8. Dia de meninas

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Meredith Pov

Eu estou inquieta desde a hora em que deitei, eu pego o celular e são quatro da manhã, eu praguejo mentalmente, não é uma boa hora para se estar acordada, eu não quero pensar, não quero lembrar, eu só queria dormir. Eu fecho os olhos por alguns milésimos de segundos e as imagens do Jacob me tocando a força, me pegando, me batendo, as marcas horríveis que ele deixou, hematomas, ele enroscando sua mão e dando puxões de cabelo, me agarrando e praticamente me violentando, invadem a minha mente e eu só queria gritar, será que isso nunca passa? Será que eu serei sempre assombrada por esse pesadelo que parece nunca ter fim ? Eu só queria minha vida, minha auto estima, meu auto controle e confiança e me sentir segura de volta, eu estou quebrada, mas ainda não sei bem o que fazer e como me consertar, eu penso enquanto eu tento enxugar as lágrimas que correm sem pedir licença.
No mesmo instante, eu olho a mesinha ao lado da minha cama e tem o cartão do Nathan. Eu penso umas inúmeras vezes antes de mandar qualquer coisa ou até mesmo ligar, já escrevi "desculpas" e apaguei umas mil vezes. Está muito tarde, acho melhor eu tentar dormir. Eu só preciso dormir!

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Nathan Pov

Presenciar a Meredith daquele jeito me causou um certo receio. De fato isso nunca me aconteceu antes. Mas jamais iria força-la a algo que ela não quisesse seguir adiante. Apesar dela se mostrar uma mulher cheia de presença, extremamente forte, decidida e dona de si, eu enxerguei uma certa fragilidade nela, eu não sei exatamente o quê ela "esconde" ou o quê ela tenha passado, mas deu para perceber o quanto isso é perturbador para ela. Eu só espero que ela esteja bem, eu gostei muito dela já de cara e sei que não é só sobre sexo, eu me senti diferente na presença dela, na troca de carinho, na hora da conversa, o jeito que ela se porta e com certeza, eu faria qualquer coisa para ter a companhia dela novamente.

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- Mamãe linda, acorda!

Era uma Stella muito agitada, mas me enchendo de carinho

- A mamãe linda mandou dizer que não está aqui hoje.

Eu balbucio ainda com muito sono, eu acho que exagerei na tequila e na comemoração

- Hoje é o dia das meninas, vamos mamãe, levanta, por favor!

- Que história é essa de dia das meninas?

Eu pergunto e vou me levantando aos poucos

- Eu acabei de inventar, mas tá valendo, não adianta usar os seus "instrumentos"...

A Stella é uma graça, mas muito persoasiva e autoritária quando quer

- Acho que a palavra que você quis usar é argumentos, né mocinha?

- É, essa mesmo. Então, a senhora não vai usar. Vamos, eu já planejei tudinho aqui!

Ela diz apontando o indicador para a cabeça dela e o sorriso dela me ilumina por completo

Sabe, as vezes eu penso que a Stella entrou na minha vida, exatamente para isso. Iluminar toda a parte sombria que ainda me assola nos tempos atuais, quando eu estou com ela, eu não penso nos meus traumas, não penso em meus problemas, não penso em predadores sexuais que eu tenho que deter todos os dias, não penso nas vítimas que preciso salvar. É como se o mundo parasse literalmente, e tudo conspirasse para ela e para mim. Nada mais importa a não ser ela e eu.

- Então, eu acho que vou gostar desse dia das meninas. E a Didi, também vai participar?

- A Didi saiu cedo hoje, igual no seu aniversário... Mas agora eu não sei de nada, eu juro!

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