beleza dela, aparentemente. Os cabelos castanhos dourados era enormes, talvez continuassem crescendo durante os anos que esteve ali.

-Pelos céus Rhys- Cassian se voltou para o Grão-senhor- por que não nos avisou que veríamos uma beleza como essa?- Nestha de certo se sentiu incomodada, mas a linha fina nos lábios não mudou, os olhos continuaram severos.

- Eu sequer sabia quem encontraríamos aqui, como podem me culpar. E mesmo se soubesse, eu já tenho a mais bela dama do meu lado- ele olhou para feyre, que por sua vez deu uma risada leve e por fim falou.

-Por que não a levamos para Velaris, talvez lá fosse melhor de remover o feitiço.

- É perigoso- eu resmunguei- talvez a pedra faça parte do feitiço- fui até aquela beldade e tentei levanta-la- como eu pensei. A pedra é enfeitiçada. Mesmo com a força de 100 illyrianos não conseguiríamos tirá-la daqui.

     O rosto mostrava beleza, a beleza mais pura. De certo ela deveria ser uma dama, calma, educada e doce. Quando passei a mão pelo cabelo dela, sedoso. A mão de Elain me puxou, não sabia o que deu nela hoje. Mas a sensação... A sensação dos cabelos daquela fêmea permaneceram na minha mão. Era uma sensação boa...

-Vou tentar libertá-la, mas não posso garantir nada- ela colocou a mão na adaga ao peito, ficou quase trinta minutos de olhos fechados, como se tentasse se conectar com a dama dormente. Minha Grão-senhora parecia estar enfraquecendo, mas retirou a adaga do peito da moça. Naquele momento, como um reflexo o peito começou a se mexer. Era como se estivesse se erguendo no mar, como se estivesse quase morrendo e precisasse de ar. Aos poucos os movimentos normalizaram. Ela abriu os olhos e nos encarou. E depois, me encarou.

-São vermelhos...- quase ouvi Feyre dizer "O vermelho mais belo que já vi".

     Os olhos, vermelhos, beldades. Ainda assim, não lembravam o sangue, mas rosas. As mais belas rosas de um jardim, de certo. Ela continuava me encarando e então soltou um ar pesado.

-Você...- ela me encarou. Naquele momento, por míseros segundos, algo aconteceu. Como se tudo na minha vida fizesse sentido a partir daquele momento. Como se uma vela lançasse fogo na escuridão, deixando tudo claro. Tudo estava aceso. Havia luz...

     Tão rápido quanto os olhos se abriram eles se fecharam. E o que acendeu em mim rapidamente se extinguiu e ficou apenas, solitário...

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Corte de laços e caos (Azriel)Onde histórias criam vida. Descubra agora