[05] Incandescência

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- Jungkook! - ouço Jimin me chamando, enquanto saio dali, sem olhar para trás.

Caminho rápido, sem rumo algum, apenas querendo distanciar minha mente de todos. Porém, Jimin me alcança e toca meu braço. Eu viro meu corpo para o seu, sentindo algumas lágrimas saírem de meus olhos.

Sua expressão é confusa, preocupada e vejo também tristeza em seu olhar.

- Jungkook...

- Me deixa, Jimin. Só... Só me deixa. - minha voz sai quebradiça e eu fico com raiva de mim mesmo por isso.

- Não, Jungkook. Você não quer que eu te veja chorar. - ele diz, impaciente e joga seus cabelos para trás. - Mas fala comigo...

- Não quero falar com ninguém agora, Jimin. - respondo, sério, mesmo que minha voz seja fraca. - Eu quero ficar sozinho.

- Você bebeu, eu fico preocupado de...

- Quantas vezes tenho que te dizer que quero ficar sozinho? - interrompo sua fala, com raiva, mas não de si. Tenho raiva da situação, do que acabei de descobrir, de Daeshin.

Seus olhos me olham melancolicamente e ele solta meu pulso que eu nem percebi que ainda segurava.

- Só quero que saiba que não precisa sentir vergonha de mim, Jungkook.

- Para, Jimin! - as lágrimas saem de meus olhos com mais força e deixo-as saírem, sem me importar mais. - Eu acabei de ouvir seu ficante ou sei lá o que me dizendo que se relacionou com meu namorado. Ele beijou e sabe-se lá o que mais fez com Daeshin. Não preciso de nenhum sermão agora. Preciso ficar sozinho. Para de se meter na minha vida.

Jimin ainda parece hesitante, olhando para meu rosto todo, até assentir e dar um passo para trás, devagar.

- Se você quiser conversar...

- Só me deixa. - eu o interrompo e saio dali, mas conforme me afasto e ele não me segue, eu não me sinto melhor.

Sinto-me bem pior, na verdade.

Caminho, mas não para longe da festa, apenas paro quando vejo um banco e sento, com os cotovelos apoiados em meus joelhos, tentando processar a informação.

Daeshin me traiu.

Talvez essa nem tenha sido a primeira vez. Talvez tenham acontecido outras vezes e eu nem me dei conta. Talvez fosse por isso que ele achava que eu estava traindo-o, porque era ele quem estava se relacionando com outra pessoa.

Mas, ao mesmo tempo que a tristeza e a raiva me consome, é como se uma barreira saísse de meus olhos, porque agora eu entendo o que evitei pensar nos últimos meses, como me sinto há muito tempo.

Eu não amo mais Daeshin, não sou mais apaixonado por ele. E isso não é de hoje, é de muito tempo atrás.

Da mesma maneira que Daeshin me conquistou quando nos conhecemos, com sorrisos e conversas nos intervalos de nossas aulas, com o passar dos meses, eu fui deixando, aos poucos, de amá-lo. Por isso eu sempre tentava e ainda tento resgatar lembranças do que fomos, não apenas porque sinto que ele era diferente comigo, mas sim porque eu me sentia diferente com ele, amava-o completamente.

Não tenho raiva ou choro porque o amo, mas sim porque ele é um tremendo de um covarde. Um covarde que, não apenas vem me tratando desse jeito estranho, mas também me traiu. E ainda ousou me acusar de traição.

Penso em Taeyang com Daeshin e o que sinto não é ciúmes, é nojo do último. Minha mente é bombardeada de sensações e conclusões, como se descobrir a traição de Daeshin finalmente tirasse a venda que vinha tapando meus sentidos.

Antes do Pôr do Sol • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora