Capitulo 2

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Foram exatos 100 anos que Amanaci sentira sua  alma prestes a se exaurir a um lugar distante e obscuro; sentindo-se usada e dominada pelo desejo de vingança. Sentindo ódio e fúria, não só pelos os culpados diretos mas por todos que se omitiram e a deixaram sozinha.

Eu era apenas uma menina, pensou por diversas vezes sempre soluçando e se lamentando por seu flagelo interminável.

Seu corpo sucumbindo às regras que vinham em um ciclo anormal durante esse século todo sem trégua alguma; fizera questão de nunca se esquecer das pessoas que a deixaram naquele estado tão degradante.

E se alguém merece passar pelo mesmo que ela e sentir cada incômodo e se sentir perdida e inssossa essas pessoas seriam  Guaraci e Jaci, nunca vira um casal tão maléfico em toda sua vida.

Jaci é o nome da mulher que a odiou por ser uma criança inocente, por ser mulher, por ser prestativa, sorridente, por ser ela mesma.

E se houvesse alguma justiça divina vigente, Jaci e Guaraci seriam os diabos; Porquê fizeram da vida de Amanaci um  inferno.

Jaci sempre fez questão de humilhá-la e rebaixá-la a uma mera serviçal sem importância Guaraci por certas vezes admitiu o porquê dela estar ali.

Ela era a Deusa da Chuva. Deusa, tinha o poder sobre  o mar, tempestades e trovoadas. Ela que decidiria até quando uma tempestade iria terminar, se chegasse ao fim.

Ela sorriu amargamente. Seria a pior tempestade já vista, um estardalhaço seria feito na aldeia e ela não pouparia ninguém. E em um estalar de dedos Amanaci iniciou uma grande tempestade.

Lembrava-se de cada detalhe com perfeição, de cada rosto. Fez questão de memorizar cada pessoa que estava presente naquele dia fatídico.

Aguçou os ouvidos ao ouvir alguém nas redondezas,Amanaci a observou por um longo tempo, seria a sua primeira vítima se ela não tivesse escorregado para dentro do rio. Amanaci se aproximou da moça de má sorte e quando Amanaci a observou percebeu que seus cabelos tinham cores gritantes e machucavam de certa forma seus olhos.

Mesmo que tivessem feito muito mal para ela, Amanaci percebeu que tinha de salvar a menina para se justificar ao Grande Mediador que ela não fora sempre má em todos os seus feitos.

A mulher tinha manchas pelo corpo, não tinha traços indígenas e estava meio-desacordada. Amanaci a abrigou em um lugar seguro, a mulher era consideravelmente diferente do que tudo o que ela já vira. Seus cabelos eram de um tom  verde chamativo e tinha algumas mechas  pretas, era trançado. Quando Amanaci tocou o seu cabelo por curiosidade a menina acordou desnorteada.

— Quem é você? — A menina perguntou sorrindo — Você me salvou.

— Eu não salvo ninguém — Amanaci diz assustada quando ouviu a voz de alguém depois de tanto tempo, estranhou a própria voz.

— Onde estamos? Eu estava morrendo?

— Não sei, não sei. Chega de perguntas — Amanaci diz irritada; estava confusa com os próprios sentimentos, por quê tinha salvado uma estranha? Por quê?

— Você é a Índia mais linda que eu já vi.

Amanaci a olhou com raiva, essa garota desconhecida estava atrapalhando os seus pensamentos e a impossibilitando de pensar.

— Silêncio. — Amanaci diz trincando a mandíbula.

— Tá cheia de marra, hein?

Amanaci a olhou confusa, desconhecia aquele vocabulário.

— Suma.

— Então, índiazinha, eu me perdi, tipo, já faz alguns dias... 2,3,6,7 — a moça conta nos dedos mas logo desiste — Faz diferença, afinal? Perdi as contas.

Amanaci - Deusa da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora