#4 | fluffy | magic universe |
1183 palavras
• em que Sirius acaba bebendo demais e resolve se declarar.
warning: bebida"Gente, gente. É sério, eu tenho algo a falar. Prongs, cala a boca." – Sirius falou, a varinha encostada na garganta lançando um feitiço para tornar sua voz mais alta, os cabelos bagunçados e caindo pelo rosto, deixando sombras pela sua face que apenas o tornavam mais atraente, na opinião da maioria das garotas e garotos reunidos na sala comunal da grifinória.
A festa em questão não era muito diferente das outras que os grifinórios costumavam organizar. O motivo da comemoração daquela vez era uma vitória no quadribol, conquistada naquela tarde graças à perspicácia e velocidade de James. Os alunos conversavam, dançavam ao som de músicas trouxas escolhidas por Sirius e Lily e bebiam incontáveis garrafas de firewhisky.
No entanto, após os pedidos de silêncio por Sirius, a quietude tomou conta do local. Todos os presentes pareciam curiosos: Apesar de não ser incomum Sirius ficar bastante bêbado e pedir para fazer um discurso, aquilo nunca perdia a graça.
"Então" – ele começou, a voz arrastada causada pela bebida – "Eu decidi hoje que não quero mais guardar segredos. Quero falar tudo que eu jurei guardar à sete chaves e nunca deixar sair. "
James suspirou, imaginando o que viria dessa vez.
"Tem alguém que eu amo. Eu o amo de verdade. Sei que eu sou conhecido por beijar qualquer um que me queira, o que, convenhamos, se aplica à todas as meninas não lésbicas e todos os meninos não heterossexuais dessa escola... mas eu não consigo parar de pensar nele. Penso nele quando vou dormir. No meio das aulas. Enquanto estou tentando estudar. Quando acordo e quando tomo banho e quando estou conversando com alguém. Semana passada eu perdi uma partida de xadrez para Evans, pela primeira vez na minha vida, porque estava pensando nele. "
Lily riu, tomando um gole de hidromel. Ela já previa que, uma hora ou outra, algo daquilo tipo aconteceria. Sirius não era muito bom em guardar segredos – principalmente quando estava bêbado.
"Eu amo os olhos dele. Parece que foram desenhados por alguém tão perfeccionista que não se deu por satisfeito até chegar naquele tom que parece uma mistura de chocolate com mel. E amo o cabelo dele também. É macio como algodão doce apesar dele não fazer nada para isso. Eu sempre finjo que caíram folhas ali depois que passamos pela floresta porque gosto muito de sentir o cabelo dele. E é claro que gosto de fazer cafuné nele até ele pegar no sono, mas há uma diferença enorme entre o que posso fazer quando estamos em público e quando estamos deitados juntos na cama dele. "
A esse ponto, a comunal inteira estava completamente silenciosa. Os alunos olhavam uns para os outros, cochichavam baixinho, perguntando uns aos outros quais suas hipóteses sobre quem poderia ser a grande paixão de Sirius Black. Grande parte deles já sabia – era um tanto óbvio.
"Eu amo o sorriso dele. Os lábios dele. Nunca consigo entender o que ele fala porque estou sempre prestando atenção nos lábios dele, e não nas palavras. Amo a voz dele. As músicas que ele gosta. O jeito que ele estuda e a expressão que faz quando está furioso. Chega a ser irônico o modo como ele vê a si mesmo como ameaçador, porque eu juro por Merlin, não há ninguém no mundo mais bondoso do que ele. Ele pode falar palavrões o tempo inteiro, mas não faria mal a uma mosca. Nunca magoaria alguém. Não como eu magoei ele. "
Sirius fez uma pausa. Limpou uma lágrima solitária caindo por seu rosto e bebeu mais um gole de firewhisky antes de continuar, com a voz um tanto chorosa.
"Então, eu acho que era isso. Queria te dizer que te amo. Queria que soubesse que seus lábios e seus olhos e sua voz estão nos meus pensamentos o dia inteiro, todos os dias. Queria que soubesse que eu vou te amar para sempre, e que entendo completamente se você nunca me perdoar pelo que fiz. Foi mesmo imperdoável. Facilitar o acontecimento da coisa que você mais se esforçou para impedir. E quase te forçar a carregar aquele peso pelo resto da sua vida. Eu fui horrível, e estraguei tudo que achei que tivesse entre nós, porque é isso que eu faço de melhor. Mas te amo muito, e espero que me deixe dormir na sua cama hoje, porque sinto tanta saudade da sua cama. Quer dizer, mais de você. Os colchões são iguais, então, se entende o que quero dizer... Enfim. Eu te amo, Remus Lupin, mas não vou dizer quem eu sou. Quem você é. Isso. Isso aí. "
Sirius terminou seu discurso com a voz arrastada, virou todo o resto da garrafa de firewhisky que estava bebendo e desceu da mesa onde tinha subido.
Estava bastante alterado, e por isso mesmo não viu Remus se aproximar até que eles estavam frente a frente. O loiro o segurou pela mão e o puxou, subindo as escadas até o dormitório.
"Eu deveria te dar um banho..." – ele resmungou.
Sirius abriu um de seus sorrisos de flerte.
"Bom, eu adoraria. "
Remus sorriu, segurando o rosto de Sirius com as duas mãos.
"Seu idiota. O que eu ia dizer era que deveria te dar um banho agora, mas quero te beijar. "
Sirius suspirou, e então se aproximou. Sentiu a respiração de Remus em sua pele, seus narizes encostando, olhou em seus olhos. Estavam tão perto que ele conseguia ver cada pequena sarda na pele de Remus, seus cílios longos e finos, cada nuance na cor do seu olho. Ele pensou que era injusto com o resto da humanidade toda a beleza que Moony recebera. Ninguém nunca seria páreo para ele. E então Sirius o beijou.
Ele achou que iria desmaiar, ou desabar, ou os dois. Quando sentiu os lábios de Remus nos seus, suas mãos quentes e firmes por sua cintura e seu cabelo, seu corpo tão próximo ao seu, pensou que estava vivendo o que desejou por meses, anos.
E ele provavelmente estava muito bêbado para se lembrar daquilo no dia seguinte, mas no momento não importava. Nada importava quando ele estava com Moony.
Quando eles se deitaram para dormir, meia hora depois (não foi uma tarefa fácil convencer Sirius a tomar banho), estavam enrolados às cobertas e ao corpo um do outro, tentando controlar os sorrisos que se abriam naturalmente a todo segundo. Porque estar apaixonado e ser correspondido era tudo que eles podiam pedir – o menino que nunca foi amado pela família e o que pensou em desistir vezes demais para alguém tão novo. Era tudo que os faria felizes. Tudo que eles precisavam.
"Moony" – Sirius sussurrou, tão baixo que Remus nunca teria ouvido se eles não estivessem tão próximos.
"O que foi? "
"Quando eu acordar, amanhã... pode me lembrar de que tudo isso foi real? E não um sonho ou uma alucinação por causa da bebida? "
Remus sorriu. Beijou sua testa, seu nariz, e depois seus lábios. O beijou como se fosse a coisa mais frágil do mundo, como se fosse uma miragem: se a tocasse, iria sumir.
"Claro, Pads. Posso fazer qualquer coisa por você. "