Prólogo

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Edward caminhava segurando o braço onde o pai apertara anteriormente após um chacoalho bem dado. Sua face ainda doía por causa do tapa que havia levado, os cinco dedos enormes de Phillip desenhados perfeitamente num vermelho quase vivo.

Ele chorava sem conseguir parar. Depois de ouvir os gritos incessantes, decidiu andar por aí sem rumo, e fora para a floresta detrás do castelo.

As folhas secas do outono caídas no chão úmido afofavam os seus pés. Ele odiava a chegada do outono e o fim do verão, pois isso significava noites passando frio no convento onde não era permitido a lareira continuar acesa depois de certa hora. As crianças sempre reclamaram agonizantes, mas as freiras nunca atendiam seus pedidos de clemência.

Era uma tortura, na verdade. Edward odiava morar lá, odiava passar a maior parte do ano solitário e longe da sua casa, mas neste dia compreendera que nem em Alexandria e nem em Londres ele era bem-vindo.

Na verdade, o seu pai havia deixado bem claro de que Edward não tinha uma casa. Ele só continuava a recebê-lo ali pelos laços de sangue e nada mais. Mesmo que não quisesse, ele infelizmente ainda era o seu filho e precisava arcar com a responsabilidade.

Contudo, Edward mal teria uma herança quando Phillip partisse. Quase tudo estava no nome do seu irmão mais velho, Louis, o futuro duque.

Ele entendera de maneira bem dolorosa de que estava sozinho. Passou os anos sabendo que seu pai não nutria nenhum tipo de sentimento positivo para com ele, entrementes, não esperava ser praticamente expulso da família.

Todavia, todo início de outono era a mesma coisa. Ele deixava a casa do pai - que o recebia sempre a contragosto - para voltar para o convento onde, por insistência de Phillip, estudava para ser um futuro padre.

Edward, aos quinze anos, tinha a vida toda planejada por ele. Seria clérigo até o padre da catedral de Londres mudar de cargo e então assumiria. Na verdade, tal coisa fora comprada pelo pai, que não queria saber do filho mais novo. Dar a ele uma vida na qual não precisaria se preocupar em ver as suas fuças ou entregar-lhe uma pequena fortuna como herança era o melhor que podia fazer.

Desde que sua mãe morrera, Edward soubera que o inferno, na verdade, habitava a terra.

Andou até se cansar. A tarde caía obscura pelas árvores, mas ele sabia que ainda tinha tempo para caminhar sem a noite tomar conta. O clima, ao menos, ainda estava agradável.

Cansou-se da floresta e decidira ir de encontro com a queda d'água que fazia barulho a uns metros dali. Quando era criança, Edward gostava de sentar-se sobre as pedras e assistir a correnteza descendo a enorme rocha com águas tão cristalinas que era bom para beber.

Fora de encontro a clareira no meio das árvores e estava ansioso para parar um pouco. Precisava se recompor, colocar as ideias no lugar e decidir o que fazer em relação ao seu constante desentendimento com o duque. Não queria mais ter que ouvir suas grosserias, tampouco voltar a viver no convento. O que faria?

ᴀ ᴄᴀsᴀ ᴅᴏs ᴅᴇ𝓢ᴘʀᴇ𝒵ᴀᴅᴏsOnde histórias criam vida. Descubra agora