Nostalgia.

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- Capítulo 9

Caminhávamos pela praia e a sensação da areia grossa que envolvia nossos pés a cada passo, dava a sensação de libertação. Havia muito tempo que não via o mar, acredito que desde os meus nove anos. Respirei o ar da natureza que invadia meus pulmões sem pedir licença. Era bom estar aqui e diferente da vida urbana, a natureza sugava todos os meus problemas, me fazendo esquecer de tudo.
Dei alguns passos em direção à lua que refletia sobre o mar e senti a pequena onda que chegava aos meus calcanhares.

— Nossa, está muito fria. — Sorri

— O inverno têm dessas. — Disse Neji num tom de brincadeira

Me enrolei sobre o casaco preto que usava, na intenção de espantar o frio que beijava cada canto da minha pouca pele exposta.
Olhei mais uma vez a grande bola prateada e fechei os olhos. — Me permiti viver cada lembrança do meu passado e esqueci completamente que estava acompanhada. — Meus olhos enchiam dê lágrimas. Lágrimas cheias de dores do meu passado conturbado.

— Está tudo bem? — Neji havia se aproximado, ele encostou gentilmente sua mão sobre meu ombro, me fazendo se assustar com seu gesto surpreso.

— A-ah, s-sim, estou bem. — Gaguejei e tentei esconder meu rosto para secar as teimosas lágrimas.

— Quando vai parar de mentir pra si mesma ? — Neji ficou em minha frente me encarando — Passei a merda da minha vida inteira me oprimindo com os sentimentos de culpa. Eu sei que não tive culpa por minha mãe ter morrido e muito menos de achar que ela foi substituída por outra pessoa em tão pouco tempo, por isso sou assim — Ele abriu os braços pra que eu o olhasse — Um arrogante do caralho.

— Mas você não tem culpa de se sentir assim. — Tentei rebater suas palavras

— Tenho toda culpa do mundo Sakura. Eu me escondi atrás de uma pessoa que não sou por anos. — Ele cruzou os braços — Me privei de ter amigos, me privei de amar, de respeitar quem estava ao meu redor, me privei de tanta coisa que cheguei a amaldiçoar minha própria existência. Isso é normal pra você? Bom, eu acho que não.

— N-não, não é normal. — Exclamei

— Exatamente! Você não precisa de um sermão num momento tão difícil, mas sinceramente tenho medo que você acabe no mesmo caminho que o meu. Felizmente tive um amigo que me salvou da escuridão. Parei de amaldiçoar cada dia em que acordava. Estudei e hoje sou formado em uma das melhores universidades da nossa cidade, a qual você estuda hoje. Ainda não sei quando estarei pronto pra tomar a iniciativa de governar as empresas da família, mas porra, estou tentando e não vou conseguir tudo de um dia pro outro. E em relação ao amor? Já me fodi dê mais, mas olha pra mim... estou vivasso.

— Eu sinto muito por tudo isso Neji. — Fiquei acanhada, ele estava desabafando e eu não sei o quê dizer.

— Você não tem que sentir nada, aliás, você ainda está aqui e pode começar a dar um rumo em tudo isso.

— Agora me diz por onde começar, não sei, estou completamente perdida. — Balbuciei

— Vem aqui.

Neji me esticou a mão e eu à segurei. Caminhamos a um banco no calçadão da praia e de lá podemos ter uma visão melhor de tudo ao nosso redor. Estou me sentindo mais calma, mas com um enorme nó na garganta.

— Sakura. — Neji se aproximou naturalmente e pude notar mais uma vez o quanto seus olhos são lindos. — Você tem amigos que te amam e te apoiam. Se bem que não sei se eu faço muita diferença pra isso no meio de tanto marmanjo, mas tem meu apoio também. — Ele sorriu — Você tem que recomeçar, tomar um rumo no meio de tanta bagunça.

— E eu quero fazer isso, só não sei se vai ser tão fácil. — Fiquei olhando para um ponto fixo-imaginário — Estou tão acostumada a ficar na sombra.

— Quem disse que será fácil? Você é a porra da luz no meio de todo esse caos. — Ele hesitou com o que acaba de dizer, talvez tenha falado de mais e isso me deixou super feliz.
Instantaneamente fixei meu olhar em seus lábios carnudos e em seguida a sua linda tatuagem no pescoço — Céus, como eu queria toca-la — Não deixei que ele falasse mais nada, levei meus lábios ao encontro do dele e o beijei. Nossas línguas dançavam num ritmo que somente nós tínhamos. Sua mão se envolveu em minha cintura enquanto à outra manuseava o nosso beijo através de um encontro suave em minha nuca.
Não sei qual foi o momento em que aproximei meu corpo para sentar em seu colo. Ele usava a mão que era apoiada em minha cintura e me puxou para nossas intimidades se chocarem brutalmente.
Queria tirar sua roupa aqui mesmo em um local público, sem me importar com quem estivesse olhando. — Mas ele parou o beijo e tentou recuperar o fôlego. O fôlego que eu não queria ter encontrado no momento em que ele separou nossos lábios .

— Neji, isso é tão errado, é covardia de mais. — Sai de seu colo envergonhada.

O sentimento de culpa tomava conta dos meus pensamentos, tudo por causa da maldita aposta.
Eu quis apostar e mergulhei de cabeça nisso, mas não imaginava que ele tomaria espaço em tudo dentro de mim.

— Covardia seria se eu negasse que não queria você. — Disse Neji

Ele selou nossos lábios delicadamente e novamente seu olhar estava sobre mim. O olhar que tanto vejo em meus sonhos ao longo dos meses, o olhar que me faz feliz todas as vezes em que eu cruzo nos corredores da academia de lutas.

— Espero que agora esteja na cara que eu quero você.

Não contive o sorriso que ia de orelha à orelha. Ele colou sua testa na minha e após isso, me deu um beijinho no nariz.

— Trouxe você aqui por uma razão. — Ele se levantou e esticou a mão para mim. Sem hesitar eu à segurei.

Entramos em sua audi e seguimos sobre as ruas iluminadas. No caminho inteiro, Neji me fazia carinho.
Estou ficando super mal acostumada com isso. — É tudo tão novo que o ar de novidade me deixa sempre com o gosto de quero mais, fazendo que eu ultrapasse o limite dê tudo. — O caminho todo foi um silêncio desconfortante para mim. Quero ouvir as implicâncias do Hyuuga, as suas insinuações idiotas, ouvir sua gargalhada e até mesmo aquele papo escroto de que ele não come virgens. Mas entendo também que coloquei as cartas sobre a mesa.
Quero conhecê-lo melhor e pedi por isso.
Talvez não seja fácil ele desenterrar o seu passado para favorecer minhas vontades.

— O gato comeu a sua língua? — ironizou Neji, me tirando de meus devaneios.

— Me estranha o senhor não me atacar com suas palavras grossas o caminho inteiro. — Tentei dizer firme mas caímos na risada. Ele estava me mostrando que está tudo bem.

— Só estava te dando um tempo. — Ele estacionou o carro em frente a uma casa. — Chegamos.

— E onde estamos exatamente? — Perguntei olhando ao nosso redor curiosa.

— É aqui onde eu te amarro, vendo seus órgãos e fico rico. — Ele gargalhou

— E da pra ficar mais rico? — Ironizei e dei um tapinha em seu braço.

Passamos pela cerca do enorme quintal da casa, apesar de parecer que estava abandonada, tudo aqui é bem conservado.
Ele abriu a porta e deu passagem para que eu entrasse.

Os móveis da casa eram rústicos, tenho a impressão que foram feitos especialmente para essa casa ou alguém específico.
É um local confortante, um espaço que me lembre muito a família e ao amor.

A parede era clara e tinha a decoração florida, bem diferente do apartamento dê Neji pelo o que me lembro.

Tudo estava em seu devido lugar, assim como quadros de fotos do Hyuuga quando era criança. — É totalmente nostálgico. — Tão nostálgico que me dá vontade de ficar nesse sofá a tarde inteira agarrada com ele enquanto ouvia suas aventuras..


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O amor é Rosa. NejiSaku [ CONCLUÍDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora