PREDADOR
Pedro corria livre pela noite, ele sentia-se realmentefeliz e realizado. O vento frio deslizava por sobre suapelagem e o luar guiava seus batimentos cardíacos. Ao longeele conseguia escutar as sirenes, os carros e a vida noturnada cidade, mas eram tão distantes que poderiam fazer partede algum sonho.
O solo sob suas patas o enchiam de energia e euforia eo cheiro de sua presa era inebriante. O caipora era rápido,mas Pedro o deixara ganhar vantagem propositalmente, a caçaera a parte divertida, o abate, era só o resultado.
PRESA
Abaeté sentia seu peito queimar e o medo entorpeciaseus sentidos, "devo chegar a tribo" era a única coisa quese passava em sua mente. A besta estava atrás dele por maisde 5 km agora e não parecia cansada. Ele tentava manter opasso rápido enquanto corria, mas estava cansado demais paracontinuar correndo. Ele precisava de um plano, sua mentemovia-se ainda mais rápido que seus pés, procurando porformas de sair daquela enrascada com vida. Pensou em subirem alguma árvore, mas sabia que seu perseguidor poderiaescalar uma com facilidade. Poderia despista-lo? Não, a coisaera uma caçadora natural. Foi então que uma ideia surgiu emsua mente, se ele mergulhasse no rio que atravessava a mataem que se encontrava talvez fosse capaz de despistar a feraque com certeza o perseguia usando majoritariamente o faro.Sem contar que a velocidade do rio superava a da besta.
Seu objetivo estava traçado, ele só precisava corrermais alguns quilômetros até chegar ao rio. Ele iria escapare por isso não pode deixar de sorrir.
PREDADOR
Alguma coisa estava diferente percebeu Pedro, ele podiasentir, sua presa fez uma curva brusca para direita seembrenhando ainda mais na escuridão da mata, ela pareciamais determinada, seu cheiro mudara de medo para esperança.Ele uivou para o alto, mais determinado do que nunca emalcançar o caipora e se banquetear com sua carne, enquantosalivava incontrolavelmente a besta que um dia andou como umhomem foi ficando maior e menos racional, isso era resultadoda fome e Pedro estava faminto.
PRESA
Abaeté já podia ouvir o som da água, seu coração batiacom um misto de alegria e ansiedade, ele só precisava pularno rio e desaparecer, voltar para tribo e depois reunir-secom os caçadores para matar a besta que o fizera correr comouma criança assustada. Após alguns segundos o rio se tornouvisível e o caipora gritou de alegria, quase que ao mesmotempo em que a fera uivou as suas costas.
Com um saltoperfeito Abaeté sentiu o gelado da água banhar seu corpo,estava salvo, viu a fera chegar as margens do rio e uivarcom frustração, começou a correr seguindo o curso da água emuma tentativa fútil de alcançar o caipora que simplesmenteflutuava e sorria para a besta, foi então que o animal paroude correr e deu meia volta, Abaeté entendeu que a fera haviadesistido e ido à caça de uma presa mais fácil, um veado-campeiro talvez, o caipora mostrou o dedo para as costas dobicho e deixou seu corpo ser guiado pelas águas.
Algumas horas depois o homem saiu do rio, molhado, masfeliz, havia escapado da morte, seria uma história e tantopara contar as crianças da tribo, o caipora que derrotou um lobisomem usando apenas a inteligência, Abaeté sorriu com aideia de se tornar uma lenda viva. Ele pensava na melhormaneira de contar a história a caminho de casa quando ouviuum galho as suas costas se quebrar, o homem não foi rápidoo suficiente e seu corpo caiu no chão, oco e sem vida. Emalguns dias outros caiporas da aldeia de Abaeté encontrariamseu corpo, em alguns meses, todos eles aprenderiam que haviaalgo pior que lobisomens zanzando pelas matas do Brasil.
PREDADOR
Pedro viu o caipora cair na água e uivou comcontentamento, sua presa era inteligente, isso tornava acaça mais interessante, começou a correr ao lado da margemesperando o momento exato de se jogar no rio e dar o bote.Foi quando todos os pelos de seu corpo se arrepiaram, e seuolfato sentiu um cheiro que já havia sentido diversas vezes,morte. Algo esperava por Pedro e pelo caipora mais a frente,algo que ele não queria enfrentar, ainda que meio irracionala fera não era burra, ela deu meia volta e foi atrás dealguma presa que não o fizesse perder a vida, talvez umveado-campeiro.
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O Folklore
FantasyEscondido a plena vista existe um mundo secreto e repleto de mistério. Um mundo onde todas as criaturas tanto dos sonhos quando dos e pesadelos lutam para sobreviver a margem da sociedade humana. O Folklore conta a história desses seres mitológicos...