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EVELYNN HOSSLER

Uma pontada aguda ocupa parte da minha cabeça, assim como uma dor imensa que parece não ter fim. As palavras do loiro ainda ecoam na minha mente, como uma maldita melodia repetitiva e tudo o que quero fazer é ficar deitada e dormir. Lágrimas descem pelas minhas bochechas coradas, enquanto choro baixo e os meus lábios agora avermelhados tremem. Sinto-me completamente vulnerável, triste e humilhada.

Deixei-o iludir-me e levar a melhor, tratando-me como lixo, depois de se fartar de mim. Há uns anos atrás, prometi a mim mesma que não iria deixar outro homem magoar-me e humilhar-me mas hoje, parece que não consegui cumprir a promessa.

A porta do meu quarto está agora trancada. Um cobertor encontra-se em cima de mim, à medida que eu me encolho e abraço uma das almofadas antes presentes em cima da minha cama, numa tentativa me diminuir a dor que sinto. 

Respiro fundo, fechando os olhos por uns segundos, para me acalmar e finalizar o choro que já dura há uma hora e estico um dos meus braços para agarrar o pacote de lenços presente na minha mesinha de cabeceira.

Odeio a forma como isto me afetou e quero convencer-me que apenas me sinto assim tão mal, porque a minha menstruação está para vir. 

São apenas hormonas, não é possível eu gostar assim tanto dele.

Certo? 

Pouco a pouco, sinto-me ficar cada vez mais calma, até parar de chorar por completo. Agora, fungo, enxugo as minhas lágrimas e sento-me na minha cama, descobrindo parte do meu corpo. 


"Eu só disse aquilo para te foder e claramente resultou."

"Foi fácil."


Que raiva. Fui tão burra, pensei mesmo que ele também gostava de mim. Acreditei nas suas palavras e nas ações dele pensei ter visto algum tipo de carinho, quando tudo o que estava lá era mera perversidade.

O meu telemóvel toca, interrompendo os meus pensamentos e apenas assim dou conta que lágrimas invadiram os meus olhos novamente.

Por muito grande que seja a minha vontade... Não vou ficar o resto do dia fechada no quarto, a pensar nele e a chorar.

Desta vez, vai ser diferente.

Apresso-me a limpar as minhas lágrimas e agarro no aparelho, clareando a garganta antes de atender o telefonema. 


- Alô. - Tento parecer o mais animada possível, disfarçando a minha voz agora rouca e do outro lado, consigo ouvir o barulho de uma música de fundo.

-Hey, posso passar por aí agora? Fui ao Starbucks e comprei a tua bebida preferida, estava a pensar em passarmos o resto da tarde juntas, agora que voltaste. O que é que achas? - A voz animada de Sab invade os meus ouvidos e eu mordisco o lábio inferior, ponderando se deva dizer que sim ou inventar uma desculpa qualquer. Quero estar com ela e sair daqui, mas não quero que Sab me veja neste estado.

Acho uma ótima ideia. Quando chegares vem ter ao meu quarto. - Acabo por responder, após uns segundos em silêncio e Sab concorda, despedindo-se, antes de finalizar a chamada.


Com isto, levanto-me e entro na casa de banho, abro a torneira pondo as mãos debaixo da água e de seguida, molho a cara algumas vezes antes de a desligar.

Saio da casa de banho, abro as gavetas e o meu armário escolhendo que roupa vou vestir. Acabo por optar por umas calças de ganga, um top branco e umas sapatilhas brancas.

𝗙𝗢𝗥𝗕𝗜𝗗𝗗𝗘𝗡 - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora