Recomeço

Eliza

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A paixão é cega
Tateia a felicidade
Sem nunca ter enxergado
É bonita?
Que aparência tem?
A emoção de sentir sem ver
A escuridão dos cegos sentimentos
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A pequena Eliza acordou e teve dificuldades ao abrir os olhos, a babá que já estava no quarto arrumando a roupa de escola da menina se assustou com um choro fino.
- Bom dia meu amor, o que houve?
- Minha garganta tá doendo nana - "cof cof" - Minha mãe já foi?
- Não, está no quarto com seu pai. - Sente a temperatura da garotinha ruiva.
- Chama ela nana, eu to com muita dor ... - Olhava com carência para a babá.
- Tudo bem - Embrulhou-a - Vou chamar a sua mãe e fazer um chazinho pra você, qualquer coisa você grita ok?! - A pequena assentiu com a cabeça.
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- Eu dou tudo que você quer Rafael, porque ainda faz isso comigo? - Lili gritava.
- Eu não fiz nada sua louca, estava com meus amigos apenas, agora me deixa dormir. - Se jogou na cama após tirar o tênis preto.
- Você passa a noite fora e quer que eu acredite que não comeu nenhuma vagabunda? Eu sou tão idiota assim? - Rafael já roncava o que a deixou mais possessa ainda.
- Senhora? - A babá batia pela segunda vez a porta do quarto de Lili.
- O que você quer?! - Disse ao abrir a porta grosseiramente.
- A menina Eliza está com febre, com muita dor, deve ser a garganta dela.
- Eu pago você pra que ? - Saiu do quarto pegando as chaves de seu carro - Dê algum remédio a ela, não sei, eu estou atrasada não me perturbe com isso.

O dia seguiu agitado, Eliza não melhorava, seguia pedindo pela mãe; Rafael ainda dormia e Lili ligou apenas uma vez, não perguntando pela filha mais sim por Rafael, o marido tinha ameaçado deixa-la meses atrás e isso a deixava preocupada.
Eram cinco horas da tarde, Lili chegou jogando a bolsa no sofá, ouviu risos dentro do quarto e foi averiguar o que era, Rafael falava sorridente com alguém no celular.
- Depois eu ligo! Beijo.
- Quem era Rafael? O que conversava de tão divertido? Porque não respondeu minhas mensagens durante todo o dia?
- Como eu te aguentei durante seis anos ? - Rafael levantou arrumando o cabelo, estava em uma calça preta e uma camisa azul todo arrumado.
- Você vai sair ? De novo?
- Vou, dessa vez não sei se volto.
- Você não vai a lugar nenhum! - Lili correu na na frente dele e pegou a chave do carro. - Por favor, fique! vamos conversar, eu te levo no restaurante que você gosta, hm?
- Você não entende que eu não te suporto?
- Mais você me amava... - Se aproximou dele.- Quando nos casamos você me amava, o que foi que eu fiz?
- Nunca te amei Lili, eu sempre quis só o seu dinheiro, porque eu, um jovem de 20 anos ia querer ficar com uma coroa de 40 ? Aquele primeiro ano foi o pior pra mim, fingir que te amava, dormir com você, felizmente nas primeiras semanas eu te engravidei e foi fácil! uma coroa carente e desesperada por amor, só que eu não aguento mais, esses seis anos foram os piores da minha vida, agora eu já tirei o bastante de você, não preciso mais ter que aguentar te olhar todos os dias, me de as chaves do meu carro.
- Seu canalha! Seu carro? Carro que EU comprei com meu dinheiro, seis anos que eu dei tudo pra você! Não, eu não vou te deixar ir, você é meu! Temos uma filha, uma história. - Chorava em meio às palavras.
- Quer saber, não vou mais perder meu tempo aqui, vou chamar um uber, você está completamente louca, quando nos conhecemos você pelo menos era sã.
- Não! - Lili tomou a frente dele que a empurrou no chão. - Seu desgraçado! - Chorou mais ainda quando ouviu a porta batendo. - Você não vai conseguir viver sem mim. - Levantou, abriu a gaveta, pegou uma tesoura, olhou fixamente levantando o pulso, nada fazia sentido sem ele.
A seis anos atrás o primeiro marido tinha a deixado por outra, nunca havia amado ele de verdade, mas aquela traição a trancou totalmente para o amor, tinha decidido ser apenas ela e o trabalho. Então, ele apareceu!jovem, charmoso... como ela tentou se esquivar dos olhares e das investidas, mas ele sorrateiramente a conquistou, uma garoto vinte anos mais novo. As amigas insistiam que era furada e ela ouviu, decidiu deixá-lo, mas a vida imprevisível como é o trouxe de volta ao caminho dela quando descobriu estar grávida; grávida aos 40? Como seria possível ? O primeiro marido era estéril nunca se preocupou em tomar medicamento algum e naquele momento... Foi aí que tudo perdeu o rumo, ele prometeu ser o homem que ela nunca teve, o pai da filha que ela nunca imaginou ter, e foi assim durante quase um ano, ela era feliz, ele tinha se tornado a felicidade dela.