- Como estão as coisas com seu pai? - perguntei, quando caminhávamos juntos até uma cafeteria próxima a universidade. Já havia passado uma semana desde que tudo havia ocorrido.
- Ele não responde minhas mensagens e não atende minhas ligações - Taehyun tentou falar como se aquilo não o afetasse, mas a verdade estava mais do que clara. - Ontem eu tentei ligar para o escritório do meu pai, mas a secretária disse que ele estava em Incheon.
- E sua mãe?
- Como sempre ela me liga todos os dias. - disse, mordende o lábio inferior em seguida. - Ela quer te conhecer melhor e nos convidou pra um jantar hoje, mas, se não se sentir confortável ainda, não tem problema recusar.
- Eu vou. - falei, assim que entramos na cafeteria.
- Certeza? Eu posso dizer que você estava ocupado ou algo do tipo.
- Não precisa disso. Se nós estamos juntos, isso iria acontecer de qualquer forma, não é.
- Então acho melhor você se preparar mentalmente.
- Não tem como ser pior do que quando você for conhecer minha mãe. Certeza que ela vai contar todas as minhas histórias vergonhosas.
Fizemos nossos pedidos e continuamos conversando enquanto aguardávamos.
- Você se decidiu sobre o concurso?
- Sim, eu vou participar, só preciso encontrar minha inspiração - ri. - Se essa não fosse a parte mais díficil.
- E você vai conseguir.
- Falando nisso, eu tenho algo que sempre me ajuda a encontrar inspiração.
- Pode dizer o que é?
- Bom, quando tudo isso está realmente difícil, eu costumo andar sem ter um destino definido - contei, observando o pequeno sorriso em seus lábios. - Algumas vezes escuto minhas músicas preferidas, em outras só observo observo o que acontece ao me redor. Mas aonde eu quero chegar com isso? Eu queria que você fizesse isso comigo dessa vez - respondi minha própria pergunta.
- É claro que eu vou, é só me dizer quando.
- Obrigado. - Não contive meu sorriso.
Desviamos o assunto de coisas tão sérias e ficamos apenas falando sobre besteiras e coisas engraçadas que haviam acontecido na semana. Talvez nossas risadas estivessem um pouco altas, mas ver o mais novo sorrindo tanto, depois de uma semana tão tensa, era a melhor - e a mais bela - visão de todas.
...
Taehyun me buscou como havíamos combinado.
- Está nervoso? - Perguntou assim que entramos no táxi.
- Um pouco, mas isso é normal, eu acho - respondi.
- Vai ser tranquilo, só minha mãe vai estar em casa.
Taehyun não poderia estar mais enganado. Assim que chegamos fomos recebidos por sua mãe que, após me cumprimentar e dar um abraço no filho, nós levou até a sala de jantar. A mesa já estava servida e, sentado ali, estava um homem que aparentava ser apenas alguns anos mais velho que a mãe do Kang e possuía alguns traços parecidos com os do mais novo. Então aquele era o Sr. Kang.
Contradizendo todas as minhas expectativas sobre a maneira que ele agiria, o homem se levantou e nos cumprimentou.
- Pai, mãe, esse é Choi Beomgyu, meu namorado. - O mais novo me apresentou para seus pais.
- É um prazer conhecer vocês - disse, me curvando.
- Nós estamos muito felizes em te conhecer, Beomgyu. - A única mulher disse, sorrindo. - Sentem-se, por favor.
Todos nos sentamos, eu ao lado de Taehyun, em frente ao casal que também estava sentado um ao lado do outro.
- Você pode ficar à vontade, Beomgyu - ela sorriu e eu acenei, agradecendo.
Um silêncio desconfortável se instalou e a cada segundo o ar parecia se tornar mais pesado. Voltei meu olhar para Taehyun que até aquele momento não havia tocado em sua comida. Com os lábios apertados em uma linha fina, o olhar do mais novo estava fixo em seu pai, como se procurasse coragem para dizer algo.
- Eu pensei que o senhor estava em Incheon. - E ele a encontrou.
- Quem te disse isso? Eu estou em Seul há uma semana.
- Sua secretária, quando liguei para você. Não precisa mentir, eu sei que está me ignorando. - Sua voz se mantinha firme, mesmo que a mágoa fosse visível.
O homem mais velho lançou um olhar repreensivo ao filho e era possível perceber a tensão que havia se instalado ali. Mantive meu olhar em minha comida, eu temia pelo que aconteceria a seguir e como isso poderia afetar Taehyun.
- Ei, vocês dois estão assustando nosso convidado - a sra. Kang disse, tentando mudar o clima. - Vocês podem conversar sobre isso depois, sem todo esse alvoroço.
- Querida, me desculpe, mas sinto que devemos resolver isso agora.
- Concordo - Taehyun disse. - Quero saber se minha família irá me aceitar como eu sou ou se serei ignorado pelo resto da vida.
- Taehyun, que tipo de pai eu seria se te rejeitasse por causa da sua orientação sexual? Eu sei que sou rígido e não demonstro carinho como sua mãe, mas eu não faria isso de forma alguma. Porém, eu queria que você entendesse que não é tão fácil assimilar tudo isso, eu precisava de um tempo para pensar. Acima de tudo isso, eu temi pelo seu futuro, nem todas as pessoas irão reagir como sua mãe, ou como eu.
- Para ser sincero, eu não esperava que o senhor reagisse assim - o mais novo baixou seu olhar. - Eu pensei que brigaria comigo, estava esperando ser tratado da pior forma possível, talvez eu estivesse preparado caso isso acontecesse. Mas quando o senhor me ignorou, eu não soube como reagir. Eu não quero que as coisas fiquem ruins entre nós, podemos continuar como antes?
O mais velho acenou afirmativamente e eu pude soltar o ar que nem ao menos sabia que estava prendendo.
- Agora que vocês se entenderam, vamos aproveitar esse momento? - A sra. Kang disse. - Eu convidei vocês para que você se resolvesse com seu pai, Taehyun, mas também para poder conhecer Beomgyu melhor. Querido, - ela chamou o marido - sabe o quadro que eu dei a Taehyun quando ele se mudou? Foi Beomgyu que pintou, ele não é talentoso.
- Sim, querida. Confesso que a primeira vista me causou certa estranheza, mas com o tempo consegui perceber a originalidade. Você tem muito talento - disse, olhando para mim.
- Obrigado, mas ainda estou longe de ser um bom artista
- Seu namorado é sempre tão modesto? - A única mulher perguntou.
- Quase sempre. - O mais novo respondeu.
- Mas me digam, - a sra. Kang iniciou. - vocês se conheciam antes de Beomgyu entregar a pintura, não é mesmo?
O mais novo contou toda a história de como nos conhecemos e, logo em seguida, a mais velha pediu que eu contasse mais sobre mim. Aos poucos eu comecei a me sentir mais confortável com os pais de Taehyun, ao ponto de que quase toda minha timidez inicial se dissipasse. Ao final daquela pequena reunião, que tinha tudo para dar muito errado, eu já sabia muitas histórias engraçadas da infância do Kang e havia conhecido seus pais e Hobak, o gatinho que fazia companhia ao mais novo desde a infância.
- Obrigado por terem me recebido tão bem, Sr. e Sra. Kang. - Agradeci quando chegou a hora de voltar para casa com Taehyun.
- Foi um prazer ter você aqui hoje, querido - ela sorriu. - Espero que vocês voltem em breve.
- Nós vamos voltar sim, mamãe. - O mais novo disse, se despedindo dos pais em seguida.
Finalmente consegui terminar de escrever esse capítulo, desculpa ter demorado tanto gente e desculpa pelo final meio blé.
Colors tá chegando ao fim e isso me deixa um pouquinho triste 🤧
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Colors
FanfictionVermelho a cor no final do espectro de luz, próximo ao laranja e oposto ao violeta, como o sangue, fogo ou rubis "seus lábios vermelhos". Choi Beomgyu não entendia o que era vermelho, ou qualquer uma de suas variações, mas ao conhecer Kang Taehyun e...