O grande dia havia chegado. Como prometeu, Maria não tornara mais a visitar João, e mesmo o rapaz pensando que sua vida se tornaria mais obscura sem ela, se sentia totalmente completo quando estava com Tainá.
A cerimônia foi feita de modo tradicional, em uma igreja, com rosas brancas e vermelhas, tapete vermelho e tudo o que uma noiva tem direito.
João estava feliz. Pensou em Maria por um momento, em onde ela estaria e se estava feliz. Mas por mais que seus pensamentos estivessem com a memória da irmã, João estava feliz.— Atrapalho? — perguntou sua agora esposa, espantando para longe todo e qualquer pensamento que ele tivesse.
— Você nunca atrapalha — ele a pegou pela cintura e deu um beijo apaixonado na esposa. — Estou muito feliz.
— Eu também — ela respondeu com um sorriso deslumbrante. — Preciso te falar uma coisa. — Seu semblante mudou para sério.
João se preocupou na hora.
— Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa?
— No momento só vontade de te beijar — ela sorriu. — Mas vem, aqui não dá para falar o que preciso te dizer.
Tainá puxou João pela mão e o levou para um quarto, trancando a porta em seguida. Foi até uma cômoda e tirou de lá uma caixinha.
— Sei que é o nosso casamento — ela começou —, e que geralmente são os convidados que nos dão presentes, mas tenho este aqui guardado há um tempo e estava esperando o momento certo para lhe entregar.
Ela entregou a caixinha azul com uma fita branca e ficou na expectativa. João abriu a caixa e seu coração só faltou saltar pela boca quando viu o que tinha dentro: dois sapatinhos de bebê, um rosa e outro azul, fazendo contraste com o branco do interior da caixa.
— Meu Deus! — ele soltou alegre, as lágrimas banhando seu rosto. — Você está esperando um filho nosso?
— Retire o lenço, João! — Tainá falou entre lágrimas e sorrisos.
João obedeceu. Embaixo do lenço havia um papel, um ultrassom que revelava o segredo dos sapatinhos: eram dois bebês, um menino e uma menina.
Três meses — João leu no papel.
Era o tempo exato que Maria havia se despedido. Era como se ele ouvisse as palavras que vez ou outra eram ditas por ela:
“Tudo na vida tem um propósito.”
João não podia estar mais feliz. Tinha tudo o que sempre sonhou e comemorou da forma mais adulta possível: fazendo amor com sua amada esposa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
João e Maria
Short StoryApós perder sua companheira de aventuras, João muda da água para o vinho, ou melhor, da depressão para euforia total. Após ser morta em um arrastão, Maria recebe a missão de cuidar de alguém especial na terra, e é claro que ela não podia deixar de...