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Braços fortes
Corrente de segurança
Prisão de carinho
Suspiro de aconchego
Cheiro de lavanda
Então é morada?
Quantos albergues até chegar aqui.
.- Tio Germano! - Eliza correu para abraçá-lo. - Você veio mesmo.
- Não consigo dizer não a você princesa.- Colocou a pequena ruiva no chão e voltou a olhar para Lili.
- Você não me disse que tinha convidado o Germano filha.
- Ah mamãe, ele já é quase da família. - Lili se assustou com a afirmação da filha. - Abre seu presente eu quero ver!
- Espero que goste. - Germano entregou a pequena caixa vermelha para Lili.- Uau. - Ana disse, levando seu olhar até Lili que entendia perfeitamente o que a amiga estava querendo dizer.
- Vi e achei que combinaria com você, você gostou?
- Sou eu e ela tio?
- Sim ruivinha, o que achou?
- E cadê o meu? - Todos caíram na risada.
- Vem meu amor, a tia Luiza preparou a sobremesa que você adora, vamo vê se ela deixa a gente comer um pouco antes do jantar.
Lili permanecia olhando o colar, o que deixou Germano apreensivo. A mulher tinha deixado claro que não queria nada com ele, esperava o momento em que ela falasse alguma coisa, nem que fosse o repreendendo.
- Olha... eu só vim por que a Eliza insistiu bastante, eu estava com saudades dela, mas eu não preciso ficar, na verdade eu acho que eu já vo... - Lili o interrompe.
- Você coloca pra mim? - Olhou para Germano de uma forma que ele ainda não conhecia, aquele olhar era novo pra ele, ele colocou o cabelo dela para o lado e abotoou o fecho da joia. - Ficou bom?
- Você está linda. - Ele não conseguia disfarçar o quanto estava encantado.
- Obrigado! - Lili se aproximou e deu um beijo lento na bochecha de Germano. - Não precisa ir embora, Eliza também está com saudades de você.
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Luiza ofereceu bebidas enquanto terminava o jantar, Germano era muito agradável, até demais, pensou Lili.
Ana gargalhava com as histórias que ele contava, enquanto ela e Luiza o admiravam de longe.
- Nossa Lili ele é encantador, como pode estar solteiro até hoje?!
- Algum defeito tem Luh, certas são você e Ana que gostam de mulher. - Luiza sorriu.
- Talvez ele só não tenha se interessado por alguém que valha a pena ainda, quem sabe.
- Com essa idade, quase se aposentando?
- Não exagera, ele é muito bonito, digo com tranquilidade que se eu curtisse homens...
- Eu não acho nada demais. - Lili continuava observando o homem. - Como ele é convencido, meu deus.
- Que?
- Nada. Vamos jantar?
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Os quatro jantaram em harmonia, Eliza tinha jantado mais cedo e já dormia, Ana tinha se entendido muito com Germano, exalava-se um ambiente familiar que deixou Lili confortável, como a muito tempo não se sentia.
- Você já foi casado Germano? - Luiza soltou depois de alguns goles a mais de vinho.
- Sim, mas por pouco tempo.
- Você não me falou desse breve casamento. - Lili olhou irônica.
- Então você é divorciado ? - Ana mais curiosa que Luiza perguntou.
- Infelizmente.
- Infelizmente? - Lili falou automaticamente, pra que queria saber?
- Nos conhecemos na faculdade, ela fazia advocacia, me apaixonei imediatamente, depois que me formei nos casamos, fui a Portugal para um congresso de medicina junto com meu residente após a lua de mel e quando voltei, ela não estava mais lá. Procurei ela por anos e nunca mais a vi, ela só deixou um bilhete dizendo que sentia muito.
- Mais que vaca. - Todos riram do impulso de Luiza.
- Acho que a chefe de cozinha de hoje está um pouco bêbada.
- Estou ótima meu amor.
- Eu sei amor, mas vem - Tomou a taça das mão dela. - Que tal você deitar por um minuto? - Luiza levantou junto com a esposa .- Já volto, você sabe o quanto ela é fraca pra bebida Lili, vem amor.
- Talvez ela só não estivesse preparada.
- O que ? - Germano não entende a afirmação de Lili.
- Sua esposa, desculpe, ex esposa. As pessoas muitas vezes deixam o medo tomar conta, não quer dizer que ela não te amava.
- No amor sempre se tem medo, o frio na barriga e todas as incertezas por ter consciência de que não depende só de você, é o que vale a pena. Eu não valia a pena para ela, mas ela valia para mim. - Lili desceu os olhos devagar até a taça de vinho que segurava. - Bom acho que deu minha hora, amanhã tenho plantão cedo.
- Conversamos tanto que nem vi a hora passar.- Ela levantou acompanhado o médico até a porta. - Obrigado novamente pelo colar.
- De nada, Boa noite Lili.
- Boa noite Germano.
O olhar encantado daquele moreno sobre ela fazia com que se sentisse a mulher mais linda do mundo, desejada, e isso para ela, ali, comemorando mais um aniversário onde a cada ano ela se sentia mais diminuída, menos mulher, menos atraente; era fascinante.
- Germano! - Ele que já estava de costas indo até o elevador, virou olhando a loira que fechava a porta do apartamento atrás de si, ela vinha percorrendo os poucos metros da porta até ele sem deixar de olhá-lo, o coração dele disparou sentindo a aproximação, quando a distância era mínima, ela não falou nada, apenas o olhava tentando assimilar qualquer que fosse o sentimento que estava sentido.
- Está tudo b... - Lili interrompeu o beijando de surpresa.
As mãos da morena subiram até os cabelos grisalhos de Germano que permanecia parado, apenas movia os lábios junto com os dela, o encaixe das bocas pareciam ter nascido para se encontrar, quando Lili pensou em para o beijo, por falta de fôlego, Germano moveu os braços, que estavam parados ainda, fracos pela pressão provocada por aquele beijo, rodeando a fina cintura caloura puxando contra si com força, intensificando o tocar dos lábios, por ele o mundo poderia acabar ali mesmo. Sem ter mais fôlego algum os dois respiraram um contra o outro com as cabeças encostadas, Germano permanecia com as mãos na cintura de Lili, depois de alguns segundos sorriu de leve, levantou a cabeça buscando o olhar dela que ao olhar para ele se desvencilhou, entrando novamente sem falar absolutamente nada.
- Qual o seu problema Liliane! - Falou buscando fôlego ao trancar a porta.
- Que beijo foi esse MEU DEUS fiquei com tesao!
- Ana olhava rindo, Lili se assustou.
- O que?
- Eu vi você atacando o homem, coitado deve tá parado lá até agora.
- Foi só...um impulso que eu já até me arrependi, vou pegar a Eliza e ir para casa.
- Calma, não vai dirigir assim, tremendo - Ana riu de Lili.
- Eu te odeio tanto.
- Eu também te amo!
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Ao chegar em casa, Lili colocou Eliza, que ela trazia no colo, na cama, foi até seu quarto, deitou, fechou os olhos e só o que vinha em sua mente era Germano, e como em uma conexão o celular apitou avisando a chegada de uma mensagem.
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Recomeço
RomanceUma mulher endurecida pela vida, que ama cegamente ao ponto de esquecer de seu amor próprio.