O segredo

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Julho de 2017

O clima estava pesado. Mais uma vez discutiam por causa do comportamento arredio de Taehyung em relação à sexo. Haviam avançado um pouco mais naquela tarde — folga do mais velho — e de repente, sem mais nem menos, a mão de Jungkook foi retirada do pênis do mais velho.

— Porra, Taehyung, de novo? — reclamou.

Taehyung se ajeitou no sofá, apoiando os braços nos joelhos e a cabeça nas mãos. Olhava para baixo completamente desapontado consigo mesmo. Não era nada com Jungkook, e sim consigo, mas não havia coragem em si para falar sobre o assunto.

Mas era preciso. Quase seis meses em que estavam juntos e ainda não haviam tido nenhum momento mais íntimo. Sabia que o outro estava certo em lhe cobrar, no mínimo, uma explicação. Fora que não poderia ficar para sempre no silêncio de suas inseguranças.

Levantou-se do sofá, recompondo-se dos amassos que foram deixados em sua roupa, subiu o zíper do jeans para fechar a calça. Coçou a própria boca e olhou para Jungkook de maneira séria e incerta.

— Precisamos conversar. — Ele disse completamente firme e viu o mais novo concordar com a cabeça. — Quer vinho? Eu vou precisar.

— Tae, você matou alguém? Porque isso está muito estranho.

Ignorou a fala do rapaz e caminhou até a pequena adega que tinha em sua sala, servindo-se em uma taça Bordeaux um pouco de vinho Cabernet Sauvignon importado da Argentina, um de seus preferidos. Jungkook negou receber uma taça, estava tenso demais para beber.

— Sabe como degustar vinho? — falou tentando se acalmar antes da conversa séria que teriam.

— Não.

— Depois de encher ¼ da taça, a gente inspira um pouco do odor do vinho... — Demonstrou. — Aí olhamos para as cores dele e depois giramos o líquido na taça, antes de inspirar novamente. — Fez o que falou. — Só aí é que bebemos um gole curto. — Bebeu brevemente. — É preciso paciência e treino.

— Não sei onde essa conversa vai chegar, não estou entendendo — reclamou.

— Com o passar dos anos eu aprendi a ter paciência para degustar vinhos e entender seus sabores e aceitá-los. — Recostou-se no sofá. — Nem sempre o sabor é tão bom de primeira, exige sensibilidade, entende?

— Vá logo ao ponto, Taehyung — disse visivelmente irritado.

— Vou precisar da sua paciência e de sensibilidade também.

— Mais paciência do que eu venho tendo?

— Creio que sim. — Entornou mais um pouco do vinho antes de repousá-lo na mesinha alta de tampo redondo de vidro que ficava ao lado do sofá. — Eu nunca imaginei que me envolveria com você, teria sido mais fácil para mim se naquele primeiro dia a gente tivesse transado e só.

— Então você está me punindo por não transar no primeiro encontro?

— Não! Nunca pense isso. Acontece que... eu não costumo sair uma segunda vez com as pessoas, e eu já te disse isso. Mas, olha, quase seis meses e eu gosto muito da sua companhia, sinto saudade de você, quero passar horas e horas ao seu lado...

— E por isso não transa comigo? — Parecia indignado. — Quer dizer, não transa e não faz mais nada, né?!

— Acontece que a gente atingiu um nível de intimidade muito grande para mim e isso não me deixa fazer nada sem te contar uma coisa antes e sempre me faltou coragem para falar. — Fez uma pequena pausa. — Não seria justo com você.

Herança Imprudente VitalOnde histórias criam vida. Descubra agora