Capítulo 5

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A agressiva luz do sol fez Amanaci acordar, não tinha certeza que aquele tempo com Inhagá e Iara fosse real. Sentiu a realidade e a veracidade de sua nova vida quando escutou uma mulher a chamar irritada.

— Amanaci! — a mulher dizia — Vamos, minha vida? Vai se atrasar para o primeiro dia. Tem torta de mandioca com carne seca. Sei que você adora.— a mulher sorriu tirando o edredom do corpo de Amanaci —Minha linda, o seu dia vai ser incrível! Vamos levante-se.

— Não quero ir para aula hoje — Amanaci disse com a voz cansada porém só estava experimentando quão boa a suposta mãe poderia ser. A primeira imagem que Amanaci observou foi um amarelo gritante que indicava que sua "mãe" estava incondicionalmente feliz.

— E se eu te contar que eu comprei aquele caderno que você queria tanto? E adivinha quem veio tomar café com você?

— Geovana?

— Não conheço nenhuma Geovana. É uma nova amiguinha?

— Não, mãe. Eu sonhei com esse nome.— Amanaci mentiu.

—  Tudo bem, então. Enzo está lá embaixo. Se troque rapidamente, seu uniforme está na penteadeira.— No instante que Emma, mãe de Amanaci pôs os pés para fora do quarto Amanaci se levantou e se dirigiu ao um espaço irregular e observou ao redor. Obviamente ela já tinha visto um banheiro antes mas nunca tinha chegado a usar. Quando ela, enfim, conseguiu achar o chuveiro sua mãe a chamou mais uma vez.

— Amanaci, vai se atrasar! Minha filha, Enzo está lhe esperando, flor! Desça.

— Tô indo, mãe! — Amanaci passou um produto qualquer no cabelo, e após se vestir desceu — Mãe! Mãe! O meu cabelo! — Amanaci passou a mão pelos cabelos que estava caindo em tufos.

Ela havia passado creme depilatório no cabelo.

— Que coisa é essa, Amanaci? — Enzo perguntou tirando o creme do cabelo da menina com o próprio uniforme.

— Eu não sei, eu vi no banheiro e passei no cabelo — Amanaci disse horrorizada.

— Acho que não tem jeito, não. — Enzo constatou.

— Vou te levar para um salão, daremos um jeito querida — a mãe de Amanaci a abraçou.

— Meu cabelo, mãe — Amanaci se despediu dos tufos na camiseta de seu colega.

— Vou levar Enzo na escola e assim que eu voltar, vamos ao salão.

— Tchau, Amanaci. Boa sorte. — Enzo desejou timidamente; Amanaci deu-lhe um sorriso fraco. Sua mãe e o menino caucasiano passaram pela porta Amanaci voltou para o quarto e enxaguou o que havia restado dos seus cabelos negros.

— Eita, meu amor — um homem que Amanaci desconhecia  disse, a aura em um azul fraquinho. —Quer uma mãozinha?

— Não! Saia daqui —Amanaci rosnou. Essa sempre seria a primeira reação dela quando visse um homem com "bondade". Ela nunca acreditaria em nenhum deles. Não mais.

— Menina, você precisa de ajuda.

— Eu já disse para você sair daqui — Amanaci fechou o box bruscamente.

— Tudo bem, depois não venha me pedir dinheiro para o show daquela bandinha ridícula — Ricardo disse em tom afetado levantando as mãos cono sinal de rendição e embora não demonstrasse ser tratado daquela forma por sua filha doía muito. Por que ela mudara tão repentinamente? Eles se adoravam, certo?

Após lavar o cabelo Amanaci correu para o quarto novamente, torceu para aquele homem estranho não estivesse no corredor e para o azar dela ele foi até o quarto dela.

Amanaci - Deusa da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora