- Não é nada, só... ignora o que eu disse - pedi.O rapaz que estaria em minha próxima pintura, se encontrava ao meu lado, em uma aula de oratória. Por isso, eu rapidamente percebi que ele era mais bonito pessoalmente.
A fim de distrair-me em relação aos meus pensamentos, voltei minha atenção para o que a professora Heejin falava.
- Há pessoas que dizem que alguém nasce com o dom de falar em público, mas a ciência prova que isso pode ser aprendido e aprimorado com a prática - ela iniciou sua aula. - A linguagem corporal e a modulação da voz são tão importantes quanto o conteúdo a ser dito. Alguém sabe me dizer o porquê?
Um silêncio tomou conta do local, aparentemente ninguém sabia o que responder.
- Vocês não precisam ter vergonha de dizer - Heejin falou após alguns minutos de espera.
Me lembrei das minhas aulas de filosofia e do que os teóricos clássicos diziam sobre isso.
- É uma composição estética - falei em meu tom de voz normal, que era um pouco baixo.
- Quem respondeu? - Ela perguntou e eu levantei minha mão. - Pode falar um pouco mais alto?
- Um discurso ou uma apresentação pública são uma composição estética - falei de modo que todos conseguissem me ouvir. - Deve haver estímulos auditivos e visuais para que o orador consiga prender a atenção do público.
- Exatamente. Você é...
- Choi Beomgyu.
- Certo. Como Beomgyu disse, tudo se trata de uma composição estética, ou seja não é obrigatório que se diga algo que as pessoas querem ouvir, mas é importante que seja dito da forma que elas querem ouvir.
O restante da aula foi muito produtivo e interessante, me rendendo várias anotações. Confesso que fiquei com vergonha de falar para todos e, quando ela pediu que eu falasse mais alto, minhas mãos ficaram suadas.
- Ei, Beomgyu? - Ouvi o rapaz ao meu lado me chamar quando estava prestes a me levantar e sair da sala.
- Sim?
- Você falou muito bem mais cedo.
- Obrigado, mas eu não acho que foi tudo isso. Eu quase morri de vergonha.
- Com o tempo se acostuma - ele sorriu. - Qual o seu curso?
- Artes Plásticas. A propósito, não sei o seu nome, apesar de você saber o meu.
- Kang Taehyun, faço Jornalismo.
- Bom, Taehyun, eu tenho que ir para a minha aula agora, mas nos vemos por aí. Até mais.
- Até.
...
Durante as duas semanas que se sucederam, eu passava a maior parte do meu tempo livre pintando. Sentir o cheiro da tinta me trazia uma sensação boa, uma sensação de lar, não sei bem como explicar. Todo o estresse da semana, com todas as aulas, trabalhos e seminários, se dissolvia com uma pincelada simples.
No sábado, a pintura encomendada por Kang Hyorin estava pronta e, por isso, eu estava saindo do táxi para entregá-la no endereço que, coincidentemente, ficava na mesma rua da loja em que trabalho.
Apertei o botão do interfone e esperei até ouvir a voz da sra. Kang permintindo minha entrada. Subi as escadas até o terceiro andar, confesso que precisei parar uma vez para descansar e pensei em como seria bom se tivesse um elevador nesse prédio.
Bati na porta do apartamento e esperei meio segundo até que a porta fosse aberta por Kang Taehyun. Ele estava vestindo uma bermuda preta e uma blusa de manga comprida branca e o cabelo estava um pouco bagunçado.
- Beomgyu? O que faz aqui?
- Taehyun, deixe que ele entre - Kang Hyorin falou. - Ele trouxe o presente que te prometi. Tenho certeza de que vai amar.
Ele saiu da frente da porta e eu entrei, cumprimentando a mulher que havia solicitado meu trabalho.
- Eu estou tão ansiosa para ver o quadro, com certeza deve estar lindo, o seu talento e o meu juntos... - ela brincou e deu uma risadinha.
- Mãe... - Taehyun resmungou envergonhado.
- Pode nos mostrar a pintura, Beomgyu? - Ela pediu e eu concordei, tirando a capa que protegia o quadro.
Olhei para seus rostos buscando por uma boa reação, mas tudo que obtive foram olhares surpresos.
- Tem algo errado? Vocês não gostaram?
- Menino, eu até entendo que vocês pintores querem ser originais, mas você foi longe demais - a sra. Kang falou, agora sua expressão demonstrava desapontamento.
- Q-qual é o problema? - Gaguejei ao perguntar, eu tinha feito do jeito que ela pediu, o que havia de errado?
- Ora, qual o problema, essa cor... - Ela reclamou.
- Mãe! O presente não é pra mim? - Taehyun perguntou e ela concordou. - Eu gostei. Gostei da maneira que ele trocou os lugares que deveriam ser vermelhos por verde, ficou super conceitual - ele sorriu e eu o encarei sem entender, eu havia trocado as cores?
- Jovens e seus gostos peculiares... - Hyorin comentou. - Mas já que você gostou, querido, eu estou feliz. Agora eu preciso terminar o jantar. Eu já transferi o restante de seu pagamento, Beomgyu - falou indo até onde devia ficar a cozinha do apartamento.
- Me desculpe por isso - pedi. - Eu posso refazer o quadro, você não precisa fingir que gostou.
- Não precisa, eu gostei muito, de verdade - ele disse para me tranquilizar. - Aquele dia na aula, quando você disse de pessoas como você, estava se referindo a isso? - ele perguntou.
- Sim, eu sou daltônico. Mas isso nunca aconteceu antes, não desde que eu descobri.
- Entendi. Eu quero tirar uma foto do quadro e postar no meu instagram, eu posso te marcar?
Juro que fiquei feliz por ele não começar um interrogatório sobre o meu problema, como todos sempre faziam.
- Pode - após dizer isso, lhe mostrei minha conta na rede social citada. - Bom, acho que já posso ir embora, certo?
- Meus pais e alguns amigos estão vindo aqui para estrear o apartamento, - falou fazendo aspas com as mãos enquanto dizia a palavra estrear - você não quer ficar e jantar conosco?
- Eu tenho um compromisso agora, mas obrigado pelo convite - falei.
- Tudo bem. Eu gostei muito do quadro, você tem muito talento e está no caminho certo.
- Obrigado. É... Até segunda?
- Até segunda.
Saí do seu apartamento e me apressei em descer todos os degraus da escada. Eu estava envergonhado, isso era algo que não poderia acontecer nunca. E, pensando bem, eu não teria coragem de olhar para Taehyun nunca mais.
Eu preciso prestar mais atenção nos trabalhos. É isso, a partir de hoje vou me esforçar muito mais e vou conseguir contornar minhas limitações.
...
Oi gente, era pre eu postar hoje cedo, mas eu assisti um anime-filme e fiquei chorando rios. Se vocês se interessarem, chama Olhos de Gato e tem na Netflix é muito bom. Eu sou meio suspeita pra falar isso, porque eu sou apaixonada em anime-filme shoujo, mas ok.
Então, sobre a fic: é agora que a história começa de verdade.
Obrigada a todos que estão acompanhando e até mais, estou super ansiosa para escrever o próximo capítulo :)
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Colors
FanfictionVermelho a cor no final do espectro de luz, próximo ao laranja e oposto ao violeta, como o sangue, fogo ou rubis "seus lábios vermelhos". Choi Beomgyu não entendia o que era vermelho, ou qualquer uma de suas variações, mas ao conhecer Kang Taehyun e...