Conto 2

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Save me

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Sonhos... Sonhos são engraçados.
Sonhos são como uma forma de continuar vivendo mesmo quando nosso corpo está em um estado de inconsciência.

Eu não sei como os sonhos acontecem, nem o porquê de acontecerem, muito menos o significado por trás de um sonho.

A questão é: há três meses eu sonho com um garoto, eu nunca consigo ver seu rosto com clareza, pois os lugares onde os sonhos se passam são sempre muito escuros. A única coisa que consigo ver são seus olhos.

Seus olhos sempre apresentam um brilho diferente, mas nunca é de uma forma boa, ele sempre aparenta estar com medo, assustado. Parece sempre estar se escondendo dele mesmo.

Mas, o mais intrigante nisso tudo, é que ele sempre me pede para ajudá-lo. Segundo ele eu sou a única que posso salvá-lo.

Mas salvar de quê?
O que está acontecendo na vida dele?

Eu nem sei se ele é real, ou apenas algo criado pela minha cabeça.

Mas os sonhos são frequentes e cada vez mais estão se tornando mais reais.
Os machucados em seu corpo, alguns causados por ele mesmo, são extremamente reais. Isso me assusta, pois eu quero ajudá-lo, mas como fazer isso se eu ao menos o conheço?. Eu nunca o vi, excerto nos sonhos.

Isso tudo é muito intrigante...

Termino o banho, que estava tomando a bastante tempo, e fui em direção ao quarto onde botei meu pijama, desci até a cozinha para tomar um pouco de água e retornei ao quarto para dormir. Já era bem tarde e eu estava bastante cansada, por isso não demorei muito para dormir.

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Eu estava andando por um parque muito bonito, à minha frente havia um lago e por cima dele passava uma ponte, lá de cima alguém jogava pequenas pedrinhas na água causando algumas ondulações na mesma. A pessoa estava sentada de costas para mim, fui me aproximando devagar e antes mesmo de falar algo, ele mesmo se pronunciou...

- Você me achou...

- Eu sempre te acho, não é mesmo?

- Não é como se eu quisesse me esconder de você

Nesse momento eu pude ver, nitidamente, seu rosto, ele tinha um pequeno sorriso desenhado em seu lábios finos. Sua pele era muito branca, o que me lembrava grãos de açúcar.

- Você fica lindo sorrindo, deveria sorrir mais vezes- falei me aproximando dele.

- Ultimamente tem sido difícil sorrir...

- Por quê? Me diz o porquê...

De repente todo aquele cenário some, dando lugar a uma rua escura com uma leve neblina, seu rosto voltou a ser coberto pela escuridão e o pouco que conseguia ver de seu corpo, mostravam machucados.

- Eles me culpam - falou abaixando a cabeça

- Te culpam pelo quê exatamente? - me aproximei colocando a mão em seu rosto, que apresentava alguns machucados.

- Pela morte dela.

- Dela quem?

- A minha namorada, eles acham que eu causei a morte dela, mas não é verdade! Eu sofri tanto quanto eles, mas agora todos eles estão me perseguindo.

O abracei apertado, eu queria poder tirar toda a dor que ele sentia. Eu queria protegê-lo de todo mal que pudesse o atingir.

Enquanto ainda o abraçava pode ouvir um pedido de socorro sair de sua boca. Ele me afastou, sua imagem estava ficando cada vez mais longe, mas seus pedidos de socorro estavam cada vez mais altos. Ele estava indo embora disso eu tinha certeza, mas eu não podia deixar isso acontecer.

- Onde você está? - gritei as lágrimas já rolavam pelo meu rosto - ONDE VOCÊ ESTÁ? - gritei o mais alto que pude, eu já estava desesperada.

- Você saberá onde me encontrar, apenas venha...

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Acordei assustada, lágrimas caíam do meu rosto cada vez mais. Dessa vez o sonho foi extremamente real. Algo me diz que ele realmente está em perigo, mas como eu posso ajudá-lo?

Eu não faço a mínima ideia de onde ele está, eu nem sei se isso é real...

A única coisa que eu sei é que se eu não o encontrar ele pode morrer.

Levantei. Enxuguei as lágrimas que ainda caíam, vesti um moletom por causa do frio, e calcei um tênis qualquer.

Peguei meu carro e saí, eu não sabia pra onde ir, eu não sabia onde procurá-lo, mas mesmo assim segui pelas ruas escuras da cidade. Andei até passar por uma rua deserta, imediatamente me lembrei do sonho, a rua era idêntica. Com as luzes do farol do carro eu consegui ver um corpo caído. Estacionei o carro, peguei meu celular e liguei a lanterna.

A rua estava vazia, era quase duas horas da manhã. Fui me aproximando, quando cheguei perto o suficiente apontei o celular para o rosto da pessoa.

Meu coração errou uma batida ao vê-lo ali, caído no chão. Seu rosto estava muito machucado. Ele tossiu, me dando a certeza que de que ainda estava vivo.

Cheguei mais perto e me abaixei deixando meu rosto próximo ao seu, sua respiração estava fraca. O chamei, mas ele não respondeu.

Com muito esforço consegui levá-lo até meu carro e de lá dirigi até o hospital. Chegando lá, ele foi levado direto para a emergência. Preenchi sua ficha, com as informações que eu havia pegado de seus documentos. Pelo menos descobri seu nome: Anthony Clark

Fiquei na sala de espera, até o doutor aparecer.

- Doutor, como o ele está? - perguntei aflita

- Você é parente dele?

- Me diga de uma vez como ele está!

Eu já estava perdendo a paciência.

- Desculpe, mas só posso passar informações para os familiares.

Eu não acredito que vou mesmo fazer isso...

- Eu... Eu sou namorada dele.

- Então venha comigo - ele não parecia muito convencido.

Mesmo assim o segui até o quarto onde provavelmente Anthony estaria. Paramos de frente para uma porta branca com o número 26 gravado nela.

- Ele está aqui, você pode ficar um pouco com ele.

Me limitei apenas a concordar com um leve balançar de cabeça, murmurei um obrigado e esperei o médico se afastar.

Fui abrindo a porta lentamente. Quando a abri por completo pude vê-lo deitado na maca, com a roupa do hospital, seu cabelo estava levemente bagunçado. Seus machucados estavam cobertos por curativos.

Me aproximei dele o suficiente para segurar sua mão, abaixei minha cabeça deixando-a próxima da sua, e dei um beijo em sua testa.

- Está tudo bem agora... - sussurrei e me afastei, mas continuei segurando sua mão.

Seus olhos foram se abrindo lentamente. Ele me encarou, e deu um leve sorriso...

- Você conseguiu me salvar...

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