Sob a pálida luz da lua nós dançávamos a última valsa da nossa pequena e silenciosa celebração. Suas mãos em volta do meu pescoço, enquanto as minhas repousavam em sua delicada cintura, sua cabeça apoiada em meu peito, enquanto a minha repousava sob a sua. Seus olhos, a minha parte favorita, seus lindos olhos castanhos, tão intensos, sempre esbanjando felicidade e empatia, mas que agora estavam arregalados em puro pavor.
Naquela noite, enquanto a lua testemunhava a minha felicidade, nós dançávamos, dançávamos sem preocupações, sem se importar com o que viria a seguir. Enquanto dançávamos a melodia suave de uma música qualquer, que eu cantava apenas para você, seu vestido esvoaçante, antes branco, agora tingia-se de um vermelho vivo, intenso.
De repente vieram as luzes, azuis e vermelhas- azul era sua cor favorita, você se lembra?-, naquele momento eu atingi a mais pura felicidade.
Enquanto a adrenalina corria em minhas veias e meu coração acelerava gradativamente, o seu já não mais batia.Eles foram rápidos na invasão, e enquanto os policiais me cercavam e gritavam para eu largar seu corpo já sem vida no chão, eu repetia para mim mesmo, várias e várias vezes: "a minha menina era um anjo, só fiz questão de devolver para o céu".
Conto baseado na música "Noiva Cadáver", do Kamaitachi
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De Conto Em Conto
RandomAlguns contos que surgem em momentos de inspiração. Alguns leves, outros nem tanto.