Redescobrindo

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Setembro de 2017

Dois meses sem notícias de Jungkook. O sentimento por ele não havia sumido, mas também não doía mais. A vida lhe cobrava responsabilidades e não havia tempo — além dos 50 minutos semanais da terapia com SeokJin — para sofrer.

O pronto socorro estava um inferno. Taehyung não entendia como isso acontecia, parecia que as pessoas às vezes combinavam um dia para adoecer juntas só para enlouquecerem os técnicos de saúde. Faltava uma hora para entregar o plantão e sentia que o tempo simplesmente não passava. Parecia que cada minuto durava um dia.

Na sua última hora de trabalho, normalmente ficava responsável por verificar medicações, instruir os técnicos, verificar o estoque de medicações e quando em falta, se encarregava em buscar na farmácia. Era um enfermeiro eficiente e muito bem quisto no setor, além de ser respeitado em sua profissão.

Finalmente se dirigiu ao vestiário, para organizar suas coisas e ir para casa. Colocou o avental em uma sacola, ele veria água assim que chegasse em casa, estava respingado com sangue de um paciente que dera entrada com uma fratura exposta nos minutos finais de seu plantão.

Estava cansado e precisava de um banho urgente. Despediu-se dos colegas de trabalho depois de passar o plantão ao enfermeiro que o cobriria. Deixou o prédio hospitalar, caminhando até o seu carro estacionado no estabelecimento à frente.

No entanto, paralisou ao ver a silhueta de Jungkook lhe fitando do outro lado da rua, na entrada do estacionamento. Ele mantinha as mãos nos bolsos e a cabeça levemente abaixada. Não sabia se deveria ir até ele ou não. Havia dito que não o perturbaria, mas, ao mesmo tempo, o mais novo parecia estar lhe esperando. Decidiu se aproximar lentamente.

— Oi, Jungkook — disse cheio de ansiedade, com o coração acelerado.

— Oi, Tae. — Ele parecia hesitante e receoso. — Podemos conversar? Você está ocupado?

— Estou indo para casa agora, se quiser podemos nos encontrar em algum lugar. — Seus olhos encontraram os de Jungkook e o sentimento que nutria por ele se mostrou presente e muito vivo. — Se você quiser, é claro.

— Posso ir para sua casa com você? — Havia muito receio em sua voz.

— Claro, pode sim. — Sorriu mínimo e caminhou em direção à entrada do estacionamento, sentindo o outro lhe seguir.

Entregou o ticket ao manobrista e cruzou os braços, aguardando que o outro voltasse com seu carro de pintura vermelha. O clima era estranho, apesar de não parecer tenso.

— Você está com alguém? — Jungkook quebrou o silêncio incômodo.

— Não, e você?

— Também não.

O carro diminuiu a velocidade e o manobrista saiu do interior, deixando a porta do motorista aberta. Jungkook contornou o carro pela frente e entrou, sentando-se no banco do carona. Taehyung sentou-se e ajeitou o cinto em volta de seu peito após fechar a porta do carro.

Deu partida no veículo saindo do local próprio para guarda de carros — a maioria de funcionários do hospital. O silêncio continuava a incomodar. Ligou o rádio, selecionando uma estação que era conhecida por divulgar músicas clássicas e suaves.

— E como você está? — Agora foi ele quem teve coragem para puxar assunto.

— Eu... — Percebeu que o rapaz de cabelo escuro olhou para si. — Eu estou com saudade de você.

Taehyung sentiu uma taquicardia violenta. Ele também sentia muita saudade de Jungkook. Sentia falta dos jantares, dos filmes, dos carinhos e dos beijos.

Herança Imprudente VitalOnde histórias criam vida. Descubra agora