Relacionamento

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Aziraphale acreditava fielmente que um relacionamento entre ele e Crowley poderia dar certo, eles já compartilhavam momentos juntos há tanto tempo, só precisavam tornar isso oficial. Crowley ainda tinha medo, e por vezes pensava que não era bom o suficiente para o anjo, mas parte dele também acreditava e queria ter algo além da amizade. Ele passou muito tempo sem conseguir parar de pensar que a qualquer momento poderia fazer algo que machucaria o loiro, e conviver com isso era algo muito difícil, ele sabia que precisavam falar sobre isso.

Eles haviam conversado por algum tempo na cozinha da livraria de Aziraphale, onde o anjo deixou bastante claro que teria esperado o tempo que fosse necessário para estar com o ruivo, e que se precisasse ainda esperaria mais. Os dois falaram sobre os acontecimentos de quando estavam separados, assim como discutiram alguns pontos de quando estavam juntos anteriormente. Crowley aproveitou para abraçar Aziraphale mais vezes e o anjo falou que era algo admirável ele ter voltado para falar sobre seus sentimentos, que ele estava muito feliz e orgulhoso. Ambos partilhavam a sensação de que os toques físicos e as palavras carinhosas já eram algo familiar, como se já estivessem se comportando daquela maneira há séculos.

— Obrigado por ter voltado, meu bem. — o anjo falou enquanto ainda mantinha os braços ao redor do pescoço de Crowley, que sorriu sem jeito, ainda um pouco envergonhado.

— Não me agradeça, anjo. — ele olhou para baixo e torceu levemente os lábios. — Estaríamos juntos há tanto tempo se eu não fosse assim...

— Não fale isso! — Aziraphale segurou o rosto dele com uma das mãos, fazendo com que ele olhasse em seus olhos, e o repreendeu docemente. — Não quero que pense que foi o único a passar por isso, a culpa não é sua. Estamos juntos nisso.

Crowley franziu as sobrancelhas e em seguida o puxou novamente para o abraço, apertando os braços em sua cintura e sentindo os cachos loiros passando em sua bochecha. Ele podia sentir o cheiro de Aziraphale e todo o seu corpo pressionado contra o dele, e gostava disso.

— Tudo bem, eu não vou mais falar sobre isso. — ele sussurrou no ouvido do mais baixo.

Aziraphale se permitiu aproveitar mais um pouco daquele contato antes de se afastar, beijar a bochecha do amigo e o chamar para sentar novamente. Ele olhou para o ruivo com carinho, compreendia tudo o que ele estava passando e sabia que não era fácil.

— Eu não estou dizendo para você não falar mais sobre isso, me desculpe se é o que pareceu. — ele sorriu e segurou a mão de Crowley. — Só estou tentando te mostrar que eu estou aqui com você em todos os sentidos e que a única coisa que eu quero é te ver bem. Eu não sei se você percebeu, querido, mas você não é o único aqui apaixonado pelo inimigo.

Crowley jogou a cabeça pra trás e riu abertamente. Aziraphale animou-se ao ver o ruivo parecendo tão leve. Era algo novo estar com ele sem toda a tensão que antes pairava sobre os dois. E não era mais sobre o céu e o inferno, eles não os incomodavam mais há uns quarenta anos, após isso o que sobrou foi a apreensão de estar apaixonado pelo melhor amigo. E demorou muito até tudo chegar ao ponto em que estavam, mas eles finalmente estavam começando a agir da maneira que sempre quiseram, e como o anjo havia falado: tudo ficaria bem.

—Azi, você pode falar como foi tudo isso para você? — o ruivo perguntou após um momento. — Sabe, hum, descobrir o que estava sentindo.

— Claro que sim. — o loiro levantou da cadeira e passou as mãos na frente da roupa para alinhá-las. — Podemos ir para o sofá lá embaixo, o que acha? É mais confortável do que aqui.

Crowley acenou positivamente com a cabeça e, seguindo os movimentos do outro, também levantou de onde estava sentado. Ele pensou em segurar na mão do anjo no curto caminho até o andar inferior, mas logo descartou a ideia, ainda estava um pouco inseguro em tomar qualquer iniciativa além de abraços. Já havia sido algo grande demais reunir toda a coragem para chegar à livraria e dizer que estava apaixonado, e ele nem sabia se o anjo gostaria de segurar sua mão enquanto andavam, eles ainda não haviam conversado sobre o que iria ou não acontecer dali pra frente. Esses pensamentos ocuparam sua mente por cerca de dois ou três minutos, e quando ele menos notou já estavam no cômodo no andar de baixo.

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