06 | meu coração sente

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ㅡ Você conseguiu? ㅡ Ele me preensou no dia seguinte, soprando a fumaça do cigarro em minha direção enquanto no "recreio". Presos tinham o benefício de tomar um banho de sol por 2hrs diárias, alguns aproveitavam para encontrar ou fazer amigos de outras celas, ou se concentrarem em atividades esportivas, tipo basquete ou futebol. Fui emboscado por ele antes de seguir Hyungwon em sua maratona de distribuição de bençãos.

ㅡ Eu fiz. Mas não entendi... ㅡ Respondi depois de um longo suspiro.

ㅡ Você não precisa entender. Apenas fique do meu lado e não será machucado. ㅡ Bateu no filtro do cigarro para livrá-lo das cinzas. Estavamos sentados numa espécie de calçada dura de concreto, perto do tal muro limite, e assistindo o jogo. Queria tanto ter um poder mágico para escalar aquela parede...

ㅡ ... Hmn... Você está com tanto medo que eu me alie a facção rival assim? Você está vendo seu poderio se afundar aos poucos, não se garante, não? ㅡ Levantei minha sobrancelha um pouco provocativo. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e então suspirou.

ㅡ Você me obriga a ser honesto. Quero que fique comigo por que me preocupo com você. Eles querem um grupo grande porque, alguns podem servir de escudo humano, pagamento de dívidas e outras coisas. Você não sabe o quão cruel podem ser. Eu não faria nada disso com você. E não quero que ninguém faça.

ㅡ Tsc. Você também é um líder de facção, por que eu deveria confiar?

ㅡ Eu realmente estou sendo verdadeiro... Você pode perguntar para qualquer um, eu não costumo simpatizar com gente nova. Mas quando te vi pela primeira vez... ㅡ Ele sorriu bobo para o chão. ㅡ Você não deveria estar aqui. Não quero que sofra por coisas que não te cabem. ㅡ Meu coração começou a correr maratonas. O sol que batia em sua pele toneada o fez brilhar ainda mais, assim que a chama do cigarro acabou e encostou-se na parede com os olhos fechados.

ㅡ Ou está tentando me ganhar como se fosse um prêmio? Não sou sua propriedade. ㅡ Falei ainda irritado com os fatos, ouvi mais uma risada baixa e arrastada.

ㅡ O que de certa forma, é uma pena. Mas se fosse, eu lutaria por você com todas as minhas forças. Nunca iriam te tirar de perto de mim, nunca. ㅡ Suspirou fundo, minhas bochechas coraram. ㅡ Infelizmente, não tenho tempo de conquistar o território do seu coração ainda. Tenho que acabar com alguns inimigos primeiro.

ㅡ Você não me conhece. ㅡ Ele abriu os olhos suspicioso e então se enclinou em minha direção, pude sentir o gosto da nicotina através da sua respiração.

ㅡ Eu conheço. Você tem 26. 1,77m, nascido em Daegu... Estudava Economia e trabalhava num escritório mais ou menos... ㅡ Como ele sabia de tudo isso? Meus olhos se arregalaram. ㅡ Entrou aqui acusado de roubo mas sem nenhuma oportunidade de defesa, o que me leva a crer que... É inocente. ㅡ Tocou a ponta do meu nariz e sorriu mais uma vez.

ㅡ Como sabe... ㅡ Encolhei meus ombros, era surreal saber que alguém tinha um olho em mim o tempo todo. Naquele momento já não sabia mais se eu temia a polícia ou os líderes e suas facções.

ㅡ Aquela área é minha. Eu ficaria sabendo se tivesse acontecido alguma coisa, se tivesse algum metido a assaltante. Mas desde que fui preso, lá fora, aqui dentro... Tudo está bagunçado. Estão tentando fazer uma rebelião aqui, os SVT podem se aproveitar disso e tomar o presídio. Parece que não posso confiar nem mesmo na minha própria equipe. Eles sabem nossas franquezas, estou tão medroso... De que mais algum se volte contra mim... Mas sei que Shownu apenas sofreu de um surto psicótico. Às vezes, morremos de loucura. ㅡ Fiquei o encarando, sem me atrever a interromper ou fazer inferências. ㅡ . . . Desculpa? Acabei desabafando.

ㅡ Tudo bem, sou do Pavilhão da Oração, vivo escutando balela. ㅡ Ele gargalhou e então aquele nome voltou a minha memória. ㅡ . . . Shownu? Ele me disse que sofreu um "castigo".

ㅡ Ah. Castigo é a solitária. Foi transferido para cá depois de diversas tentativas de rebelião mal combinadas. Não é porque ele não obedeça... É porque é angustiante ficar aqui dentro. Você deve sentir isso também. ㅡ E como sentia...

ㅡ Tiroteio, Changkyun. ㅡ Wonho chegou perto de nós coçando o nariz. Os pelos do meu braço se arrepiaram apenas ao ouvir, finalmente, seu nome pela primeira vez. ㅡ Ninguém morreu ou foi baleado, mas os 'lek prometeram rebater o ataque. Passaram a visão lá pros parça, pra ficarem atentos.

ㅡ ... Bom. ㅡ Respondeu simplista. ㅡ Changkyun, Changkyun, quantas vezes já disse pra não me chamar desse nome?

ㅡ Desculpa, I.M. ㅡ Acabei rindo, porque Wonho era engraçado. Seu corpo másculo não condizia com a cara de anjo, e andava como se sempre estivesse com uma arma na cintura. Espera. ㅡ Os cara 'tão tentando invadir nossa sede, mano!

ㅡ Eu já sabia, mas 'tô mais esperto que eles. Seungcheol deve estar querendo minha cabeça. ㅡ Ele esfregou as mãos e por um instante, me bateu um certo pânico -- de ver Changkyun nas mãos de um inimigo que eu sequer sabia a cara. ㅡ Hey. ㅡ Chamou atenção de novo e olhou pra mim. ㅡ Tem como tu arrumar um advogado?

ㅡ Chefia? Você está... Está falando sério? ㅡ Wonho riu pra ele achando que tinha começado a perder os parafusos, e assim eu também achava.

ㅡ Não pra mim, palhaço, pra ele. Um que possa fazer a defesa. Vê se encontra alguém relacionado também pra vir fazer uma visita. Se disser não, obriga a dizer sim.

ㅡ N-Não precisa. É muita gentileza. ㅡ Mexi com minhas mãos, afinal de contas, qual advogado ficaria do lado de bandidos, líderes de gangues, envolvidos com tráfico e afins? A influência do Comando MX sobre mim e os outros começava a assustar. Ele apenas ignorou minha rejeição e levantou-se do banco, abraçando o corpo de Wonho de lado.

ㅡ Bom, tenho que trabalhar. Fica esperto, Jooheon. Qualquer coisa... É só gritar.

RODEO | MONSTA XOnde histórias criam vida. Descubra agora