Atlanta; Mark’s Supermercado; terça-feira; 3:45 da tarde;
– Este parece ser delicioso. – Amber lambeu os lábios diante do iogurte de frutas vermelhas.
– Pegue uma bandeja. Vou adorar experimentar. – disse concentrada na prateleira de cereais.
– Está vendo o bem que você faz para mim?! Eu nunca, n-u-n-c-a vinha ao supermercado para comprar, se que, um pão. Sempre comia em qualquer lugar que encontrasse aberto. – jogou as bandejas de iogurte no carrinho.
– Eu sei... Não precisa agradecer. – gabei-me, fazendo-a rir.
– Você se acha! Não te agradecerei nada, aliais... Não tenho motivos para isso. – começamos a caminhar para o outro corredor.
– Não? Tem certeza?! Então acho que esqueceu que, graças a mim, poupou-se de abrir as pernas para aquele... Oh, Desculpe-me! – notei que havia esbarrado em alguém.
– Não foi anda querid... Elize?! – levantei os olhos e, de repente, levei um susto.
– Tia Pattie? Oh, Céus! – disse espantada.
– O que fazes por aqui?! Não creio que você saiu da Itália para os Estados Unidos e não me disse nada. – ela abraçou-me apertado.
– Eu não fazia ideia de que encontraria você. Deus! – gritei, ainda não acreditando. – Eu estou atolada de saudades.
– Eu que a diga... – ela zombou. – Aliais, o que fazes por aqui?
Troquei alguns olharem com a Amber.
– Eu... Estou morando aqui.
– O que? – ela gritou. – Como? E por quê?
– É uma longa história, a senhora vai se cansar de ouvir... – sorri selando os lábios.
– Não me cansaria, se não estivesse atrasada para um compromisso. – ela fez careta. – Me passa o número do seu celular, amanha irei fazer um almoço especialmente para você em minha casa. Quero sua presença lá. – ele sorriu apertando minhas mãos. – Isso serve para você também, querida. – Amber assentiu.
– Com certeza eu irei, tia. Preciso realmente compartilhar algumas coisas com a senhora.
– Oh, não me diga que está passando por problemas?! – ela me pareceu preocupada.
– Nada demais... Nada que o tempo não cure.
– Mas, me responda... É algo grave? Algo no qual eu deva me preocupar?!
– Não. Apenas as dores da vida.
– Todo mundo é capaz de dominar uma dor, – ela sorriu.
Gritando em minha mente, mas impedindo que as palavras fossem até minha boca, eu pensei: Exceto quem a sente.
Atlanta; 9:28 da manhã;
O filme era entediante em todos os sentidos. Mexia no meu celular vendo as últimas mensagens que haviam me enviado. Nada era de extrema importância.
Lembrava em todos os momentos das palavras do David. Aquilo me perturbava deslealmente.
Recolhi os pacotes vazios de comida que estavam espalhados pelo tapete da sala e fiz o trajeto até a cozinha para jogá-los do lixo.
– Ei, Amber. – chamei sua atenção enquanto voltava à sala. – Lembrou de pegar as correspondências na recepção?
– Ahn, deixe-me ver... Não!