Sim

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Junho de 2020

O dia estava lindo. Taehyung estava nervoso e podia sentir todos os membros o corpo tremularem de ansiedade. O suor acumulava na nuca, logo abaixo dos cabelos recém cortados.

— Nervoso? — Jimin, um dos poucos amigos verdadeiros de Taehyung, entrou no quarto já trajado com o terno de cor clara.

— Acho que vou explodir — confessou.

Jimin sorriu e abraçou o amigo de maneira acolhedora. Taehyung se permitiu relaxar no cuidado que lhe era entregue. O mais baixo se separou do abraço e fitou o outro.

Com delicadeza ajeitou a gravata borboleta azul marinho, presa na gola da camisa branca. Fitou mais uma vez o rosto do amigo e depositou um pequeno beijo na bochecha dele.

— Vai dar tudo certo.

Taehyung não respondeu, apenas concordou com a cabeça portando um sorriso mínimo no rosto. Viu o amigo se virar e deixar o quarto com calma. Respirou fundo e se olhou no espelho. Estava bonito.

Dificilmente se sentia bonito. Mas naquela ocasião se sentia belo. Portava a beleza que estava acima dos atributos físicos. Era uma beleza plena, que provinha da felicidade mais genuína que podia sentir. Nunca imaginara que poderia ser tão feliz, como estava sendo.

Sorria para seu reflexo no espelho, completamente satisfeito. Havia feito muitas escolhas na vida, algumas boas, outras nem tanto. Mas dentre todas elas, estar com Jungkook era, sem dúvidas, a mais correta e prazerosa.

Enquanto devaneava sobre o quanto tinha tido sorte em dar like no perfil do namorado, Jungkook, em outro quarto do mesmo hotel, terminava de ajeitar a camisa para dentro da calça branca. Estava acompanhado por Hoseok e Namjoon, seus amigos da faculdade. Apesar de nervoso, estava sorridente e fazendo brincadeiras.

— Na previsão diz que não chove nos próximos seis dias — Namjoon disse tranquilo, olhando para o celular.

— Vai dar para aproveitar bastante então — Jungkook respondeu animado.

— Vai sim.

Hoseok alinhava seu sapato sem muita paciência com os cadarços tão finos. Não era muito fã de sapatos sociais.

— Os convidados também poderiam ficar descalços — comentou.

— Sinto muito, Hobi, esse privilégio e apenas para os noivos — o mais novo respondeu debochado.

— Falando em noivos, como vocês vão chegar ao altar? Por que, quem vai fazer a noiva?

— Ninguém, somos homens — indignou-se de brincadeira. — Vamos caminhar lado a lado, assim como temos feito desde que estamos juntos.

— Seus pais não vêm mesmo? — Namjoon perguntou.

Jungkook parou o que estava fazendo e silenciou-se por poucos minutos, pensando na resposta.

De fato, os seus pais não aceitaram seu namoro com outro homem e, para completar, o deserdaram como filho. Jungkook deixou a casa dos pais, e se não fosse pelo irmão mais velho, sairia apenas com as roupas do corpo.

Junghyun foi o único de sua família que ficou ao seu lado, sendo igualmente o único que fora convidado para o casamento — simbólico, já que a Coréia não reconhecia a união entre pessoas do mesmo sexo. E, por isso, a pequena cerimônia para 20 convidados aconteceria em uma cidade litorânea do Japão.

Não conseguiram um padre que abençoasse o casamento por motivos óbvios. Mas conseguiram um monge legal para dizer palavras bonitas sobre o amor, uma vez que o budismo não condenava relações homossexuais.

Herança Imprudente VitalOnde histórias criam vida. Descubra agora